No seu corpo molhado -
Banhado em suor,
impregnado do cheiro de amor,
do que bagunçou a cama,
marcou a parede,
incendiou a pia,
foi apoio na beira do sofá,
sentiu o peso dos corpos no tapete -
A água lava e perfuma de sabão.
Esse frenesi sem palavras,
desde a hora que nos encontramos
e nossos olhos se cruzaram.
Desde o instante em que tocou
de leve minha pele e roçou sua boca em meus
cabelos...
Naquele segundo sabíamos o que aconteceria.
Algumas horas depois, sem verbo,
somente a respiração ditava o compasso do coração,
aceleradamente,
uma falta de ar súbita,
boca seca, a sua e a minha,
boca que quer boca.
Os feromônios animados,
os que se encontram e se reconhecem
numa dupla que não diz, só sente e inala o odor,
cheiro ancestral,
animal, que nos envolve,
seduz e dilacera as entranhas.
Assim, no atrito,
o contato é cio,
é vida, cheiro.
Os líquidos,
as secreções,
as sensações,
os estalos e ais,
milhares de suspiros e ais.
Os meus, os teus,
os nossos sons unidos,
nossos seres penetrados,
fundidos, fodidos,
fincados, grudados,
um no outro.
Um só corpo,
em gozo, delícia
e prazer.
Texto: Analu Menezes
Foto: google imagens
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