quarta-feira, maio 07, 2003

DOS SÍMBOLOS



As máscaras surgiram ruidosas, o fog de canais e ruelas, o que está atrás do relevo de gesso. Facetas veladas que se mostram independente de máscaras.
Diante de entrecortado diálogo, a figura de Medusa salta poderosa.

Pausa para signos, símbolos, mitos: Tirésias e Hera.
Libra e a cópula divina entre duas serpentes: um macho e uma fêmea.
O universo que se homologa com a dualidade A capacidade perceptiva acerca dele.
Retorno a Perseu. O grande sol no horizonte, o que corta a cabeça da górgona e produz ali o renascimento a partir das profundezas.
Pégaso, o cavalo alado vem novamente à baila, à baia estelar, fruto do feito heróico.
Apolo surge para dizer que sem ele Dioniso não existiria.
Figuras que já habitaram essas linhas, essas paragens.

Medusa não. É a primeira vez que a mulher de cabelos de serpentes aparece aqui.
Não se aproxime ou vira uma estátua de sal. Antes de monstruosa, uma ninfa.
O que encobre dentro do grotesco a beleza que no pavor transborda?
O que está circunscrito ao jogo que nem mesmo sei do que se trata?
Quantas imagens ainda na mente que dão caldo na razão?
Como figuras tão díspares compactuam os mesmos espaços?
Revigoro-me ao encontrar ressonância na Insustentável Leveza do Ser, em Henry and June e no olho arrancado em Gangues de Nova York.