segunda-feira, março 28, 2005

AZUL

Por entre pedregulhos, pedrinhas e cactus,
numa trilha aberta na marra, ao longe mar azul.
Um barco, caipirinha, coca-cola, gruta de Nossa Senhora,
Caverna Azul.
Um peixe enorme salta da água, o sal impregna o ar,
no sol que deixou a desejar, o mormaço aquecia.
Numa ilha de areia fina e branca, a menina e a moça,
cataram conchas. Várias, furadinhas.
Um pedaço de estrela do mar, pata de vaca, caramujo.
De repente o céu se abriu, do cinza pálido, um colar azul
tingiu o horizonte, despejando cor na ausência sentida.

quinta-feira, março 10, 2005

PROJETO PURUSHAN - O CASAMENTO DO CÉU COM A TERRA

"O homem é céu, o homem é terra, o homem é tudo o que há no universo" - esta frase de Paracelso, tão antiga, constitui a base do paradigma holográfico: somos, cada um de nós, partes de um todo maior. Pequenos deuses em potencial, mas esquecidos disso.

Comecemos pela matéria que nos compõe, esta mesma matéria que um dia fez parte do núcleo de uma estrela. Ela, a matéria, é expressão da alma, e não algo "à parte" dela. Corpo e alma perfazem um todo integrado indissociável - poderíamos dizer que o corpo é a parte mais densa da alma ou, também, que a alma é a parte mais sutil do corpo. Não há separatividade, exceto pela percepção ilusória da mente.

Impossível idealizar um projeto de desenvolvimento humano que não considerasse esta totalidade integral. Deste modo, o Projeto Purushan realiza um casamento do oriente com o ocidente: as milenares práticas yogues, com suas técnicas específicas, por um lado. E, do outro, a astrologia ocidental e seu notável poder de realizar diagnósticos precisos dos talentos que podem ser desenvolvidos em cada um e dos bloqueios que devem ser observados, conscientizados, vencidos.

Se por um lado a astrologia pura e simplesmente se revela um excelente instrumento de diagnóstico, por outro é inevitável considerar que apenas a teoria não basta. É preciso fazer alguma coisa com as informações que a carta astrológica pode nos fornecer

Para quem quiser saber mais desse projeto é só dar um click em:
http://www.purushan.blogspot.com/

sábado, março 05, 2005

O SIGNO DO BATMAN



"Se você pensou em Escorpião, guarde segredo. É isso mesmo.

Batman tem qualidades que associamos a Escorpião. Absurda perspicácia, poder de concentração, hábitos noturnos, tormentos, são algumas de suas características mais fortes. Batman já foi considerado o maior detetive do mundo. Morcego tem hábitos noturnos. E todo mundo sabe que Escorpião vive no submundo do mundo cultuando sua obsessão pela morte. Lembre-se que, nas melhores histórias, Bruce/Batman sempre tem pesadelos com a morte dos pais. Aliás, o lugar onde o casal Wayne morreu, conhecido como Beco do Crime, dizem os bêbados, é habitado por fantasmas de órfãos mirins, criminosos e muita raiva descontrolada. Os batmaníacos juram que, no aniversário de morte dos pais de Bruce, Batman faz plantão nesse beco, espancando e capturando criminosos.

Em outras palavras: Batman, assim como Escorpião, é um signo da noite, que vive no submundo, guardando um segredo. Neste caso, sua identidade e seu passado. Com um faro infalível, como o de um detetive de romance policial noir, Batman enxerga no escuro e o que acontece nas entrelinhas. É conhecida a capacidade de percepção do escorpiano para o que é tramado por baixo do pano. Aliás, é por isso que o associam à manipulação e à paranóia. A boca do povo diz que Escorpião é vingativo, muito por lidar em linha direta com a raiva que mata ou envenena, principalmente a si mesmo.

Se Escorpião tem tendência à paranóia, nem precisa dizer que a desconfiança é uma marca deste signo. E diga aí: Batman confia em alguém? Somente no Batmóvel e no virginiano Alfred, o mordomo que prepara sua comida e cobre sua retaguarda na Batcaverna quando o Homem-Morcego sai à caça.

Morte e renascimento até o juízo final

O renascimento também é uma marca de Escorpião. E é o que ocorre em vários enredos das histórias de Batman, que o conduzem até o fundo do poço, para depois fazê-lo renascer das cinzas. Nada mais Escorpião. Aliás, o escorpiano tem vocação para escavar histórias perdidas, carregadas de veneno letal.

