sábado, maio 31, 2003

MILAGREIRO

Fomos assistir ao show Milagreiro, no Teatro do Quitandinha. O ultimo que vi dele ja se vao alguns anos,
mas a paixao que esse homem canta é algo que me fascina e me arrebata. As letras, principalmente.
E num refrao da musica "Cair em Si", ele repetiu:

"Morrer de amor nao é o fim,
mas me acaba.
Morrer de amor nao é o fim,
mas me acaba".

Isso ficou ressoando na mente, queria uma caneta naquela hora e fiquei doida porque nao sabia qual o nome da musica.
Coisas que batem e tocam, inesperadamente. Mas, nao foi tristeza, nao. Chegou uma sensaçao boa de libertaçao.
Nao consegui parar de cantar e dançar um so minuto. As velhas e boas cançoes que todo mundo repete e brada,
uma energia forte e contagiante tomou toda a galera. Foi lindo. Demais. Djavaniamos.
Paixao é pouco.


quinta-feira, maio 29, 2003



Firmamos um trato e eu vou cumpri-lo.
Ainda que eu nao consiga ser tao constante como gostaria,
Tendo em vista essa via urbana e a selva que me alimenta e
sustém as futilidades mundanas.
Escrever cartas, ainda que elaboradas na tela fria,
branca e atemporal do micro.
Diferente das que produzem calos e exigem mais de dedos e lapis.
Uma sucessao de delirios e promessas em cascatas ortograficas.
Talvez, voem para longe e tragam para perto o que se deseja.
Tal qual as aves que migram e carregam com elas as estaçoes,
Principiam o verao ou a despedida dele.
Criando o constraste do marmore e o calor dos corpos, o toque gélido e a
visao de musculos e pele. A vida recriada.
Frios, aparentemente. Vertidos em paixao para mim.

terça-feira, maio 27, 2003

ESTRELAS

Muitas vezes distante da coerência, sinto e invento.
Historia que converto em estória.
Releio e reintegro, expulso e absorvo.
Em absorta dicotomia entre a vontade de crer e ser.
Na distante aurora onde tudo que se lê sao estrelas.
As pintadas de amarelo no papel azul
As mesmas que seguem por email, às vezes pelo icq.
Me pergunta afinal se amo ou sofro.
Sou embalada pelo All Star de Nando Reis,
O que de forma indireta me faz pensar no mago:
‘Todo homem e toda mulher é uma estrela’.

domingo, maio 25, 2003

A DEVASSIDAO MATA O AMOR

O estranho foi ver naquele encontro fugaz e inesperado,
No apartamento pequeno e simétrico,
O que vertia de seus olhos.
Seria impossivel nao me apaixonar.
Seria pedir demais nao querer estar.
E por mais que a madrugada avisasse,
Meu desejo extravasava poros,
Mesmo que fechasse a porta e partisse.

Saisse e levasse o tanto da paixao que guardei.
Nos papéis amarfanhados e com serrilhas.
Aqueles do caderno em que pus a nossa estoria,
Ainda que ela tenha sido efêmera e instantânea,
Como as grandes paixoes o sao.

O segundo encontro nao vingou.
Você sentenciou: a devassidao mata o amor.
Naquela rua de amendoeiras e lembranças felizes,
O apartamento cerrou suas portas, solitario.
Ali, na Anita Garibaldi, entre o luxo e o lixo de travecos e putas.
No pf da esquina com Nossa Senhora e a Santa Clara.

quinta-feira, maio 22, 2003



Os sonhos infernais retornaram.
Os mesmos que me perseguem há milênios.
Não há divergência entre eternidade e espírito.
Não há tempo e espaço em se tratando de dimensões e planetas.
Minha alma ainda está presa a sua, ainda que o consciente se digladie com o inconsciente.
Obsessivamente imantada, sombra a acompanhar seus passos pelo Cosmos.
E os combates e enfrentamentos acontecem outra vez.
Grito, vomito tudo sufocado.
E você, impassível. Como sempre fez.
Entretanto, sei que palavras ferem tal lanças arremessadas contra sua carne.
Dilacerando e provocando dor.
Sobressalto, terror, sensação de vazio.
Os olhos se abrem, cansaço é o que toma o corpo.
E mais um dia começa...

terça-feira, maio 20, 2003



Os lençóis queimam sob sua pele

O gozo perverso da espera

Você não entende, apenas quer.

O escuro do quarto se enche de minha presença

O bater de asas. O estalar do desejo obscuro

O arrebatamento em meus braços. O amante que você não vê

Sente-se apenas carregada aos céus. Ou seria um sonho?

Sonho molhado pelo transbordar da taça da volúpia.

Suspensa no ar, um balé de sentidos, os olhos fechados

Fechados pelo medo.

Medo de ver meu rosto e quebrar o encanto

Não sabendo se quem te possui é um anjo ou um homem.

Olhos fechados no êxtase da entrega. O penetrar da carne. O rasgar da alma.

O gozo personificado num grito que estremece os pilares do céu

E você se queda, lânguida em meus braços

Sente que se esvai lentamente como as nuvens em um céu de fim de primavera

Não sabe se está novamente em seu leito ou se singra o céu ancorada em meu peito

O bater de asas. O desejo satisfeito.

O ciciar do vento nos ouvidos traz minha voz :

- Eu sou teu deus.

