segunda-feira, abril 29, 2002


O domingo foi feito de pequenas ações, uma preguiça contagiante trazida pelo fog que entrava pelas janelas e dizia da chegada de uma mudança climática. Os dias têm sido ensolarados e com cara de verão, secos. Mas, ontem, o tom pálido coloriu os pinheiros lá fora, produzindo aquele aspecto bruxuleante londrino.
Petrópolis têm clima europeu. Conserva essa atmosfera colonizada pelos alemães e prova sua origem por meio dos transeuntes de traços finos, olhos azuis e cabelos naturalmente loiros, sem tinta. É a singularidade que caracteriza cada parte desse nosso estado, desse país de extensão continental.
Tentei modificar o título do blog, pedi socorro a Débora, mas o blogger não colaborou comigo. Continuo com Um Dia de Sol na Suécia. Tentei pôr a Quarta Dimensão, mas não entrou. Pus reticências e ele também não aceitou. O jeito foi me conformar com a falta de sincronicidade entre o que escrevo e posto e o que o blogger tem vontade de fazer. Acabo ficando à mercê das engenhocas eletrônicas.
Sempre visitando a Porta Lateral descobri o Posta Restante. Confesso que foi um prazer encontrar uma Rosana que nos toca e enche de sentido o dia. Sensibilidade, percepção, escrita gostosa. Temos identificação com determinados blogs, pessoas. E tenho procurado aqueles que se afinam comigo. Gostaria de ter tempo para navegar mais e me aventurar por outros sites, descobrir outros portos, ancoradouros. Por enquanto, engatinho nesse espaço, estou aprendendo com a ajuda dos amigos, a construir uma página confortável e aconchegante para os que vêm até aqui espiar minhas idéias descompassadas. Mas, confesso, que isso tem me dado um estranho prazer. Dividir o que sinto e receber respostas de gente que eu nem conheço. É divertido esse domínio público que interage. O voyeurismo saudável que acompanha cada um de nós.
Então, deixo nessa pequena janela as minhas mal traçadas linhas, as idéias soltas que vão ganhando vida pelo tamborilar dos dedos no teclado, compartilhando mais um dia aí na sua telinha de computador...




sábado, abril 27, 2002



QUARTA DIMENSÃO

Um dos assuntos que realmente mexe comigo é a Magick. E, lendo um texto sobre esse assunto, uma explanação completa, lúcida e abrangente sobre o tema Quarta Dimensão, resolvi trazer para esse espaço um pouco das bem elaboradas idéias de Guerrero. Até hoje não sei o nome verdadeiro dele, o conheço há alguns anos das listas de magia da net. Por algum tempo estivemos mais próximos e pude desfrutar o muito do conhecimento que ele têm a oferecer. Então, divido com vocês, as idéias imperdíveis dele:

Uma das coisas que noto na Internet é o problema da significação.
As palavras guardam sentidos e signficados amplos, alguns deles comuns, o que permite a comunicação, mas muitas vezes termos são usados indicando eventos e fenômenos muito diferentes , mas não se percebe isso e pode até mesmo surgir uma contenda devido a essa confusão.

É interessante que na NET não temos o contato visual com as pessoas, assim as palavras transmitem seu sentido com mais força, pois não há tons de voz, gestual e tudo mais que há numa comunicação "ao vivo" ..

Isto coloca a palavra na net numa condição interessante, pois embora enquanto palavra seja fria, no construir de frases estilos se revelam e aos poucos vamos conhecendo algo das pessoas que escrevem suas mensagens na NET , como são, o que pensam, o que sentem, mesmo que acreditem estar representando um papel ou fingindo algo, ainda assim, se observarmos bem, o estilo de escrever, os termos escolhidos, revelam muito da realidade desta pessoa.

Esta característica da NEt é muito interessante.

MAs em toda relação, mesmo virtual , pode acontecer uma relação onde consigamos nos deslocar e entender a outra pessoa pelo que ela expressa, ou querermos limitar a comunicação a nossos próprios referenciais.

Assim temos na NET o que temos também no mundo, os (as) donos da Verdade, que não debatem um tema, impõe suas verdades, são incapazer de aceitar que há muitas abordagens possíveis da realidade, ainda estão presos (as) a idéia de "uma verdade, um deus e um rei" .

Entretanto vivemos uma realidade onde hoje sabemos que o eletron é partícula e onda ,o fóton é partícula e onda, conceitos antes tida por nunca confluentes .

Confusão de termos.

Tenho observado isso acontecer com a definição de Quarta Dimensão.

