terça-feira, dezembro 31, 2002

CONTAGEM REGRESSIVA

E daqui sigo adiante para lá. Revendo e revivendo os amigos, levando comigo a amabilidade e o carinho característico que os cerca.
São os que ao primeiro instante, naquele átimo, quando olhos cruzam outros olhos, algo interno é acionado, como se acendesse uma chama, uma lamparina antiga, talvez, indiana, quem sabe...
Carrego na mochila a tela capturada pela retina, em holofotes de sorrisos, latido de cães e café aromatizado. Um sorvete na chegada, chocolate no jantar, bala de nozes e passeio ao mercado. Tudo criado por ela, que tece letras e tudo o mais através de suas expressões manuais.
Ultrapassarei o portal num porto próximo, distante dos barcos e balsas de fogos de artifício.
Abro a porta e deixo 2003 entrar: tempo de recomeçar.

sábado, dezembro 28, 2002



A última semana do ano promove outros contornos. Sinuosa silhueta recortada por uma mureta ao mar, lá embaixo onde as ondas batem nos rochedos e espumam sua música.
Em perspectiva o farol subdivide o quadro, num pedaço de calmaria, distante da fúria das águas cobrindo a areia. Observa, majestoso, o ir e vir das rotas, dos que nascem num virgem porto e daqueles que dão adeus.
O céu parece compactuar com os raios violeta, amarelo, cinza, rubro e azul, pincelando a atmosfera do momento: é chegado um novo período.
Que 2003 venha com a naturalidade e beleza que cerca cada crepúsculo, interligando o celeste ao mundano, permitindo que a aurora e a noite se toquem mais uma vez...arautos desse novo amanhecer.

quinta-feira, dezembro 26, 2002

NATAL

Nosso amigo Iosif Landau continua dando o recado direitinho, como fez ao participar do especial de Natal do balacobaco:

Natal, Natal, Natal
calçada chora
mar caçoa
anjo fio dental rebola
seios sinos trinam
bunda titila
Natal, Natal, Natal
rei mago tropical
pensa na virgem
que o fez pai
onde diabos
escondeu - se a estrela polar?
Natal, Natal, Natal
querubins roliços
chupam picolés Kibon
Papai Noel penúltimo baseado do ano
nos lábios
fecha os olhos
sonha com a neve de Kilimanjaro
Natal já era!

