SINAPSES
Percorreu o deserto, entre dunas, lagoas e cactos teimosos.
Ondulações de areia, tal cobra desenhando labirinto.
A natureza é exuberante e provoca vontades na água termal.
Volta a atenção para aonde está e para de pensar na manhã.
Larga a taça ao lado da pia e lembra-se que ele ainda espera por ela.
Está do lado de fora na expectativa de um sinal, código, gesto.
Solta uma risada e sorri. Zomba de si mesma e desdenha o que quer que provoque nele.
Suspira, pega o copo, outro gole desce pela língua, faz cócegas na garganta
e aquece entranhas.
Sabe que dessa tomada não terá perfil que componha uma nova cena.
É como a plácida e distante perspectiva, sem claquete e clichês.
Passa gloss, o brilho acentua os lábios carnudos, manda um beijo para a própria imagem.
Arruma a blusa, um dos seios teima em fugir por um dos lados do decote.
A camuflagem é agradável, o hálito ébrio, mexe nos cabelos longos e repicados.
Fecha a porta e sai do banheiro.