segunda-feira, abril 14, 2003

CORREIO

A labareda tocou e chamuscou a pele dele, crepitando o passado, queimando o ontem. Salamandras multicores estalam em seu íntimo, esquentando, incinerando o que não vai bem.
Talvez não saiba se uma presa, um novo domínio, ou a proliferação da própria espécie seja capaz de arrebatar seu interesse. Perdido dele mesmo, numa grande savana, árida. Talvez o sol em excesso tenha detonado o resto de brisa que poderia soprar, impedindo a calmaria e o necessário refresco à sobrevivência.
Entretanto, Brígida despertou o que possui de melhor. A Deusa sempre faz das suas.
Escreveu pra menina na lua. Disse da ausência e ao mesmo tempo trouxe à tona alguém do passado, alguém que vive e pulsa, ainda que de uma maneira mais domesticada agora.
Na ampulheta a areia desce lentamente pelo pequeno orifício, apontando a velocidade de tempo e espaço. E, sinaliza para a urgência do agora, independente de credos, armaduras, batalhas e cenários. Somos personagens da grande engrenagem, num palco imensurável, num planeta distante, nem Kripton e nem kriptonita. Nem super heróis.
Somos heróis, sem o super, às vezes com muitos poderes e nem nos damos conta disso.
O existir já cria tantos episódios e balões de quadrinhos, que o título, a outra publicação fica a cargo daquilo que vamos dia a dia desenhando por aqui...