sexta-feira, dezembro 13, 2002

SEXTA, 13

Muita gente diz que sexta-feira e treze é dia de má sorte.
Gato preto, escada aberta na calçada, a palavra azar.
Falam de bruxas soltas e astrais comprometidos pela escuridão.
Parecem invocar todas as proteções contra as agruras desse dia.
Sinto o contrário. Uma atração irresistível.
Saí de negro, sem pensar muito na data.
Inconscientemente, talvez não quisesse que minha energia se esvaísse ou houvesse uma troca com as pessoas que encontrei em meu trajeto.
Gosto desse quinto dia, de véspera de fim de semana, da energia festeira
e sem vergonha que toma as pessoas após o cerrar de portas.
Por uma estranha atração vejo a noite de forma sedutora, não pela Grande Senhora ou pelas luzes que enfeitam o firmamento. Não, não é a fase da Lua e muito menos as estrelas. Mesmo que a cheia provoque alvoroço, não só na natureza, nas águas do planeta, mas também em nossos líquidos interiores.
O luar parece só um enorme facho a guiar os bêbados e os apaixonados na noite.
Dos seres macabros, as mais belas figuras, muitas tomadas por algo externo que não vêem.
As muitas faces, as formas, os espíritos. Rostos transmutados em máscaras construídas com a ajuda de lápis, rímel e gloss.
A noite. Sempre ela. Nenhuma é igual a outra. Encoberta, como um grande manto negro com capuz
Cada uma traz seu mistério, aura a estreitar o contato, o arrepio, do aroma de perfumes e da própria localidade criando atmosfera bruxuleante e completamente encantadora.
É, Sexta, 13.