segunda-feira, setembro 30, 2002

Outubro estala nas horas, falta pouco. Particularmente um mês especial, onde sempre as coisas se renovam, dando espaço para mais trezentos e sessenta e cinco dias.
Ainda estou no inferno, mas chegarei ao paraíso, não tenho dúvida.
Vênus com haldo dourado me espiava enquanto eu passeava agora pela noite, andarilha, cigana. O céu completamene possuído por estrelas, Três Marias, Cruzeiro do Sul. Tirando as regiões litorâneas, Petrópolis é uma das cidades onde o céu é realmente azul, anil, iluminado.
A primavera com cara de verão. Fecho setembro.


domingo, setembro 29, 2002

Não teve Panda, AVG e nem Firewall que conseguissem impedir um vírus de detonar meu micro.
E assim, caros amigos e leitores, estarei aqui na medida que o tempo deixar e meu irmão conseguir ficar sossegado em casa.
Impressionante o que essas porcarias são capazes de fazer, não é?!
E sentem um prazer inenarrável em destruir máquinas, mesmo com pitriquilhões de proteções e barreiras...
Se eu fosse um gênio da informática faria algo mais útil do que ficar mandando vírus pras pessoas...
E haja paciência até isso passar.
Deve ser coisa do inferno astral...céus...
E nada como um dia depois do outro.
Saravá.

sexta-feira, setembro 27, 2002

O VELHO, O MENINO E O ESCRITOR

O maldito instiga. O obscuro é aprisionado pela necessidade de luz.
O sinuoso que aos olhos é mais atraente do que a reta.
A oralidade que suspende e faz vício.
O velho brinca e diz: Freud explica.

O menino, por sua vez, viveu demais. Prostituiu-se. Não da maneira como imagina.
Não, não vendeu o corpo na esquina em troca de comida, drogas ou dinheiro.
Ainda não explicou essa parte em detalhes. Talvez não conte.
Revelou o negrume que têm. O vazio que o apoquenta. E a falta de sentido na existência.
Talvez só a chuva no rosto o traga à vida ou a epinefrina diante do suicídio consciente.
Da mesma forma que sobrepõe véus mostra-se límpido.
Sonha, escreve, idealiza, romanceia, aí sim se sente pleno.

A trajetória é editada em palavras.
Um escritor disse certa vez: nem sempre quem faz das palavras ofício é bom amante.
Não deixa de ser um alerta curioso, mesmo que o interesse não seja o sexo.
E sim, palavras. As que seduzem com a força atávica que insiste na alma.
Quando os ideais acabam sendo mais fortes que qualquer encontro físico.
Justamente porque nem sempre o apelo literário corresponde ao que a razão faz diante um do outro.
Na maioria das vezes é melhor não encontrar.
É preferível deixar que as letras agrupem-se em papéis, cartas, que nunca chegaram.
As que o HD salva. Aquelas que confidenciou e não deixou público. As guardadas no baú. As escritas à meia luz, embaixo de um letreiro neon. As digitadas sob o clarão da lua azul, seguindo seu reflexo noir.

É única a sensação de secreto. O fazer ‘arte’. Liberar cavalos selvagens. Tal criança peralta que apronta e se esconde - espreita atrás da porta para ver o circo pegar fogo.
O velho diria novamente: Freud explica.
Eu a vejo nos estados plutonianos, nos códigos e signos que permeiam os sentidos.
No que está nas profundezas e emerge.
Transmigrando os seres, da vida à morte.





POST DELETADO

Entendo tudo, compreendo até as reinações.
Se do feio faço belo, hei de encontrar lirismo até mesmo na escuridão.
Como Hamlet, da tragédia faço alegoria até mesmo para a poesia.