terça-feira, dezembro 24, 2002

DO DIA DE HOJE

Há datas que perfazem trajeto contrário ao da alegria.
Para todos é dia de sorrir, de trocar afetividade, mas em mim há um enorme vazio,
um sem sentido para euforia, convenção. Lembro dos que não tem nem onde viver,
como o incêndio que destruiu tantas moradias na Terra da Garoa, ou a falta de turistas em Belém, além da impossibilidade de cada um exercer sua fé com liberdade como acabou acontecendo também por lá com a proibição de Arafat retornar à sua terra natal.
Natal, nascimento.
Será que estamos mais envolvidos em comer, desfrutar o banquete,
trocar presentes, fazer uma belíssima decoração, árvore com bolas, e esquecemos o real motivo disso tudo? Será que alguém lembra de agradecer pelas bênçãos? Pelos obstáculos vencidos? Sei não...nunca gostei muito desta data. Sinto saudades dos que já partiram, do meu irmão que vive no Paraná e agora reatou o contato por causa de uma menina de cinco anos maravilhosa, arteira e inteligente. Mandaram fotos, várias, ele continua lindo, aquele sorrisão branco, ela a cara dele, apertadinha num abraço gostoso.
Ganhei um chaveiro com lua e estrela, prateado, muito bonito. Fiz uma cópia colorida da fotografia dos dois sorridentes e coloquei num lugar propício para isso sob a batuta da meia lua. Ganhei um painel para pôr fotografias, com milhões de luas e imãs coloridos. Um CD que agora escuto, Solaris, com música para viajar...
Várias blusas novas me deram. E ainda de quebra um creminho básico que eu havia pedido.
Comprei um filme de 36 para registrar a folia aqui.
Tive a grata surpresa de reencontrar um velho e especial amigo. Fazia oito anos que não nos víamos, ele agora vive em Porto Rico. Continua pintando, lecionando arte numa universidade. Tenho pendurado um quadro no corredor de casa, uma arma medieval, conhecida como ‘massa’. Falamos rapidamente de Camille Claudel e Rodin. Contei da França e ele pôs pilha. Quando adolescentes vivíamos grudados, amigos inseparáveis e ele me ensinou um pouco de técnica utilizada nos quadros e painéis experimentados. E com ele o Parque Lage era minha segunda casa, além dos sarais de poesia. Vários vernissages e num deles conheci um outro pintor, o Átila. Um amigo fotógrafo, melhor fotógrafo que pintor. Já ganhou muitos prêmios, seu talento é reconhecido.
E esse reencontro só aconteceu porque a Renata, prima dele, resolveu seqüestra-lo até aqui sem que a mulher dele soubesse, ou morreria de ciúmes. Num comboio, ela resolveu fazer uma manobra radical e desviar a rota. Fugiu para cá. E o restante do povo foi parar no Palácio de Cristal. Foi tudo muito rápido e muito bom. E ouvi ele dizer: Aninha, você não mudou nada! E eu lógico que adorei.
Então falei com a moça dos olhos d’água, disquei pra ela. Marquei de nos vermos antes do Ano Novo. Liguei pra pisciana mais querida e amiga que conheço. Também telefonei pra outra amiga em Araras, interior de Sampa. E assim foi o dia.
Não por ser Natal. Mas, por ser um momento de alegria, de poder rever gente que eu amo e sinto e sentia saudades.
A palavra que só existe nessa língua. Na tua e na minha, na nossa língua.
É tempo de saudade.


segunda-feira, dezembro 23, 2002

UM PEQUENO PARALELO

Todos sabem que Vênus, por sua proximidade ao Sol, "aparece" quando este se
encontra ao horizonte, durante os crepúsculos, seja esse matutino ou
vespertino. Dai este planeta ser conhecido como a "Estrela da Manhã", e
também com a "Estrela Vespertina".

Lúcifer, palavra latina cuja correspondente em grego é "phosphoros",
significa "O Portador do Archote" ou "O Portador da Luz", sendo ele mesmo,
como indica o seu nome, aquele que traz a luz onde ela se faz necessária.

Durante o amanhecer, a "estrela" Vênus aparece ao horizonte antes do
"nascimento" do Sol. Na observação dos antigos, é como se ela fizesse o
papel de arauto do Sol, "puxando" o astro rei de seu sono nas regiões
abissais. Ela, nas manhãs, anunciava a chegada do Sol, como se o carregasse.
No entardecer, a Estrela "empurrava" o Sol de volta para as regiões
obscuras. Dai se dizer que Ela, Vênus ou Lúcifer, Estrela da Manhã "porta",
ou carrega o archote, o Sol.

Em Apocalipse 22:16 está dito: "Eu, Jesus, ... Eu sou a raiz e o descendente
de Davi, sou a estrela radiosa da manhã."

Ora! e não é que Jesus é a Estrela Radiosa da Manhã, que também é Vênus e
que também é Lúcifer ?? Então Jesus é Lúcifer!! Assim, quando saudamos um, o
outro é também saudado!

Amém e Abraços.

Carlos Raposo

domingo, dezembro 22, 2002

P&B



Quando se aproxima ou reata o laço parece que todos os aparelhos eletrônicos entram em pane. E me pergunto por que diabos essa carga elétrica é tamanha, capaz de detonar minhas conexões.
Nunca compreendo o que está além das ondas vibracionais e energéticas que modulam cada freqüência que efetuamos, em uma fina sintonia digital promovida pelo ‘acaso’.
Quisera parar ao seu lado e grudar meus olhos nos seus e saber das partículas que compõe seus íons e cátions em p&b, ter acesso ao silêncio estrondoso de sua escrita que pede afago.
Recortar imagens que cercam minha alma e colá-las aos seus devaneios. Assim como aos desejos escusos, aqueles que descreve em seus mosaicos e confundem-se com o lado torpe que existe em cada um. Como o bichano em guarda que sorri e põe breu em sua parede letrada.
O leitor desavisado pode apavorar-se diante de sua narrativa, enquanto eu vejo nas entrelinhas o tanto de sol que sangra de tuas orações, às vezes subordinadas, coordenadas à luz e sombra.