O termo quarta dimensão começou a ser usado por certos movimentos que se apresentam como espiritualistas, designa via de regra um estado mais sutil, mais 'espiritualizado" da existência, um dimensão além dessa, para onde o planeta estaria caminhando e após as transformaçòes globais, que agora a maior parte destes movimentos marca para 2012 ( já garantiram que seria o eclipse de 99, já garantiram. que seria em outras datas) os(as) '" escolhidos"(as) as pessoas "evoluídas" iriam para esta quarta dimensão, esta Terra da Quarta dimensão , considerada "superior" evolucionalmente a esta na qual estamos.

Existem vários tratados do meio ocultista que definem como Quarta Dimensão, um estado de energia mais sutil, o que chamam de espiritualizado, para o qual o planeta estaria se encaminhando , muitos movimentos new age e similares , que pregam a "espiritualização" do planeta defendem a idéia que grandes transformações ocorreram no planeta e como resultado dessa transformação parte da humanidade vai pelo ralo e os (as) "bons e salvos" viveram num mundo "perfeito" , 'idilíaco" na Quarta Dimensão.

Em várias versões dessas histórias haverá também um planeta xupão, X, (Xuxa?) que volta e meia alguém anuncia que a Nasa já sabe, embora a comunidade científica de astronomia em todo o mundo, que é capaz hoje de mapear planetas em sistemas solares distantes, nada deste estilo viu no céu. PAra este planeta irão os "maus' , onde recomeçarão tudo.

Interessante como tais histórias ainda estão dentro do juízo final, da "Nova Jerusalém" para os eleitos e do "lugar de choro e ranger de dentes " para os "infiéis" .

Não vou debater sobre a validade essa história, o tema aqui é quarta dimensão.

Pois para os físicos e cientistas em geral, como para as pessoas que tem na ciência fornecedor de paradigmas, quarta dimensão tem outro sentido, outra signficação.

A quarta dimensão é outro eixo desta realidade, é o tempo, que não é uma tela imutável sobre a qual a realidade se projeta, mas é algo dinâmico, algo relativo que se manifesta de forma diferente em diferentes lugares( isto já foi comprovado experimentalmente, em alta velocidade e na proximidade de campos gravitacionais intensos o tempo sofre alteração, um relógio num foguete marca o tempo com ligeira diferença de seu igual na Terra).

Este contínuo espaço tempo surge para a ciência pelos trabalhos de Einstein, uma revolução no pensamento humano que lança raízes em trabalhos anteriores como de Maxxwell e Faraday, que estudando os fenômenos elétricos e magnéticos os quais não podiam ser descritos com eficiência pelos modelos newtonianos introduziram o conceito de campo que já começa a modificar a abordagem da realidade.

Einstein publica em 1905 dois artigos que marcam uma revolução na concepção científica da realidade.

Einstein construiu um estrutura comum para a eletrodinâmica e a mecânica .
Esta teoria unifica e complementa a estrutura da física clássica, entretanto lança profundas e drásticas transformações nos conceitos usuais de tempo e espaço.

Pela teoria da relatividade o espaço não é tridimensional, algo que vem do senso comum e de limites perceptivos nossos, alega também que o tempo não é uma entidade isolada.
Espaço e Tempo estão intimamente vinculados , formando um continuum quadridimensional, o espaço /tempo.
Na teoria da relatividade tempo e espaço estão inter relacionados dinamicamente.

Derruba-se aqui o "tempo fixo universal" o " fluxo universal do tempo" proposto por Newton.

Observadores diferentes ordenarão diferente os eventos no tempo se se moverem a diferentes velocidades relativamente aos eventos observados.

Eventos observados como simultâneos para um observador podem ocorrer em diferentes sequências temporais por outros observadores.

Espaço absoluto, palco dos eventos, como o tempo absoluto, da teoria newtoniana são postos de lado , espaço e tempo são meros elementos da linguagem utilizados por um observador particular para descrever os fenômenos observados.

Os conceitos de espaço e tempo são tão fundamentais na nossa descrição do mundo que ao mudá-los tudo mudou, todas as abordagens científicas da natureza foram revistas e os referenciais clássicos, newtonianos e cartesianos que usavamos para descrever a realidade estão, ainda hoje, sofrendo profunda modificação.

Algo interessante é que esta nova compreensão da realidade que está surgindo da física e de outros campos da ciência, não é tão "nova" assim, pois possui profunda semelhança com o que já foi dito por místicos, magistas , xamãs há eras atras, a ciência indo ao coração da existência encontra uma realidade muito próxima de um Taoismo ou Xamanismo e bem distante das concepções das religiòes dominantes, com seus deuses dominadores e suas verdades prontas a favorecer os ditadores de plantão.