quarta-feira, setembro 25, 2002

DAS ENSEADAS, CLICKS E OBSESSÕES

Aproveito a madrugada para sair por aí explorando outros espaços, é o horário que me sinto melhor.
Como já dizia o poeta, após transformar o pensamento original: “Viver não é necessário, necessário é criar”.
E, é pensando nele que me aventuro por rotas desconhecidas, sendo comandada pela curiosidade ditada pelo clique do mouse. E nessas jornadas paro nas mais diferentes enseadas, e descubro gente interessante, gente informada, gente que fala a minha língua, gente que fala outro idioma e eu bóio. Não, não como um sobrenadante, mas como alguém destituído de familiaridade com o linguajar.
Escarafunchar o Ta na Tela e saber da criação de um novo portal de notícias só sobre blogges, o Tema:Blog.linkado num outro também com o respectivo subject.
Uma espiada no Periplus e me aventurar no 35 mm: só de fotografia, para nós também os amadores, oh yeah! Participar é fácil, é só se cadastrar na page.
Logo que comecei a me familiarizar com esse mundo de blogs conheci o Rogério. E um dos posts que não resisti e capturei lá na porta dele é um pensamento de Ricardo Kelmer, que diz assim:

"acredito no fascínio, nas doentias obstinações e nas paixões mais absurdas".

Eu também.


terça-feira, setembro 24, 2002

DUENDE


Eu vejo um corpo que flui no espaço,
ritmicamente elaborado, sinfonicamente contente.
Livre de correntes perfaz a musica, no passado, no futuro, no presente.
Uma chama, em valsas imperialistas,
Que explode incandescente.
Desliza, serpentina a mão suave pelo rosto,
Tic-tac o negro salto,
É Tocatta & Fuge,
Romeu e Julieta fundidos.
Pés que rodopiam, olhos semicerrados,
Cabelo que brilha na lua banhado.
O violino que geme, marca passo,
A língua que molha o lábio.
Onírica fada que flutua,
Uma fantasia materializada.
Dança, dança no ilimitado!
Peito que arfa num prazer cansado!
Um coração que vibra inflamado!
A sensualidade expelida
Nas pernas, nas costas, nos braços!
Corpo livre, descontrolado,
Expressa ora sofrimento, ora amor desvairado!
Queda livre, no salão revirado,
É você, o rosto suado,
Sorriso iluminado.... duende.

Baum



segunda-feira, setembro 23, 2002

PAPEL CREPOM



São estranhas as partidas, não se sabe onde pôr o pé depois.
Os caminhos se abrem e se fecham num piscar d'olhos.
E o que sempre parece belo, perfeito, se encontra somente nos ideais netunianos.
Coisas de Vênus em Escorpião em trígono com Netuno.
Vai saber o que essa lagoa aquática é capaz de fazer com a razão...
Nem a Astrologia é capaz de dizer e muito menos prever.
E continuo, enredando mais um dia, colhendo as flores de crepom esparramadas pelo chão...
Num cais, num porto, de águas que jorravam desgovernadas pelos céus de São Pedro.
O silêncio é sempre a pior das respostas.

domingo, setembro 22, 2002

PÉGASO

Pégaso abre suas asas sobrevoa meu céu.
Indomável, selvagem, distante da pasmaceira mortal.
Sacode as penas, levanta poeira, rasga o celeste.
Cria estradas no ar, bamboleia nuvens, estabelece rotas.
Pego pela crina, domo, trago-o para mim.
Amazona, em seu rarefeito jato desbravando o firmamento.


Cavalo alado, filho de Poseidon, deus do mar, e da Górgona
Medusa. Pégaso surgiu do interior do pescoço de Medusa quando foi
morta pelo herói Perseu. Pouco depois de seu nascimento, o corcel
mágico bateu os cascos do chão do Monte Helicon e no local brotou uma
fonte, Hipocrene, que mais tarde se tornou sagrada para as Musas e se
acreditou ser uma fonte de inspiração poética.

sexta-feira, setembro 20, 2002

OBJETOS LUMINOSOS

O que parecia ser a janela da noite
São dois olhos
Brilham como dois cristais na escuridão
São faróis

Indo em direção ao vento
E faz o sentimento nos acontecer
Quem é você revelação do prazer

Quem resistiria ver que
Os tais objetos luminosos
São de carne e osso
E vão de encontro ao teu querer conhecer

Se transmite em ondas livres
Sei que qualquer um pode entender
O amor não tem limite

Mas quantas vidas não pode existir
E um homem não possa imaginar
Quantas vezes precisa se perder
Para ver quanto vale encontrar

