terça-feira, maio 20, 2003
Os lençóis queimam sob sua pele
O gozo perverso da espera
Você não entende, apenas quer.
O escuro do quarto se enche de minha presença
O bater de asas. O estalar do desejo obscuro
O arrebatamento em meus braços. O amante que você não vê
Sente-se apenas carregada aos céus. Ou seria um sonho?
Sonho molhado pelo transbordar da taça da volúpia.
Suspensa no ar, um balé de sentidos, os olhos fechados
Fechados pelo medo.
Medo de ver meu rosto e quebrar o encanto
Não sabendo se quem te possui é um anjo ou um homem.
Olhos fechados no êxtase da entrega. O penetrar da carne. O rasgar da alma.
O gozo personificado num grito que estremece os pilares do céu
E você se queda, lânguida em meus braços
Sente que se esvai lentamente como as nuvens em um céu de fim de primavera
Não sabe se está novamente em seu leito ou se singra o céu ancorada em meu peito
O bater de asas. O desejo satisfeito.
O ciciar do vento nos ouvidos traz minha voz :
- Eu sou teu deus.
DAA