Vestiu uma roupa habitual,
o short e a camiseta básica,
penteou os cabelos, calçou os chinelos.
Pegou a chave, o celular que estava em cima da mesa e já ia abrindo a porta quando lembrou:
o fiel escudeiro, um livro que estava sobre a cama.
Apanhou-o e desceu o elevador.
O tempo não estava bom, levemente
nublado, o mar de ressaca e as palmeiras
ao vento.
Caminhou um pouco pelo calçadão,
deixou que a maresia penetrasse as narinas
e ao mesmo tempo tocasse seus cabelos
e corpo.
Pensou na vida. No que mais ansiava agora.
Releu o passado próximo, não quis lembrar o
motivo de ausência.
Caminhou mais um pouco. O vento aquietou-se.
Sentou num banco, de costas para a mureta e o mar, pegou o livro e abriu na página marcada.
Naquele instante, a vida ganhava outra dinâmica, outros personagens, uma paisagem diferente, transportando-a a outro lugar...bem longe dali.
Absorta, não viu o moço de máquina na mão.
O que imortalizou o instante.
Texto: Analu Menezes
Foto: Marcos Mojica