Beleza a gente sentir
Ondas que estão no ar
Uma pessoa
É a luz que se vê quando quer
Quando quer se capitar

Não importa de onde vem
Esse universo todo é feito pra nós
Quem é você ?
Que chega e traz um bem

Renovados os sinais
Na visão das estrelas supernovas
Como fazem os animais
Na imensidão dos lençóis
Indo à direção do vento
E faz o sentimento nos acontecer
Quem é você ?
Revelação do prazer

Beleza a gente sentir
Ondas que estão no ar
Uma pessoa
É a luz que se vê quando quer
Quando quer se capitar

Não importa de onde vem
Esse universo todo é feito pra nós
Quem é você ?
Que chega e traz um bem

(Beto Guedes, Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

quinta-feira, setembro 19, 2002

O PORTAL



Delícias que tocam a língua e derretem.
Escorrem pelo canto da boca: gulodice de criança.
Piso em algodão, nuvens de cabeça para baixo, sob o céu de asfalto.
Deslizo, suspiro, deliro.
Oral. Da boca, um beijo: abre o portal.


quarta-feira, setembro 18, 2002

BEBENDO ESTRELAS

Reza a lenda que a origem do tim-tim pode estar relacionada ao ato de beber o champanhe. Assim, dizem que houve preocupação em exaltar os cinco sentidos. O primeiro: a visão. Deveria ser belo. E assim caprichou-se na cor, nas bolhas; O segundo: o paladar. Esmerou-se no gosto delicado e ao mesmo tempo original; O terceiro: o tato. Procurou-se um material límpido, o cristal, que não alterasse a temperatura; O olfato: o bouque. Fabricou-se o melhor vinho branco para armazenar o aroma característico da bebida; Contudo faltava a audição. E foi aí que inventaram o brinde, o som estalando de uma taça ao encontrar-se com outra taça. Pronto: o alquímico prazer de beber o champanhe estava completo.
Ainda há uma outra teoria que diz que isso foi instituído na Idade Média quando ao receber um conviva, o dono da casa podia tentar envenená-lo. Para precaver-se da fatalidade, o visitante batia sua pesada caneca contra a outra, respingando a bebida que havia no seu copo no do outro. Se houvesse algo mortal, os dois cairiam duros.

O champanhe teve início no século XVII, através do monge beneditino Dom Pérignon. Este, era responsável pela adega da abadia francesa de Hautvillers, na diocese de Reims, situada em Champagne.
Nessa época viviam rigorosos invernos e com a chegada da primavera, algumas garrafas de vinho da adega começaram a estourar. Dom Pérignon e os vinicultores locais pensaram,como não entendiam o motivo para tal evento, tratar-se de obra do demônio. Contudo, continuaram atentos e observando o fenômeno. Logo descobriram que a mudança de temperatura provocava uma segunda fermentação nos vinhos, formando gás carbônico dentro das garrafas e assim, provocando os estouros. A adega passou a utilizar garrafas mais resistentes e rolhas de cortiça seguras por arame para lacrar o vinho, antes tapados com chapinhas de metal, para permitir que ocorresse a segunda fermentação sem a perda da bebida
Dom Pérignon ao provar a bebida fermentada, teria saído correndo por toda abadia, gritando aos quatro cantos: "Estou bebendo estrelas".


segunda-feira, setembro 16, 2002

AOS BORBOTÕES...

A cabeça flutua, vaga, queda, baila, faz piruetas e malabarismos.
É parte independente do restante dos membros que governam o corpo.
A razão mudou-se e é preciso encontrar seu paradeiro.
A imaginação é salto em queda livre, produzindo epinefrina aos borbotões.