Entretanto existem pessoas que ainda insistem em visões da realidade presas aos paradigmas newtonianos e cartesianos, isto se vê em muitos ramos de magia, que nos séculos passados, quiseram dar "ares científicos" a magia e misturaram teorias diversas gerando uma pretensa explicação da realidade, temos um neodarwinismo espiritual em muitas cosmogêneses e antropogêneses, temos muitas "explicações'" mágica oriundas de uma tentativa de casar a concepção de mundo newtoniana cartesiana com rudimentos de magia.

Vejo que o mesmo acontece com a mistura com religião, da magia, as pessoas ficam vendo anjos e demônios em entes de outras realidades, ficam projetando suas fantasias em algo que é mais complexo e é também bem distinto da abordagem religiosa como da ciência newtoniana..

A maior parte das pessoas ainda não assimilou essa nova descrição da realidade, ainda não transmutou seus paradigmas para esta nova abordagem da realidade, embora possam até usar os termos "quÂntico" , "relatividade" , "partícula onda" ainda o fazem com "interpretações pessoais" ou seja , dão prá esses termos signficados que correspondem a seu "achismo" não ao fato científico que querem demonstrar.

EStou afirmando que a maior parte das pessoas não absorveu esses novos paradigmas e suas consequências na realidade comum , no cotidiano, trabalho com isso, dou cursos e treinamentos de apoio a mudanças de paradigmas para implantação de sistemas operacionais sustentáveis e de melhoria contínua em empresas de vários portes.

Lido com essa dificuldade do ser humano de mudar de paradigmas diariamente..

Nesse ponto temos uma similitude muito grande com a MAGICKA, onde muitas pessoas trazem suas fantasias e condicionamentos e projetam em idéias e conceitos que originalmente estão distantes do sentido do "senso comum" ..

Assim algumas pessoas trabalham com o complexo conceito de Karma, com o sentido de pecado, e por aí vaí, houve apenas resignificação, não houve uma compreensão diferente, fruto de perceber uma nova realidade.

Gurdjieff alerta muito sobre isso, sobre linguagem, chega ao cuidado extremo de criar palavras e termos novos em seu ensinamento, formando as palavras para que o sentido real do que quer transmitir não seja deturpado por associações equivocadas.

DA mesma forma a quântica e a relatividade fazem parte de uma outra compreensão da realidade, e quando meramente interpretadas pelo senso comum e por paradigmas ainda newtonianos acabam deturpadas em seu real sentido.

Heisenberg nos alerta :

"O problema mais difícil no tocante a utilização da linguagem surge na teoria quântica. Aqui , não nos deparamos de início com qualquer guia simples que nos permita correlacionar os símbolos matemáticos com os conceitos da linguagem usual ; a única coisa que sabemos desde o início é o fato de que nossos conceitos comuns não podem ser aplicados a estrutura dos átomos."

Isso é muito sério, pois somos criaturas de sintaxe, descrevemos o mundo pela linguagem, externa e interna, compreendemos o mundo falando com nós mesmos e nos dizendo o que nos ensinaram que era o mundo.

MAGICKA nos permite entrar noutro conjunto de referenciais, onde teremos os mesmos problemas que os físicos de alta energia, a necessidade de um vocabulário mais amplo.

Assim, o termo quarta dimensão, o tempo, parte integrante desta realidade que já vivemos, foi equivocadamente usado por alguns místicos para descrever experiências de outras realidades, ou idéias de um "mundo espiritual para o qual nos encaminhamos" e desta confusão surgem interpretações diversas.

Como mágicko questiono se estas outras realidades, estas outras camadas da vasta cebola chamada Eternidade, estào realmente bem descritas nos tratados que temos acesso, ou investigadores e investigadoras projetaram sua sintaxe, sua imagem do mundo, em entes e eventos reais de outras realidades, mas reduziram a interpretação aos limites do senso comum.

Assim, entes diversos foram encontrados nestas outras realidades, mas muitos podem ter reduzido os mesmos a "anjos e demônios" de acordo com a relação estabelecida, da mesma forma que o contato com outra realidade, como um elétron viajante que entra em outro orbital e tenta descrever a nova realidade com base na linguagem que tinha, baseada num mundo diferente.

sexta-feira, abril 26, 2002



Faz tempo que nada me toca a alma. Ando crua, sem paixão. E as coisas vão e vem mas não fincam morada. Chegam e partem. E eu estou feito barco estacionado num ancoradouro. Solitário. Tenho meus dias de blues, onde o som é lento, compassado, como um lamento choroso de guitarra. Uma voz rouca invade o silêncio, é um sussurro ao pé da orelha, quase tocando o lóbulo.
Há alguém que fala de forma intensa nessa tela cibernética. Me diz de nasceres do sol lascivos e penetrações musicais da esperança. Ele têm força sensorial capaz de produzir as mais incendiárias imagens, desejos. Quem quiser conferir o que mais ele produz é só dar um click aí na Poétic@.
Hoje, pela manhã, encontrei no micro um bom dia especial. E vou deixar pra quem não leu esse amanhecer cinzento e luxuriante dele, que vive na Suécia:

“O dia amanheceu soturno, e com o passar das horas, a inutilidade de
quase tudo ficou eclipsada pela Esperança, que de prontidão aguardava os
acontecimentos espreitando pelo olho da fechadura do tempo.
Por trás das cortinas de fumaça que os fracassos inventam, a solidão
abaixou a calcinha para que o cansaço a penetrasse até a exaustão. E
então, para não destoar do cinza que regia a orquestra, agarrei-me à
lareira com unhas e dentes, e acariciando sensualmente com os lábios
úmidos da imaginação a todas as belas possibilidades que passeavam
insinuantes pelos meus pensamentos, dancei sozinho um tango sem música,
enquanto assinava - como se a obra prima fosse da minha autoria e
propriedade - a partitura da Sinfonia em Sol Maior que o novo dia
escrevera sobre a pele da manhã que despertava.”
Bruno Kampel
























quarta-feira, abril 24, 2002




Se soubesses
que enquanto escrevo
te afago
e enquanto afago
te beijo
e como te agarro
enquanto penso
que te tenho!...

Se soubesses
o quanto e tanto
tenho te sonhado
e em sonhos
possuído até o delírio
dirias que sim
que queres mais
e gritando exigirias
até o meu último suspiro
e eu então
matar-te-ia de prazer
e morreria de paixão
entre os nossos ais
teus quero mais
teus outra vez
e bem dentro de você
entre músculos tensos
e suores densos
fincaria raízes
para todo o sempre.

Mulher Virtual por Bruno Kampel

terça-feira, abril 23, 2002


Fomos ver The Lord of the Rings. Vejo os filmes em tempos diferentes. As pessoas ficam loucas e saem correndo pras salas de cinema.Confesso que esse também provocou vontade de sair correndo, mas por caprichos do destino isso acabou ficando em segundo plano. Sempre um outro programa pintava e me tirava da direção da estória de Tolkien.
Ouvi tantas opiniões, críticas, mas não costumo me guiar por elas. Já vi vários elogiando determinado filme e eu chego lá e é uma tremenda decepção. Bruxa de Blair foi um destes. A jornalista, brasileira, que mora na Califórnia, saiu chocada do cinema com o enredo. Eu fui ávida, crente que ia sair de lá do mesmo jeito. E não é que ao final saí com uma sensação completamente diferente? Achei o filme a maior baboseira. Um besteirol marketeiro muito bem feito pelos criadores da pseudo bruxa. Mas foi só. Nada além de uma sensação de tempo perdido e um terror bem barato.
Então, tenho um amigo que malhou a estória dos anéis.Disse que não teve 'saco' pra assistir um filme cujo protagonista tem o nome de Frodo. Pois, é. Ele nem viu tudo, acho que aturou só a primeira hora do filme. Confesso que não li nenhum dos livros de Tolkien, mas tinha enorme vontade de fazê-lo e hoje após a sessão ela cresceu. Os cenários, os personagens, deusas, bruxos ou magos, todos encantadores. A música, aquele horizonte verdejante, os pinheiros, as corridas entre os arbustos, os cavalos, os lagos. Magia. Na hora da correria, do bem contra o mal, não pude deixar de lembrar de Indiana Jones, guardada as suas diferenças, tempo cronológico, ambientação e etc.. Mas, aquelas fugas, as paredes desmoronando, homens monstrengos e fantasmas do mal surgindo do nada, acabaram provocando o flash com o passado. A tal da conexão com alguma coisa que a retina guardou.
Vi o trailler do próximo episódio e segui os passos do pequeno herói, as novas faces que aparecem na continuação dessa saga, o guerreiro Aragorn, a Senhora da Floresta. E o retorno do poderoso Gandalf. Tá na cara que ele vai surgir com mais força, para detonar o outro mago com cara de anoréxico, feito o Haiden em Mortal Kombat. Quem viver verá.
Surge a voz de Enya ecoando e as luzes se acendendo: The End.



