domingo, novembro 18, 2007



O escorpião, movendo-se na poeira cósmica de uma massa escura e luminosa, oculta seu interior vulcânico de paixões. Embora, na forja abissal de suas entranhas revele-se o céu alquímico e transformador de tudo; e de suas metades, o sexo e a morte, nasce a flor nua e púrpura da vida, o desejo. “Acaso a luz cumpre sua promessa em função de alguma vontade mortal?” , exaspera escorpião. Façamos um trato diante do fogo e de suas razões. Queimemos nossas próprias dúvidas para sermos menos dependentes e mais atuantes. E lembremo-nos, escrúpulos demasiados detém o processo criativo e toda a realização se perde no deserto híbrido de gelo e fogo da estagnação.

Carlos Costa

quarta-feira, outubro 24, 2007

"A solidão esta no quadrante do cais.
Dias frios, um vago um vão
Mas logo seremos no ar
A vela solta o navegar
Sonhos, encantamentos
Calor de todos os elementos
Esotéricos ventos lambendo hímen ondas
Nirvana do mundo amarelo.
Teremos o elo inseparável da noite
Mar de diamantes a luz de vela
Estrela de rima mais bela
Um fim da solidão
Que a pele revela"

Marko Andrade

sexta-feira, junho 15, 2007



Quero o tempo de um embaralhar de folhas,
as soltas, as presas, as que vou escrevendo lentamente.
Não tenho pressa, só sensação de vento e vida.

domingo, maio 20, 2007



Morgana dorme em seu leito volátil enquanto as estrelas rodopiam na substância etérea, disciplinando sua alma no amor incondicional e no fogo sacrifical de amar o amor. A sensibilidade de mulher vaga entre o domínio de ser e a impossibilidade do mundo. A magia que irradia do seu desejo quebra o ciclo de erros e opera no abismo dos sentimentos opostos uma dádiva: a segunda pele. A serpente que dormia acorda em seus seios ávidos do sagrado, o cosmo se contorce. O sofrimento é apenas uma ilusão que funciona como remédio e intermediação, mas é lastro caro. Cresça feiticeira em sua moral, ponha à ferros suas dúvidas e seus desamparos, avança teu sonho. A lua não mingua por teus olhos negros na escuridão, mas pelos ciclos das rosas cinzas que serão tingidas do ouro espiritual. O pentagrama brilha prateado sobre teu sexo num frêmito entre o futuro e o passado, varrendo da face escarlate as impressões primeiras, os abusos e as inconsistências da fome em teus lábios.(Carlos Costa)

segunda-feira, abril 16, 2007


Um instante de cores em profusão,
transbordando efeito ventania.
Uma parada mais que necessária, quando o tempo se torna senhor.

sábado, março 03, 2007



Sol e girassol, na parede, aqui e lá fora.
Amarelo a clarear a tela, o sentido da vida.
Azul pincelando a atmosfera, verde que te quero ao redor.
Vento que se esparge, que toma o ar, traz cheiro e preguiça.
Vontade de rede e pés descalços.
Mar que arrebenta na praia, balança o sal, espalha energia.
Pulsações que não calam, histórias a serem reescritas.
Traumas que acompanham seres, livros e novelas reais.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O AMOR NÃO TIRA FÉRIAS...

O amor pode estar nos pequenos detalhes.
Acho que o meu ideal romântico está sempre neles e na gentileza.
De uma maneira muito peculiar ele se estabelece e vicia.
Não como uma droga necessária à sobrevivência,
mas como enlevo para que meus sonhos coloridos
jorrem sem medo e expectativas.
Longe da paixão avassaladora que cega, ele é maior, muito maior.
Deixo que a felicidade chegue, permito que a falta de razão
crie raízes e a emoção extrapole a análise.
Sei que os detalhes envolvem o sorriso, os olhos azuis magnéticos, o jeito que a mão desliza,e a maneira como acarinha e se deixa fincar.
Estar assim é largar borboletas amarelas e abrir a janela diante do sol,
é dar brilho ao redor, em ondas eletrizantes e imantadas.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

EROS E THANATOS



O amor e a morte.
Eros e Thanatos.
Os extremos.
Conta a lenda que Eros adormeceu numa caverna, embriagado pelos auspícios de Hipno, o irmão de Thanatos.
Ao sonhar e relaxar, suas flechas se espalharam pela caverna, misturando-se às flechas da morte.
Ao acordar, Eros sabia quantas flechas possuía. Reunia-as, mas sem querer levou algumas pertencentes a Thanatos.
Assim, os velhos se sentem embrigados pelo amor, flechados por Eros, enquanto muitos jovens sentem a morte no coração.
Muitas vezes, o amor quando finda deixa uma sensação tal de vazio e solidão, que deve ser muito próximo daquilo que acreditamos ser a morte.
Enquanto outras vezes é preciso que a morte se estabeleça para que o amor nasça.
A passionalidade cerca os seres, todos. Não há quem nunca pensou em extremos diante de uma ameaça.
Por isso mesmo, há de morrer para que renasça o amor.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

JANEIRO

As imagens que ele cria despertam em mim antigas sensações. Tempo em que a magia vivia em cada artéria do corpo e transportava minha visão para um espaço distante do que meus olhos figuravam. Hoje pela manhã, ao ler o recado que deixou na minha página do Orkut, retornei a esse momento especial. Ainda que o ano comece, lembranças especiais perduram no que a vivência estabeleceu. Sendo assim, trago para cá essas reminiscências a vocês:

Os lobos se moviam solenes sob o céu estrelado, nós os atraíamos pelo puro prazer do domínio. O tempo se tornou uma vontade pulsante e a lua tramava a cada hora contra a escuridão, ainda que impossível a qualquer das suas faces. O silêncio derramava sobre o lago gelado a virtude do mistério. Então um rosto de fogo marcou-me a severidade de um juramento numa dessas noites em que as sombras são as principais testemunhas. Não me recordo de tudo, estávamos reunidos como jovens bruxos e bruxas, despertos do sono do mundo. Itangra era alta e nobre aos meus olhos, lembrava-me as ventanias do outono. Andava com uma elegância selvagem e uma displicência superior. Soube naquele momento que ela possuía uma beleza que interferia na materialidade do mundo e um poder que não se explica por palavras. (O 3º Pêndulo - Carlos Costa)