domingo, setembro 15, 2002

A PARTE DOS ANJOS

É curioso o que o site meter do blog consegue registrar durante um curto espaço de tempo.
As buscas mais constantes ainda são as fotos da Débora Secco nua. E eu me pergunto onde é que o google consegue direcionar em meus arquivos alguma coisa relativa a esse assunto. Uma dica para quem procura algo na net: coloque o sinal de soma(+) entre as palavras, conseguirá um resultado mais eficiente.
Essa semana alguém resolveu deixar a pergunta fatídica: o que é lemniscata? Nada a ver com o post do dia, onde eu havia escrito sobre a quarta-feira. O dado inesperado é que a pessoa em questão foi incapaz de se identificar e achou que eu deveria respondê-la. E porque cargas d’água eu deveria respondê-la se ao questionar quem era, não obtive resposta?! Muito estranho alguém chegar até aqui e se travestir de pronome, encobrindo a verdadeira face.
O site meter também assinalou a procura de Casillero del diablo. Pra quem não teve a mesma vontade, é um vinho chileno, encorpado, seco, cujo teor alcoólico é super potente. Embebeda lentamente, sem que se tenha noção do que está havendo, principalmente numa mesa onde a conversa flui espontaneamente.
No primeiro encontro com a bebida, ficamos discutindo o significado da palavra casillero, e surgiram especulações como caseiro, cavaleiro. Nada disso. Procurando no dicionário encontrei a resposta para a dúvida: estante, dividido. Poderia ser interpretado como compartimento, divisão. Como disse uma amiga querida que disponibilizou a alegria ao verter muitas doses da bebida: esse vinho vai pegando, pegando, por isso é infernal.
Pra mim é um elemento a fundir realidades, um apêndice diabólico, e por isso mesmo inebriante.
Ia acabar esse post no parágrafo acima, mas um novo amigo, me mandou um texto que complementa antagonicamente esse elemento de Dioniso: “Já me falaram que os barris, ao mesmo tempo em que emprestam o sabor ao vinho, perdem uma parte dele que atravessa a parede de madeira e evapora no ar. Os franceses chamam isso de 'a parte dos anjos' ".


sábado, setembro 14, 2002

COMPARTILHO A JANELA

Tem algo invisível que envolve e fascina.
Continuo sem saber o que é.
Não diagnostico o que sinto e muito menos as idéias obsessivas.
Por que será que no meio do turbilhão encontro sempre paz nas palavras proferidas, até nas mais secas, que como tinto rascante, desce lanhando a alma?
Rendo-me a um bom sentimento cujo motivo desconheço.
Já cheguei a conclusão que não é racional. Desisti de tentar achar respostas.
Cansei de tentar entender. Relaxo. Respiro mais fundo, deixo que entre e dilua qualquer discernimento.
Não espere de mim sensatez nas coisas que digo, pois partem como raio, tempestuando alicerces. Vaza como sangue, escorrendo das entranhas, pingando pelos quatro cantos, sem que nada consiga estancar.
A janela do monitor compartilha das minhas sandices, os seus olhos aqui me acompanham, navegam nesse céu cibernético: separo nova folha branca, sem pauta, para amanhã.



quinta-feira, setembro 12, 2002

ANIVERSARIANTE



Além das qualidades explícitas, hoje descobri mais uma faceta dele: fotógrafo.
Vejam se essa foto aí encima não é digna de alguém profissional?! Ele comemora agora um ano de blog e mudou completamente visual de seu pedaço: clean, light, convidativo.
Vale a pena verificar como está bonita a casa branca e arejada dele, parece realmente que estamos à beira mar...em uma rede balançando, sem pressa, enquanto o corpo descansa do sol, da água salgada...visualizando o paraíso de Iemanjá. Não resisti e peguei outras fotos lindas que estão .


