INSTANTÂNEOS
Por entre centenas de quadradinhos espia a tela azul sobre a ponte marítima.
O Sol lambe o mar e deixa um rastro brilhante na superfície.
Um cais, um porto, um enorme navio, pequenas embarcações.
O calor se esvai sugado por um vento que sopra à beira-mar,
revolvendo fios de cabelos, saias e vestidos de amplo tecido.
Alguém aparece e quebra a monotonia local.
Usa blusa com decote, a pele é dourada e a capri estampada.
Uma sandália branca nos pés morenos, as unhas sem esmalte.
Caminha, ginga, malemolência que desafia os apressados.
Todos os olhos voltam-se para ela, mas não percebe as setas em sua direção.
Ternos para quem os precisa, clássico para o que é ditado.
Um francês loiro cumprimenta a moça hippie, despede-se ao sair, elegante.
Ela sorri para o espelho do cubículo, gostaria de estar sempre ali.
Olhou o relógio por entre a pulseira de três luas e o elástico de cabelo,
a hora se faz, é preciso voltar para casa.