domingo, julho 10, 2005

ESPIRAL

Ele nunca disse que a amava.
Mas de uma forma inconsciente ela sempre soube disso.
Ao caminhar pelas verdes colinas, ao sentir o vento batendo no rosto, na gelitude da estação sempre o soube.
Ele sempre esteve ao lado dela,segurando sua mão, dizendo: prossiga.
E é esse enleio que lhe dá a certeza de que ele está sempre perto, ainda que a distância física exista.
Para os pensamentos, sentimentos, nada disso é relevante. Para esses só ondas e magnetismo, congruência de afinidades e belos sonhos.
Muitas vezes ela quer colo, sim. Feito criança, não como mulher.
Muitas vezes os sentimentos estão aquém da idade, assim como, o turbilhão que se avoluma em seu peito.
Nunca soube lidar com os avassaladores, esses sentimentos inesperados que tangenciam sua alma.
Como num eterno espiral, a tentar domar o ímpeto, o que pulsa e vibra na alma.
Estar em sua companhia, ainda que embalada e ninada por letras, metáforas, a deixa forte, ciente de que lá na frente um oceano, à beira mar, a perscruta, perscruta ele também, e os fazem invencíveis, imortais.