DAA

sábado, maio 17, 2003

DO ECLIPSE

Pode ser que nada faça sentido, se o eclipse atravessa a meia-noite e mostra a nossa pequenez.
O amor pode estar nessas letras tortas, nesse guardanapo improvisado, na caneta bic azul que emprestaram.
Pode estar na ausência de rumo em noites imensas e insanas.
Vontades, ânsia de provar um pouco mais.
O instante pede um sanduba.
Mercedes para quem carece de algo além do ser.
Abraços e súplicas, promessas em cadentes repentinas na escuridão.
O eclipse insiste em comer mais um pedaço de luz.
Da grande roda branca, surge agora uma meia lua, uma alva e tênue linha.
A noite perde Cibele e as constelações faíscam no negrume celeste.
As previsões astrológicas são alarmantes: a pneumonia asiática chegará
Ao Brasil ou um grande surto de gripe vai se abater sobre todos.
A cheia retoma seu lugar, revolve os seres, a madrugada e todas as águas do planeta.

quinta-feira, maio 15, 2003

INCORRIGÍVEL

A saliência, o toque, o relevo que se abstém de figurações comuns.
Tudo é energia a espargir as sensações. A falta de ar continua.
E ainda que a mente diga não, o corpo responde sim.
Ao final pouco importa os conceitos e as crenças.
O meu céu passa a inferno, as labaredas consomem o ar puro.
O oxigênio alimenta a força ígnea de atração.
A mesma que transforma em combustão os sentimentos.
Fusão, concatenam secreções e salivações.
Os olhos dizem a verdade.
E aí não há motivos para não querer estar outra vez.


segunda-feira, maio 12, 2003

A FADA AZUL



Após a tragédia e fatalidade,
A fada azul surgiu para o menino com varinha de condão.
Do onírico cobiçado, um sorriso doce e caloroso.
A perseguição do que aparentemente é impossível, é o que produz o inalcançável palpável.
Do céu estrelado e das cadentes que riscam o luar crescente,
Um menino, Pinóquio, revive um conto infantil, a fábula.
A fada azul tocou a menina e a vida voltou a florescer.

domingo, maio 11, 2003

CANINA

Os dias têm sido corridos e eu não ando dando conta nem de mim.
O social agindo e mostrando o movimento, o que no final é sempre um bem.
Dizendo a mim: a vida está aí para ser vivida, dê uma nova chance a você mesma.
E, dessa forma, vou vivendo um dia de cada vez, feito os viciados durante tratamento.
Das minhas compulsões e obsessões sei o suficiente e sei que não há remédios humanos.
Talvez, um entorpecente literário, uma prosa que traga novos olfatos, e uma poesia que descaracterize o trivial.
Estou canina. Antes cheirando, depois mirando. Pareço um cão farejador diante do primeiro contato. Isso serve para tudo e todos.
Estive vendo novos lançamentos, uma passada rápida nas livrarias. E lá está Rubem Fonseca acenando para mim, na mesma bancada de um livro erótico de mitologia. Serão as próximas aquisições. Falei ao amigo que pode me dar um deles, será bem vindo.
Estou enfronhada em ‘We’, onde leio sobre Tristão e Isolda. O mito a se estender aos nossos dias e a desenrolar um pouco das dúvidas românticas.
Ao lado da cama ainda existem outros empilhados e que aos poucos vou dando conta.
Por agora é só dar um alô e boa noite. Amanhã tem mais.




quarta-feira, maio 07, 2003

DOS SÍMBOLOS



As máscaras surgiram ruidosas, o fog de canais e ruelas, o que está atrás do relevo de gesso. Facetas veladas que se mostram independente de máscaras.
Diante de entrecortado diálogo, a figura de Medusa salta poderosa.

Pausa para signos, símbolos, mitos: Tirésias e Hera.
Libra e a cópula divina entre duas serpentes: um macho e uma fêmea.
O universo que se homologa com a dualidade A capacidade perceptiva acerca dele.
Retorno a Perseu. O grande sol no horizonte, o que corta a cabeça da górgona e produz ali o renascimento a partir das profundezas.
Pégaso, o cavalo alado vem novamente à baila, à baia estelar, fruto do feito heróico.
Apolo surge para dizer que sem ele Dioniso não existiria.
Figuras que já habitaram essas linhas, essas paragens.

Medusa não. É a primeira vez que a mulher de cabelos de serpentes aparece aqui.
Não se aproxime ou vira uma estátua de sal. Antes de monstruosa, uma ninfa.
O que encobre dentro do grotesco a beleza que no pavor transborda?
O que está circunscrito ao jogo que nem mesmo sei do que se trata?
Quantas imagens ainda na mente que dão caldo na razão?
Como figuras tão díspares compactuam os mesmos espaços?
Revigoro-me ao encontrar ressonância na Insustentável Leveza do Ser, em Henry and June e no olho arrancado em Gangues de Nova York.

segunda-feira, maio 05, 2003

MAIO



Adeus a abril e a tudo aquilo que foi sabido.
Avalanche de água fria, dias a revirar fotos e blogs.
Exaustão, leitura, noites de pesadelo.
Notícia, tiro à queima roupa. Melhor assim.
Tempo de curar definitivamente as feridas.
Lamber as chagas e estancar o sangue vivo que ainda escorria.
O destino é caprichoso e acaba sempre mostrando uma nova via,
Quando menos se espera um raio: Maio.


sexta-feira, maio 02, 2003

DO AMOR



"O amor é sempre certo, ele talvez seja o único instante, dado aos homens pelos deuses, para que experimentem
por alguma fração de tempo a sensação da imortalidade".

Márcia Frazão