sexta-feira, dezembro 20, 2002

SOLSTÍCIO DE VERÃO



A luz do Solstício de Verão é tal mar que mergulho aqui do outro lado
da baía. Dos barcos que atracam e partem, vejo o porto, pedaço de céu, carne vermelha e açucarada que ficou no horizonte bravio de minha alma.
O sol arde tanto, que o cotidiano acaba sendo caloroso, e por isso sei que aí do outro lado é só alumbramento. Que seja platônico, verídico, energético, imerso num banho, numa cachoeira de espuma, num suspiro inebriado de gozo, tanto faz.
Sei que dessa inundação corporal não haverá barragem que consiga impedir
seu fluxo...a vazão é desmedida, tal qual beijo que morde e estraçalha.
O tempo toma-o por inteiro, estendendo o dia ao mais longo do ano.
Continuo sabendo que aí chego como onda, num toque rápido, dúbio - quimérico e real - alimentando você. Nutrindo a noite de vento e provocando os mais explosivos auspícios.

quinta-feira, dezembro 19, 2002

Saturno ficará mais próximo da Terra esta semana

Saturno fará sua maior aproximação da Terra dos últimos 30 anos esta semana, o que é uma garantia de belas imagens do planeta, a olho nu ou com telescópios.O anúncio foi feito pela astrônoma da Nasa, Mitzi Adams.
O planeta dos anéis está agora mais brilhante do que todas as outras estrelas, com exceção de Sirius e Canopus.
E ele está inclinado na direção da Terra, dando aos observadores que usam telescópios comuns uma impressionante visão de seus anéis. Quem não puder assistir à aproximação esta semana ainda terá chances, já que o espetáculo celestial continuará no início de 2003.
A maior aproximação de Saturno em relação à Terra - 1,2 bilhão de quilômetros - aconteceu nesta terça-feira.
A distância máxima entre os dois planetas é de cerca de 1,7 bilhão de quilômetros.


quarta-feira, dezembro 18, 2002

PLENILÚNIO DE SAGITÁRIO



Hoje, a partir das 19 horas e vinte e cinco minutos, celebramos a Lua Cheia em Sagitário. Momento de interação com a orbe universal, meditação e expansão de consciência. Hora de centrar-se nos objetivos desejados, fazer uma prece, invocação, conectar-se a energia primordial enviada pela Grande Senhora da noite. Assim, que cada um que aqui chegue fixe o céu, mire esse fluxo prateado e religue-se aos seus desejos interiores.
Como o centauro, símbolo do signo, lance suas flechas para o futuro.

terça-feira, dezembro 17, 2002

INTERLÚNIO

Há céus que se cobrem de negro e absolutamente nada corta essa ausência de luz.
Dizem que essa chapa celeste jamais acontece no deserto, aonde as constelações são mais cintilantes que qualquer outra parte do planeta. Em parceria, as areias são escaldantes durante o dia e gélidas quando a noite acorda, assim como se levanta o vento abrasador da manhã e o ar torna-se congelante de madrugada. E é nessa hora, quando a visão não alcança além de dois palmos adiante dos pés, que criaturas horripilantes saem da toca para caçar, saciar-se.

E ao contrário do deserto, no interlúnio a negritude parece cobrir toda a terra, quando estamos em perspectivas aquém das tempestades, principalmente as de areia. E nos atrelamos às construções duras e frias de pedra. A civilidade parece arrogante e distante do que é natural, energeticamente virgem. O mundo de concreto é tal qual móbile infantil, clone do projeto arquitetônico ao lado.