A CASA DOS SETE ERROS



O dia teve um toque diferente com a ligação inesperada de uma amiga querida que não via há muito tempo. Irmã por empréstimo da vida, amiga de dividir canções, lágrimas e muita viola quando a gente ainda aprendia a ser grande. Quando meninas brincavam ainda de ser mulher.
Pois, então, ela ligou e passou aqui. Fomos tomar um chopp à tarde, Petrópolis estava amena com o tipo de clima que convida a não ter pressa, um vento gostoso que fazia acrobacia com folhas, com os cabelos da gente. Decidimos, apesar do horário ainda cedo, dar um pulo na casa de chá da Casa dos Sete Erros, agora conhecida como Casa de Cultura de Petrópolis. Um espaço centenário que virou local de visitação e que oferece uma série de atividades durante toda a semana, desde exposições itinerantes até show e jantar aos sábados pela madrugada.
A primeira vez que estive lá ainda estava abandonada, pertence à família Rocha Miranda, uma das mais tradicionais da cidade e eu lembro de ter bebido um pouco de vinho e andado de bicicleta pelo jardim quando já passava das duas da manhã. Recordo, perfeitamente, debruçada numa das janelas e o Celso gritando: cuidado, Ana, você vai despencar daí, essa madeira tem mais de cem anos. E na minha incursão pela casa, visitei uma capela repleta de morcegos. Foi uma noite engraçada e divertida. Perambulei por um salão onde havia uma mesa antiga, de madeira pesada, parecia da távola redonda do rei Arthur. Num outro ambiente, menor, havia espelhos de cristal, cortinas velhas, poídas, e eu imaginei um sarau, coisa mesmo antiga, quando mulheres vestiam longos e os cavalheiros as tiravam pra dançar.
Bem, mas voltando ao presente, eu ainda não tinha tido a oportunidade de visitar a casa que abrigava os cavalos e que passou a ser de chá. Está um luxo, toda rústica, aproveitaram a divisão das baias e fizeram mesas maiores, compridas, reunindo maior número de convivas. Bebemos nosso chopp numa mesinha menor, simples, onde podia se ver os raios do sol batendo nas flores e árvores que enfeitam o lugar.
Conversamos, rimos, tiramos fotos. Vamos ver se ela me manda quando revelar e chegar à Brasília. Me convidou para ficar uns tempos por lá. Não sei, quem sabe...
A quarta-feira foi assim, deliciosa.

quarta-feira, setembro 11, 2002

VOMITADO

Ontem fiz um juramento repetido três vezes, como em alguns encantamentos mágicos.. Vamos ver se me mantenho fiel ao que prometi.Se consigo estar menos envolvida em situações que não me deixem à mercê da linha de fogo.
Quero escrever aqui como era no início.
Estava revendo os arquivos antigos e algo mudou mesmo. Os primeiros posts de janeiro - os que eu falei de Cássia Eller, a boca da Angelina Jolie, e já sumiram do arquivo do blog -, quando ninguém praticamente lia o Lemniscata, tinham mais da minha essência, continham a espontaneidade que marca minha ação. Por conta dos próximos leitores que foram chegando, aquilo tudo que eu ia dizendo foi aos poucos sendo polido por uma escrita mais racional e menos impulsiva.
Quero poder soltar meus cabelos longos e sacodi-los ao vento. Pegar a saia de retalhos e seguir como andarilha sem eira e nem beira, comungando com a amplidão da incerteza que rasga os próximos passos. Quero poder escrever da maneira que me der na cabeça. Quero expressar meu descontentamento e minha alegria. Talvez, o aspecto catártico, o que me fez largar as listas e vir para cá, tenha se perdido. Espero me reencontrar no meio disso tudo.

segunda-feira, setembro 09, 2002

MÁRIO AV. E CIA

Ia começar o blog esta semana falando do Casillero del diablo, mas acabei me entretendo com a figura branquinha, grandona e simpática do Mário AV no caderno de informática do O Globo, e tomei outro atalho. Li sobre a revista que eles editam para os habitués e iniciantes no mundo dos Mac’s. Não é à toa que meu amigo Robinson vive se comunicando com o Mário e eu não havia entendido ainda qual a relação entre eles. Ta aí, explicado. Até no lovesickness já deu o ar da graça e fiquei imaginando o que esse different thinker fazia ali nos dando dicas interessantes e querendo ajudar a enriquecer o espaço.
Ele juntamente com quatro outros da mactribo comemoram em outubro o número 100 da revista Macmania, única publicação brasileira dirigida a esse público. Depois dos trancos e barrancos do mundo independente, hoje se mantém com recursos de anunciantes e é editada pela Bookmakers, o filhote dessa empreitada. Quem quiser conferir a matéria dê uma clicada aqui.

domingo, setembro 08, 2002

Meu amigo Vito voltou a bloggar e andando por seu mundovirado eu trouxe para cá um punhado de linhas dele:

