As mãos rodopiam,
serpentinas,
suaves,
sincopadas,
flutuam no ar.
Pássaro a abrir as asas,
voo solo nas labaredas
do ser.
De repente, a mão que toca
a viola,
a troca por um ritmo
familiar. A Espanha viva
na alma cigana.
E o poder e o frenesi dominam
o flamenco, num corpo inteiro,
lava espalhada,
volúpia, crepita carmim.
Pés poderosos
sapateado, um só compasso,
duende. Puro frisson.
A minha alma seresteira,
errante, namorada,
bailarina,
dança também!
Foto: Analu Menezes