sábado, abril 20, 2002



Resolvi estabelecer contatos perdidos, reatar o que andava precisando de um calor verdadeiro, amigo. Falamos de tantas coisas boas, coisas antigas, sensações que ficaram soltas no ar, aspectos que gostaria de discorrer. E rimos, conversamos, foi gostoso. É alguém que sempre foi querida, desde a primeira vez que a vi, com os olhos pintados de negro, vestido tomara que caia, um rosto de linhas marcantes, raro. Ela têm um ar danado, um senso de humor mordaz, uma percepção acerca dos seres que realmente é intuitiva. Há um conhecimento antigo naquele olhar. Decididamente ela têm uma alma antiga.
Os dias tem sido longos, mais do que eu gostaria. Interesso-me por thelema, visito sites, colho informações, mas acabo dispersiva. Intercalo momentos de curiosidade, busca e aprendizado. Continuo sentindo-me feito barco à deriva, com aquele cheiro de sal que impregna a maresia.
Li sobre escavações no Peru, a descoberta de um sítio arqueológico, com inúmeras múmias Incas e objetos rituais. Um cemitério milenar. Na reportagem cogitava-se o motivo de uma civilização tão avançada ter sido exterminada pelos espanhóis. Segundo a notícia, a razão mais evidente era porque possuíam armas de fogo, enquanto os Incas não conheciam a pólvora.
Descobri que Vênus, Mercúrio, Marte, Saturno e Júpiter estão alinhados e essa formação só voltará a acontecer daqui a 40 anos. Os astrônomos não explicaram o que esse aspecto pode provocar na Terra, mas eu cá com meus botões, acredito que essa conglomeração só pode interferir de alguma forma na atmosfera do planeta. Gostaria de saber o que os astrólogos pensam a respeito. Tenho que fazer uma consulta.
Falando em espaço, os cientistas descobriram que há uma autofagia entre as estrelas. Isso não ocorre em nossa galáxia, mas já marcou uma fase no universo, criando buracos negros em constelações e provocando a formação de outros desenhos no Cosmo. É um aspecto mutante estelar.
Fiz um novo amigo em Cuiabá. Mais uma vez alguém daquela terra quente. Num diálogo notívago criamos um Psicar, uma mistura de carro movido a techno, com um design psicodélico e que funcionaria também como cabine psicanalítica, sob a batuta de Freud. Ele não gosta de Jung, nem Reich e muito menos Lacan. Trocamos idéias sobre os traumas infantis, principalmente o oral. E ele acredita que quem tem trauma oral infantil beija mal. Eu já acho que beijar bem, independe do trauma que se teve em criança.
Alguém me pôs na notify list e cismou com meu nick. Achou que eu gostava da cultura védica, o que não é mesmo a minha praia. O que um apelido acaba provocando no outro. Tivemos uma conversa gostosa no primeiro dia, bem cordial. No dia seguinte, o bicho pegou e ele não suportou minhas alfinetadas. Tem dias que realmente estou com a ‘macaca’. Sou macaco de metal no horóscopo chinês e lá dizem que não há problema que o macaco não possa resolver. Os librianos também são assim.
Ainda bem.