"O mundo é um espaço virtual que existe no hardware do seu imaginário. Vida é o que se passa por dentro, no universo do insone. O existente fora desse plano é ilusório. A realidade é a ilusão.
Senão, porque estaria eu aqui nesse momento? "


sexta-feira, setembro 06, 2002

DOS DIAS

Os dias tem passado rápido e eu com a sensação de que algo se transforma também em mim.
Não é questão de abandonar nada e muito menos renegar o passado. Sinto que me reedito numa figuração mais amena e segura. Um toque de simplicidade a escoar de dedos e pensamentos.
O que será do futuro?! Não sei.
Quero continuar com essa mesma postura diante do imponderável e dos próximos capítulos. Sim, esse ar blase de quem não tem pressa e não dá a mínima para o amanhã. Penso que ele virá sempre cheio de possiblidades de crescimento e aprendizado. E, espero continuar meu caminho pautando meus pensamentos dentro desse prisma. Refletir sete cores a surgir repentinamente no céu, como Oxumaré, o arco-íris, a serpente personificando o orixá.

Orixá cuja função principal é a de dirigir as forças que produzem movimento, ação e transformação. Por ser bissexual, tem uma natureza dupla; é representado na mitologia daomeana por uma cobra e o arco-íris, que significam a renovação e a substituição. Durante seis meses é masculino, representado pelo arco-íris e tem como incumbência levar as águas da cachoeira para o reino de Oxalá no Orum (céu). Nos outros seis meses, Oxumarê assume a forma feminina, e nessa fase, seria uma cobra que vez ou outra se transforma em uma linda deusa chamada Bessém. A dualidade de Oxumarê faz com que ele carregue todos os opostos e antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo. Como uma cobra, morde a própria cauda formando o símbolo ocidental do Orobóros(ou lemniscata), gerando um movimento circular contínuo que representaria a rotação da Terra e próprio movimento incessante dos corpos celestes no espaço.

A coroação de Oxumaré

Oxumaré, filho de Nanã, nasceu com o destino de ser seis meses um monstro com esse nome, e seis meses uma linda mulher chamada Bessem. Aos poucos Bessem revoltou-se com sua mãe Nanã, pois não conseguia ter um amor que durasse por muito tempo. Seu companheiro sempre desaparecia quando ela se transformava em monstro.
Um dia Oxumaré encontrou Exu e este, como sempre apreciou criar discórdias, semeou um conflito entre o deus do arco-íris e a velha Nanã, aconselhando Oxumaré a tomar a coroa do reino de jeje, que pertencia a Nanã.

Oxumaré foi ao palácio de Nanã aterrorizando a todos. Nanã suplicou-lhe que não matasse ninguém, tentando dissuadir o filho de seu intento. No entanto acabou entregando-lhe sua coroa de rainha. Desde então Oxumaré reina sobre os jejes, entretanto continua sendo um monstro chamado Oxumaré e uma linda mulher chamada Bessem.




quinta-feira, setembro 05, 2002



Primitivismo feroz, instinto.
Essência de animal selvagem.
Precaução comandando os movimentos, lentos.
O grande felino negro sai da toca.
Predador, esconde-se ao menor sinal de movimento estranho.
O encontro com a lua é sinal de acalanto, proteção.
Como águia em suspensão dos alísios na amplidão.
Se fosse domesticado, não devoraria os que ousassem cruzar seu caminho.
É bicho solto explorando a noite,
Espírito indomável demarcando o território,
largando suas pegadas na escuridão da mata.
Move-se sorrateiramente, à espreita, pronto para o ataque
Diante do menor sinal.
Não o desafie, não provoque a reação, abstenha-se do olho-no-olho.
Evite. Passe ao largo, por mais que isso provoque adrenalina.
Ainda que a possibilidade do desafio vire idéia fixa.
E a própria vida se perca nesse confronto.


quarta-feira, setembro 04, 2002



Carlos Hollanda além de um excelente e conceituado astrólogo é um grande apreciador de Histórias em Quadrinhos, desenha. Criou um site pessoal e lá ele conta um pouco do famoso personagem Fantasma, além de entrevistar um dos desenhistas que ao longo da vida rabiscou e escreveu histórias desse personagem. Por acaso, José Menezes é meu pai. Se quiserem conferir a entrevista na íntegra dêem um pulinho aqui .
E bom divertimento!