Escorpião lida sempre com sentimentos e situações-limite. Ou, se você preferir, com aquilo que se chama crise. O lado destrutivo da vida. Signo que passa a vida toda lutando, tentando fazer do veneno que empedra seu coração algo construtivo. Em linguagem astrológica, partindo do instinto destrutivo de Escorpião para a busca de estabilidade representada pelo seu signo oposto, Touro.

Batman é assim: vive com o que há de mais negro e louco em Gotham City. Volta e meia ele leva o ariano Coringa, ou o Gêmeos-Libra Duas-Caras, ou o gelado aquariano Homem-Gelo para o Asilo Arkham, o hospital psiquiátrico de Gotham. Apesar da genuína compaixão, o Cavaleiro das Trevas, no íntimo, não acredita muito na recuperação de seus inimigos. Como ele se conhece e é um Escorpião convicto, sabe que a destrutividade pulsa dentro de cada ser. O taurino Freud, com Ascendente Escorpião, desenvolveu o conceito de pulsão de morte, criado pela psiquiatra russa Sabina Spielrein [4], para essa realidade.

Outra característica hiper hiper escorpiana é a possibilidade de concentração nas horas mais difíceis. Escorpião concentra toda sua alma quando se sente encurralado. Como Batman se sente sempre nessa situação, acaba sendo silencioso como a morte, preferindo antes observar do que falar.

Se você ainda tem dúvidas quanto à ênfase no signo de Escorpião, veja só as primeiras palavras de Batman em Batman vs. Aliens, de Ron Marz e Bernie Wrightson, lançado em 98 no Brasil pela Mythos Editora:

- As noites de minha vida são gastas lutando com psicóticos. Criminosos, cujas mentes são tão deformadas quanto suas experiências externas... Eu acreditava ter visto a face do horror. Hoje eu descobri que não. (...) Os eventos se repetem em minha mente... Todos eles. O início...

Ou, em Um Conto de Batman: Gangues, de Steven Grant e Shawn McManus, lançado pela editora Abril Jovem, em ano impreciso:

-Gotham à noite fervilha com violência. Eu sinto a infecção se espalhar, dos becos mais imundos do centro até o mais tranqüilo quarto nos bairros elegantes. Ela é transmitida pelo orgulho, pela ganância, pelas razões mais insensatas, até irromper como uma chaga purulenta.

Eu quero parar a epidemia, curar minha cidade. Mas também estou infectado. Eu luto contra minha própria violência, contra o ódio que me impulsiona. Eu controlo a fúria, soltando-a quando é preciso e só na dose necessária.

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[4] Quem ler o livro Um Método Muito Perigoso, de Jonh Kerr, Editora Imago, poderá acompanhar os primeiros anos da psicanálise, a relação de Sabina Spielrein com Jung e Freud e o quanto essa relação influenciou as obras dos dois gênios."

O texto é de João Acuio e publicado na íntegra na page da Constelar em http://www.constelar.com.br/revista/edicao81/batman1.php

quinta-feira, março 03, 2005

DAS CORES QUE SÓ EXISTEM LÁ...

Estar na cidade que é sempre maravilhosa traz só coisas boas.
O fim da tarde lilás, a orla ainda brilhante de azul, um mar escuro anil.
Camarão, queijo na brasa, picolé, água de coco, biscoito globo.
Ondas calmas, como piscina, boiar, adentrar sobre braçadas o ninho de Iemanjá.
Cobertura na Atlântica, pedestres ao longe, banhistas em conformidade com o sol.
Rever velhos amigos, estar com uma criança que é sobrinho quase-gringo, fala inglês e entende português, fizeram dos dias algo especial.
Comemorar oitenta anos de uma avó postiça, numa festa regada a champanhe e whisky, trouxeram nova vida à vida que nos chama todo o tempo, o da existência.
O Pão de Açúcar, o velho Giotto na praia de Botafogo, as guloseimas do Chaika, o ar que enche as narinas de sal, o vento embalado por Iansã a trazer breve chuva, no calor escaldante das areias cariocas, vivi esse tempo longe das conexões tecnológicas e dos emails que enchem a caixa postal.
Voltando pra casa, a chuva, o frio e o cinza pincelam a cidade de Pedro.