quinta-feira, abril 18, 2002



Eu poderia mandar um email falando da saudade, do quão importante alguns amigos são e permanecem na memória da gente. É o tal do instantâneo que falei ontem, que está aí embaixo. Mas, resolvi postar aqui. Aqui é a minha casa. A Lemniscata têm essa função catártica de dizer o que penso, é por onde deixo a escrita trazer meus pensamentos, materializando-os e ajudando-me a compreender as mil idéias, sentimentos e sensações que existem aqui dentro. Tenho dias de um cinza profundo e que a solidão também se faz companheira. Vontade de deixar as coisas para trás e sair novamente por aí, sem lenço e sem documento, sem perspectivas ou planos traçados. A alma livre para voar, voar alto, voar baixo, rasante, deixar-se comandar pelas rajadas de vento sem medo de cair ou ser surpreendido por um sopro violento.
Li o Falabella agora e lembrei do que encontrei ontem no Expressões Letradas. Minha cabeça ainda está fixa no que disse e vejo que a grande teia invisível está armada: os amigos e o desconhecidos dizendo da saudade dos amigos. A sincronicidade provando seu poder abrangente e ilimitado.
Em sua crônica semanal, Falabella fala dos amigos - os espalhados em outros portos - como você mesma disse. Abaixo alguns pedaços desse mosaico poético que ele escreveu:
“ Tenho alguns amigos espalhados pelo mundo. Amigos mesmo, daqueles de muitos anos, gente que dividiu comigo os primeiros sonhos. Pois alguns desses meus eleitos resolveram reescrever sua história, torcer seus destinos e lançar novas raízes em terras estrangeiras. Tenho saudade deles e, volta e meia, algum instantâneo volta e preenche o meu dia, alheio à minha vontade. E porque ficamos longas temporadas sem qualquer encontro, olhamos para os rostos de um e de outro e descobrimos neles o passar dos anos e a história dos sonhos de cada um, como um mapa que fôssemos desenhando nas faces.
[...]
Nessas horas de silêncio, aqueles que estão longe sempre vêm. As minhas lembranças fazem uma fila longa, esperando atendimento. Acho que com a maioria das pessoas é assim. Há, é claro, aqueles que acreditam que é possível um único olhar para frente. Abrem mão do prazer que é vasculhar o passado, como um sótão de cinema, em busca das próprias preciosidades. Mas todos nós sabemos que isso é tarefa impossível. O amanhã se tempera com o ontem. E é assim que deve ser.
A tarde se foi, e as lembranças vindas, de toda parte e de toda gente que anda distante. À noite, voltando para casa, parei para uma última cerveja e joguei conversa fora com uma moça que andava por ali, à espera de um último cliente. Ela acabou me contando um pouco de sua história, com um prazer envergonhado e palavras escolhidas.Morou na Europa, andou pela Suíça, mas tinha saudades de casa. Se tivesse conhecido algum homem que a desejasse, teria ficado, ainda que com o coração partido. Mas não teve sorte e acabou voltando.A coisa por aqui anda difícil, mas é melhor do que viver com saudade martelando por dentro. Ela era bonita, às vezes, quando tombava a cabeça e apanhava os cabelos com a mão espalmada por detrás do pescoço. Falava bem, gostava do sexo e sabia que, em seu ramo, a promessa do sexo é tão importante quanto o ato, por isso toda ela era uma sedução estudada.
- Quando é que a gente conta o tempo, você sabe? – ela perguntou e, em seguida, bebeu um gole de cerveja, sem tirar os olhos de mim.
- Quando é que a gente conta o tempo? – eu perguntei de volta, sem entender aonde ela queria chegar.
- Quando se ama. A gente conta o tempo quando ama.
E não disse mais nada. Ficou pensativa, assuntou o movimento da rua, engoliu o resto de cerveja do copo, limpou a espuma que ficou nos lábios e piscou um olho maquiado, antes de partir.
Voltei para casa com a imagem daquela mulher na cabeça, descendo a ladeira dos jardins, os saltos batendo na calçada escura. Ainda agora, sentado à frente do computador, a luz brilhante da tela enchendo o quarto, penso no que ela me disse. Nostalgia é sentir a passagem das horas e chorar o dia que passa. Seguindo esse raciocínio, se os nostálgicos contam o tempo, é porque amam. Chego feliz à conclusão.
Agora é hora de ir para cama. Antes, como um ritual, vou visitar alguns amigos que estão por aí, trilhando os caminhos desse vasto mundo. Vou atender algumas lembranças que estão esperando há tempos e, depois, mandar o resto embora. Há muito o que fazer por aqui, agora. Muito trabalho. Um olho aberto para o amanhã e um outro vasculhando o que se foi, Gosto disso. E é com saudade na alma que, no final das contas, a gente avança na estrada. Saudade na alma, um gosto de beijo na boca e alguma esperança no embornal. O resto, acreditem, é excesso de bagagem”.






quarta-feira, abril 17, 2002

Um Click

Palavras são só palavras quando preciso dizer o que move o toque – boom, boom – nas artérias do calor coronário. Quando foco o passado à vida e reproduzo sensações divertidas.
Instantes efêmeros e banais, como fonte a jorrar seu descompromisso. A criança entra à frente da grande roda.
Prezo esse retrato que a memória manteve intacto e o tempo não deixou amarelar. É um grande álbum de família, sem o peso da tradição. Dessa vez trata-se somente de amigos que sabiam extrair prazer dos segundos comuns.
Benjor canta Spyro Gyro e retumba feito peão, rodando, rodando. A cena é engraçada: cabelos cavalgam, num sobe e desce hípico; dentes brancos, arreganhados, prontos para a obturação; roupas esvoaçantes, que teimam em não ficar no lugar; as línguas são detectadas e aparecem nos seus mais diferentes padrões; o céu rosa é avistado em textura macia através do hálito ébrio; e um trenzinho se forma repentinamente.
A energia é intangível, só a vi algumas vezes. Tem-se a noção que não vai acabar jamais e permanecem todos embriagados pelas gargalhadas estrondosas, que descaradamente competem com Jorge. Ele faz-se de surdo e continua a repetir que mora num lugar abençoado por Deus e bonito por natureza.
E, assim, o som segue o ritmo, os acordes flutuando e eu aqui e lá, simultaneamente. Pertenço às duas realidades e a nenhuma delas. Sou capaz de vislumbrar aquele famigerado cabelo preto em olhos nômades: a cigana moleca, com sua saia de retalhos, a flor vermelha no cabelo e a profusão de pulseiras e anéis.
Sem saudosismo, um registro. É flash que sai da retina e revela as fotos da memória.Uma sinapse - click - o instantâneo.


segunda-feira, abril 15, 2002



Ainda estou vibrando na mágicka. Procurando estar em sintonia com aquilo que tem despertado meu interesse. Então, deixarei as descobertas científicas de lado para dar vazão ao feminino, a antiga religião, a Arte. Trago pra vocês um texto do Anuário da Grande Mãe, cujo trecho fala da sombra, o aspecto mais denso e escuro que habita dentro de nós. A parte que é tão forte ou até mais forte que a luz que irradiamos. Estou falando da Lua Negra, sim, a que transmuta energias e provoca novos ciclos em nossa vida.