terça-feira, setembro 03, 2002

REFLEXO

Para ilustrar a relação ficção x realidade, cujo questionamento foi lançado diante daquilo que escrevemos, vou deixar aqui um parágrafo da resenha de Vera Lúcia Follain de Figueiredo que diz o seguinte:

“[...] Suas peripécias, entretanto, vão levar o leitor do livro a indagar se existem mesmo esses dois lados do espelho, isto é, se é possível separar realidade e ficção. E é aí que vai residir todo o perigo que ameaça não só o personagem, mas também o leitor. O maior risco não está em negar a realidade para tentar viver como se estivéssemos no universo ficcional. Está em descobrir que não existe esta fronteira, que não existe nada além da representação e que podemos deslizar das páginas do livro para a "realidade” e vice-versa sem qualquer obstáculo, pois não há nenhuma diferença essencial entre esses dois mundos. [...].”.

segunda-feira, setembro 02, 2002

SETEMBRO

Setembro abre seus trinta dias com chuva, frio e uma sensação estranha e tardia de inverno. No sul do país neva, aqui em Petrópolis falta pouco para tal. O primeiro dia útil me fez acordar cedo, me impus levantar junto com a aurora para melhor estruturar meu tempo. Perco horas e horas dormindo. No fundo não acho que perco, mas ganho, teoricamente falando. Adoro dormir, entretanto acabo trocando os dias pelas noites e a vida acaba numa sansara desgovernada.
Tenho tantas coisas em virgem que a loucura do fogo precisa ser amainada com um tanto de racionalidade a fim de minimizar o impulso. Coisas astrológicas que podem soar estranho para quem está lendo essas linhas. Assim, estabeleci algumas regras e pretendo segui-las durante um tempo ou até quando eu suportar a pressão. Sou osso duro de roer, teimosa, mas incrivelmente determinada quando ponho algo na cabeça.
O curso que poderia ser arrastado devido ao horário matutino, acaba sendo mais estimulante. Meu cérebro parece fresco e o que eu escuto vai entrando pelas orelhas facilmente. Não há cansaço, pelo contrário, divirto-me. A filha do Olavo de Carvalho faz curso comigo, vai me levar para conhecê-lo qualquer dia desses. Eu já aceitei o convite.
Até de culinária falamos nessa segunda e lembrei do filme Chocolate, com Juliette Binoche. Lembro, perfeitamente que saí do cinema e fui imediatamente comer um chocolate. Aquela confeitaria era dos deuses, assim como a idéia ilusória contida no próprio nome que enfeitava a placa na entrada, Maya.
Divagamos sobre as discrepâncias e incongruências culturais. De como a profissão técnica, hoje tão desprezada em nosso país pela classe média, é super valorizada em outros países, como a França. Ser confeiteiro lá permite ao cidadão viver bem, viajar e ser respeitado como profissional. Aqui, os cursos técnicos são desprezados e encarados com desdém pela classe média. A meta é ter curso superior. O problema é o depois do canudo. Vai se tentando uma multinacional, concurso público ou uma empresa de médio porte. E as profissões técnicas acabam sendo deixadas de lado em prol de um pseudo-status social. Um torneiro mecânico, um eletricista, acaba ganhando muito mais que um engenheiro que não conseguiu uma boa colocação no mercado. Muitas vezes acaba na economia informal justamente por esse estado de incertezas e oscilações que abrangem o nosso país. São as discrepâncias, as diferenças, as coisas que acontecem por aqui. E será que com tantas propostas de governo aparecendo em nossa telinha diariamente, as coisas vão realmente mudar ou esse estado de caos perdurará?! Que viver verá....



domingo, setembro 01, 2002



Entramos bem setembro,
época de flores e revoada de pássaros.
Vontade, declaração e impulso.
Coisa marciana, ariana, motriz.
O inesperado na madrugada fria.
Deleite em quantidade.
Fissura, gulodice.