Polarizando o movimento, não há fixidez nas caravanas que disputam um pedaço oasiano. E miragens confundem os viajantes sedentos e exaustos por dias consecutivos na corcunda de camelos. Tendas são armadas, construindo um pouco de sombra diante do astro-rei que não dá trégua. Tapetes espalhados sob os grãos ferventes, minimizando o que parece queimar qualquer um que ouse tocar esse mar calcário.

A Lua no minguante surge na grande tela, nas mil e uma noites de Sherazade. Aquela que enganou a morte com palavras, persuadindo e seduzindo seu maior inimigo. Plantou nele a semente insaciável da curiosidade.Ela segue adiante, sob o véu, deixando à mostra os olhos, pequenos, amendoados, rasgados como a cadente que só se vê em luares espetaculares, um pequeno traço a riscar as esquinas do espaço sideral. Delineador branco manchando a escuridão.

segunda-feira, dezembro 16, 2002

UM NACO DO RIO



Há paisagens que de forma irracional tiram-me do sério.
Suscitam emoções que andam sob rédeas curtas e domadas.
Onde não tem havido lugar para exageros e passionalidades.
Vi o que é famigerado, faz parte da porção carioca.
Do nascimento na enseada, naquela ali em Botafogo.
E algo arrepia e inebria diante daquilo lá.
Um Rio horizonte, como pano de fundo para a Ilha.
Governador, Praça do Avião, Hospital da Aeronáutica.
Há uma praia conhecida como Bica, onde, como conta meu irmão,
Namorados vivem em corridas de submarino.
Não, não é amarelo como o dos Beatles. É azul, numa tela noir,
Difusa, pelos tons que se fundiam pelo céu coberto de nuvens.
Um ar de maresia que enche as narinas e nos transporta à Ponte.
A que une a Terra de Araribóia ao Pão tão Doce que é só Açúcar.
O Cristo estava de lado, dessa vez ele abria os braços mas não
Em minha direção.

sexta-feira, dezembro 13, 2002

SEXTA, 13

Muita gente diz que sexta-feira e treze é dia de má sorte.
Gato preto, escada aberta na calçada, a palavra azar.
Falam de bruxas soltas e astrais comprometidos pela escuridão.
Parecem invocar todas as proteções contra as agruras desse dia.
Sinto o contrário. Uma atração irresistível.
Saí de negro, sem pensar muito na data.
Inconscientemente, talvez não quisesse que minha energia se esvaísse ou houvesse uma troca com as pessoas que encontrei em meu trajeto.
Gosto desse quinto dia, de véspera de fim de semana, da energia festeira
e sem vergonha que toma as pessoas após o cerrar de portas.
Por uma estranha atração vejo a noite de forma sedutora, não pela Grande Senhora ou pelas luzes que enfeitam o firmamento. Não, não é a fase da Lua e muito menos as estrelas. Mesmo que a cheia provoque alvoroço, não só na natureza, nas águas do planeta, mas também em nossos líquidos interiores.
O luar parece só um enorme facho a guiar os bêbados e os apaixonados na noite.
Dos seres macabros, as mais belas figuras, muitas tomadas por algo externo que não vêem.
As muitas faces, as formas, os espíritos. Rostos transmutados em máscaras construídas com a ajuda de lápis, rímel e gloss.
A noite. Sempre ela. Nenhuma é igual a outra. Encoberta, como um grande manto negro com capuz
Cada uma traz seu mistério, aura a estreitar o contato, o arrepio, do aroma de perfumes e da própria localidade criando atmosfera bruxuleante e completamente encantadora.
É, Sexta, 13.



quinta-feira, dezembro 12, 2002



Nossa amiga Ana Maria Gonçalves, do Udigrudi e Entrelivros, escreveu comunicando o nascimento do romance “Ao lado e à margem do que sentes por mim”.
Produção independente, o livro reúne várias estórias de amor que se conectam. Como ela mesma avalia: “a minha por ele, a de um homem por uma história impossível, a de uma mulher por um equívoco, e a de outra mulher pelo próprio sentimento. É na pele desta última que me coloco e vou misturando verdades e invenções”.
Os pedidos podem ser feitos através do email: anamariagoncalves@ieg.com.br


quarta-feira, dezembro 11, 2002

BELEZA PARA QUEM TE QUER

Beleza. America, brasileira, chinesa ou paquistanesa. Mas beleza, porque
necessária.