A Lua Negra Da Transmutação.

A fase lunar denominada Lua Negra acontece mensalmente, nos 3 dias que antecedem a Lua Nova. Durante este período, o fino disco da Lua Minguante diminui até desaparecer na escuridão da noite. Tendo em vista que a luz da lua é, na verdade, a luz solar refletida pelo disco lunar, poderíamos dizer que a Lua Negra "mostra" a verdadeira face oculta da lua.
Durante essa fase de escuridão mensal, os povos antigos reverenciavam as Deusas Escuras, dedicando este tempo a rituais divinatórios, de cura e transmutação. Com o advento das sociedades patriarcais, os mistérios da Lua Negra tornaram-se sinônimo de terror e malefícios.Incapacitados de ver ou compreender o "desaparecimento" da Lua, surgiram lendas e superstições sobre os demônios ou forças malignas que "comiam" a Lua. Dessa maneira, a Lua Negra passou a representar o auge dos poderes destrutivos, vaticinando cataclismos naturais, como inundações, tempestades ou secas e humanos - como guerras, doenças e fome. A Lua Negra era tida com aziaga para qualquer empreendimento, por ser considerada a lua do momento em que os fantasmas e os espíritos malévolos perambulam sobre a Terra e as bruxas executam seus rituais de magia negra. Atribuía-se à Lua Negra a conexão com o mundo subterrâneo por ser regida por divindades em forma de serpente ou com serpentes nos cabelos.
Na verdade, a Lua Negra facilita o acesso aos mundos e planos sutis e às profundezas de nossa psique. Por isso, atualmente é considerada uma fase favorável para trabalhos de transformação e renovação. Somente mergulhando no nosso lado escuro, desvendando os mistérios e as sombras de nosso inconsciente, poderemos achar os meios secretos para nossa renovação. A Lua Negra tem o poder de criar e de destruir, de curar e de regenerar e de descobrir e fluir com o ritmo das mudanças e dos ciclos naturais, dependendo da capacidade individual em reconhecer e integrar sua sombra.
Ao entrar na fase da Lua Negra, podemos presenciar a transição entre a destruição do velho e a criação do novo. É, portanto, um período favorável para rituais de cura, renovação e regeneração. O processo de transformação destrói os padrões ultrapassados de condicionamento, comportamento e estruturação, liberando-nos daquilo que não serve mais, daquilo que é limitante, impedindo nossa expansão.
Os objetivos dos rituais são variados e de acordo com as necessidades de cada um. Podemos criar a remoção de uma maldição, a correção de uma disfunção, o afastamento dos obstáculos ou das dificuldades na realização afetiva ou profissional, a limpeza de resíduos energéticos negativos de pessoas, objetos, ambientes, a preparação ou imantação do Espelho Negro, entrando em contato com os ancestrais ou com as Deusas Escuras como Hécate, Medusa, Kali, Ereshkigal, Hel, Sekhmet, Sheelah Na Gig, Oyá e Cailleach. As palavras-chave para esses rituais são complementação, finalização, dissolução, introspecção, tradição, sabedoria, morte e transmutação.



sábado, abril 13, 2002



Os símbolos tem ocupado exaustivamente minha mente, principalmente os mágicos e os utilizados em rituais e encantamentos. Por mais distante que pareçam estar, ao contrário do que imagino, ganham força e estabelecem uma conexão presente em meu dia-a-dia. Esse aspecto contraria a linha que tenho buscado, levando-me ao que já tinha estudado Será que ficou pelo caminho alguma coisa que não explorei?! Será que nos rituais com a Deusa e Dioniso relaxei em determinado ponto ou deixei que algo relevante passasse batido? Não sei dizer.
O que sei é que tenho procurado na rede os símbolos com cobras. Alquímicos e de witchcraft. O oroborus é um destes talismãs, além de todos os pentagramas e suas variações, indo de Salomão a Baphomet. Encontrei uma loja virtual americana repleta de bugigangas mágicas e uma filial brasileira, localizada em Sampa. Pensei em comprar alguns, encantei-me com outros pela estética. Vi um com dragões e outros com lua. E um símbolo que até aqui não havia conhecido, originário dos celtas: possui três pontas, como um triângulo de lados exatos, cujo desenho lembra flores estilizadas. Ainda não descobri o motivo para o interesse, mesmo que eu ande lendo sobre thelema, uma ramificação mágica que me atrai mais. Tem mais a ver comigo. Aleister Crowley e suas máximas, pra você Rogério que adora frases que a gente retém: ‘Faça o que tu queres que esse é o todo da lei’ ou ‘Todo homem e toda mulher é uma estrela’. Essas duas são as mais populares, as que saem mais fácil pela boca, mas é no Livro da Lei que encontramos muitos outros significados para todo o código oriundo de Aiwass.
Esse post parece um grande carnaval pra quem não sabe do que estou falando. Aqui o objetivo é discorrer sobre os pensamentos obsessivos, as compulsões que tomam minha mente e não dão trégua. Tenho me sentido assim com a magia. Como uma parte que precisa ser reavivada ou trazida à tona.
Quando mergulhei no universo wicca estive próxima demais de Dioniso. Senti algo que nunca havia sentido. Eu via sua figura ao meu lado e isso provocava um frisson, como se eu estivesse conectada com a minha parte mais primitiva, mais lasciva. Os sentidos em verdadeira ebulição, as percepções e sensações mais afloradas. Aquela presença masculina me acompanhou durante um tempo e trouxe uma visão diferente acerca da magia. Hoje, sei que deuses existem. Como existem várias outras vibrações e energias. Cabe a gente fazer as escolhas, sejam elas quais forem.


