No bate-papo do Skype ele perguntou:
E as novidades?
E eu respondi: novidades? Não tenho novidades.
Me lembrou uma moça que sempre ligava e fazia essa mesma pergunta.
E eu me questiono se a vida dessas pessoas é cheia de novidades.
Será que eles vivem numa roda-viva de novidades?
E disse a ele que minha vida é normal:
Compro comida pra cachorro; vou ao mercado; vou ao sapateiro pôr sola nova, peço a ele para trocar a fivela de um outro; compro pneus novos para o carro porque um deles furou e pela primeira vez passei pela experiência de dirigir um carro com pneu furado - os pneus novos, todos Pirelli, lindões; levo para trocar os antigos, faz balanceamento, faz alinhamento.
Pego o carro, uma beleza todo estabilizado e rodando lindamente com os novos pneus.
Vou para o dentista, conserto um dente.
Dou uma volta no shopping.
Vejo mala de bijouterias ou que possam vir a ser. Gosto de uma de onça.
Como um quibe com coca zero.
Viro num outro corredor, passo na nova loja de uma amiga, roupas de criança da Malwee, Marisol, Disney, marcas excelentes. Compro uma calça de moletom flanelado, um vestido de festa com bolerinho, um outro da gatinha Marie.
Volto pra casa.
Falei que as novidades são as letras que escrevo, as histórias que crio, porque a minha vida é normal como a de qualquer um. Talvez a dele seja cheia de novidades, com mulheres querendo se casar, dando ultimatos como me contou.