Beleza. Natural, como as Niagara Falls, os Apeninos ou o canion de
Itaimbézinho. Ou feita, como o Taj Mahal, a ópera de Sidney, a catedral
de Rouane.

Torna-se o belo menos belo apenas porque foi feito, foi arranjado, foi
consertado?? Meus, teus olhos querem beleza. Há beleza até em certas
desgraças, até no feio feito, como J30 já provou na Sapucaí.

Não invalido nada bonito, mesmo que forçosamente bonito. Quero mulheres
com seios fartos, naturais ou não. Em geral não morremos mais de malária,
que matava 100 anos atrás. Não precisamos mais de peitos caídos.

Leite da teta da vaca é bom. Mas o da caixinha da Parmalat também. Com
seus conservantes, anti-acidulantes e Ômega 3.

A costelinha de porco da minha avó no fogão a lenha, feita com banha é
boa. Mas a lazanha congelada da Sadia, 15 minutos de micro-ondas, também
é. Suco de mangaba tirada do pé pode ser tão bom como Iced-Tea em lata.

Paulo Sérgio Rodrigues


terça-feira, dezembro 10, 2002

UMA ANTIGA CARTA



Vim até aqui jogar meu lencinho branco nas águas cristalinas e esverdeadas que banham essa margem ribeirinha.
Hoje estou parada em uma ponte de madeira clara, desenhada, em rococó.
Eu posso ser a moça de vestido longo, chapelão com flores na cabeça,
o olhar fixo e extasiado pelo barulho delicado das águas que passam embaixo dessa travessia.
Em toda volta há flores das mais diferentes nuances, mescladas aos tons pasteis de verde,
num conglomerado rubro-róseo-alaranjado com pinceladas de amarelo.

Estou dando meu adeus aos fatos que marcaram o passado...
me preparo consciente e inconscientemente para as novas saliências que a vida vai provocar à frente...
mas não esquecendo de trazer na bagagem um cheiro de mar, sopro de infância e um punhado de doce ilusão.

Atravessando o lúdico escrevo a carta de alforria e saio gritando aos quatro cantos,
aos quatro elementos, aos cardeais da Terra:
surge uma nova era...entenda-se e leia-se aí da maneira que achar conveniente...
ao pé ou não da letra.

Que possamos construir um mundo mais igualitário, repleto de amor,
idealista sim. Que tenhamos a noção exata do pedaço que ocupamos nesse
planeta e também o do próximo. Que saibamos transitar com delicadeza e
respeito por entre águas, rios, cascatas, florestas, oceanos, animais e
ar....sem alterar o equilíbrio do oxigênio...da camada de ozônio...da
crosta...da atmosfera. Porque tudo é energia, que pulsa e vibra em cada
troca que efetuamos todos os dias de vida...da vida.



segunda-feira, dezembro 09, 2002

CINTILAÇÕES II

Balança o lenço, o que parece ser um bom o sinal.
Embute a certeza de que ambos conjuminam na saudade que belisca o coração.
Todos os dias olha para ela, delicia-se com seu discurso e fantasia o imaginário.
Intimamente arde, mas recolhe-se enquanto avoluma a vontade de chegar perto.
Tocá-la, um dia, quem sabe. Provar o gosto de seus lábios, apertá-la contra o peito, sentir seu cheiro, perder o controle e entregar-se ao impulso que sente.
Supõe que não o quer mais, esqueceu-se dele. Pede uma trégua enquanto diz que na espreita, permanece cevando o desejo.
Declara-se, esparrama-se e confessa seu imenso vazio.
Afinal, não há motivos para isso. As palavras são prá você.




sábado, dezembro 07, 2002

Como as coisas nos chegam aos solavancos e eu adoro quando algo inesperado acontece e modifica o panorama previsível e confortável, dei de cara com o endereço do blog O Começo. De uma forma anarquista nos faz pensar. E confesso que não tive tempo suficiente para ler tudo que gostaria por lá. Ainda volto com mais calma, mas prá quem tem tempo vale uma passada lá e ler todos os comentários posteriores ao texto:

"MÍSTICA, CIÊNCIA E ANARQUIA

Em verdade este blog não está: para provar que existe o Espírito, ou que até existe o Espírito Iluminado. Pois sem exceção todas as religiões e seitas são materialistas. E esta é a loucura generalizada, que se propagou desde gerações longínquas. Em verdade este blog está para mostrar esta loucura, esta insanidade em nome do Deus chamado único e de todos os Deuses. Onde o hospício da coisa é que Deus, e todos os Deuses juntos não podem fazer nada. Mas como Deus e os próprios Deuses estão por aí e aqui, Eu BHAY também estou, e VOCÊ que esta lendo também aqui está. Ora! Todos nós aqui estamos. A questão é: Será que todos nós somos daqui? E aqueles que são daqui, poderão não mais ser daqui? Ou, se todos somos daqui, e então?"





quinta-feira, dezembro 05, 2002

Ironia Cósmica

A noite pôs o seu vestido azul
Bordadinho de milhares de missangas,
E penteou suas madeixas negras;
Pegou o broche da Lua
E com ele enfeitou o seu colo fantástico;
Olhou-se no espelho do oceano
- Estava linda!
E esperou languidamente o noivo másculo,
ardente, mais ardente que todos os infernos.

Veio o Sol
Devagarinho,
E contemplou-a,
E acariciou-a,
E beijou-a,
E possuía de maneira tão brutal
Que ela se esvaiu de amor...

Homens,
Já podeis trabalhar:
Nasceu a aurora.

Alziro Zarur

quarta-feira, dezembro 04, 2002

PÓS-ECLIPSE



Tive a oportunidade de acompanhar o nascimento da Rede Nacional de Astrologia, num congresso que reuniu as maiores feras da área. Por uma série de circunstâncias a idéia inicial da RNA de levar o ensino da Astrologia aos mais diferentes estados não vingou, ou melhor, até vingou, mas só foi levada adiante por uma pequena parcela que abraçou o ideal. Esses permaneceram firmes aos seus sonhos e deram prosseguimento à perspectiva expansionista aquariana.
Hoje, após abrir os emails, dei de cara com a criação do Céu Aberto, um site dedicado ao estudo e aplicação da Astrologia, constituído por profissionais atuantes e que já desenvolvem há bastante tempo um sério trabalho de ensino e formação de astrólogos.Para quem não conhece, vale a visita.

terça-feira, dezembro 03, 2002

Grape fruit, vermelho, uva, sangue, coagulações, vampiros e veias salientes.
Boca, lábio, língua, oral, paladar, gosto, céu.
Os muitos céus em mim, em você e em todos nós.
Devaneios como o nada que hoje se instala e quebra a alegria do ontem.
A roda sempre movimentando-se e não deixando que a felicidade estabeleça-se.
Sansara, oásis e inferno. Hoje volto a estaca zero.
Peço forças, rezo um credo, acendo velas, faço uma promessa, recito um feitiço.
Nada parece adiantar.
Melhor dormir, permitir o sonho, um pouco de lonjura para essa realidade que agora aperta.



domingo, dezembro 01, 2002

LETRA DE CORPO

Eu já falei um bocado dela por aqui. E é uma amizade que nasceu imediatamente, ao primeiro olhar trocado, rápido e que terminou em muitas garrafas de vinho tinto numa noite realmente inesquecível na casa dela. Acho que isso já tem uns cinco anos, creio eu, ou mais. Pois então, para abrir Dezembro, mês de calor, gente bronzeada e bonita, corpos à mostra, compartilho a letra Z, onde está o meu Zéfiro.