quinta-feira, abril 11, 2002


Andei pensando sobre afagos. Quem não gosta deles? De um cafuné inesperado?
Normalmente nos esquecemos até de dar bom dia pro vizinho ou pro colega de trabalho. Estamos tão ocupados olhando pro próprio umbigo que não ligamos pro que nos cerca. Nossos problemas são sempre o mais importante. E, seguindo esse raciocínio, esquecemos os gestos simples, as ações que modificam o outro e geram um clima harmonioso ao nosso redor. Contudo, há os que chegam e trazem sensações gostosas. Aquele sentimento único de bem-estar. Leia-se um sorriso, um aperto de mão, um abraço caloroso, uma saudação verdadeira. Não é um ato mecânico, instituído.
Andei pensando também numa frase que li.Parei para me observar e os que estão à minha volta, comunicando-se. De um modo geral, não prestamos atenção no que o outro diz. Estamos preocupados em deixar que o outro termine a explanação para então falarmos. A questão aí é que não ouvimos o que o interlocutor está dizendo, mas estamos dando o tempo necessário para então dizermos o que pensamos. Acredito que esse ato seja mais recorrente do que imagino.
Estou discorrendo sobre idéias. Comportamentos sociais e atitudes generosas. E, quando essas atitudes nos trazem um horizonte límpido e refrescante. Como se fosse um banho de cachoeira a lavar nossa alma e a nos mostrar que os amigos são importantes. Às vezes, um email pode provocar um novo sentido em todo o nosso dia. E foi assim que recebi um bilhete de uma moça que há muito não falo. Ela é de Porto Alegre, engraçado porque é mais uma gaúcha que conheço. Nunca nos vimos pessoalmente, mas a empatia foi imediata desde a nossa primeira mensagem. Com o tempo, me desvinculei de uma lista na qual nos conhecemos e parti para outros caminhos. Recebi uma mensagem do Mail List que ela distribui e resolvi escrever. Falei da vida, do que eu andava fazendo, se ela ainda se lembrava de mim. E vejam o que ela escreveu:

“[...]
Eu vou indo, vivendo e vendo o outono, que é a estação que mais amo.
Nada de grandes notícias: voltei a nadar, tenho um vaso de crisântemos
bem amarelinhos em cima da mesa, tenho uma lagarta de pelúcia chamada
Teóphila Flora, a lagarta ecológica - essas besteiras que fazem a colcha
da vida.”

São essas alegorias que dão sentido a existência e nos mostram como pessoas afins jamais perdem o caminho de volta. Estarão sempre próximas, mesmo que não fisicamente ou na comunhão diária de letras dos emails. A união transcende, não faz parte do aqui e agora. É cumprimento de alma a alma, sem explicação.




quarta-feira, abril 10, 2002



O texto de Herbert Emanuel nos conta um pouco sobre a origem da prostituição e as ramificações acerca desse tema. E como achei bastante didático, divido com vocês as anotações sobre o desenrolar histórico dessa prática.


A prostituição é uma das mais antigas profissões do mundo. Aliás, em algumas civilizações como a babilônica e a suméria era tida como uma atividade sagrada, ligada aos rituais da fertilidade, do amor e da guerra. Há muitos nomes para estas prostitutas: Inana/Ishtar, Hierodula, que significa literalmente "serva dos deuses","serva sagrada", alguém que em geral está a serviço de uma Deusa. Mas o preconceito
também remonta de muito tempo, o historiador grego Heródoto, que muito viajou pela Mesopotâmia Antiga (ou pelo menos escreveu extensamente sobre países e
culturas diferentes da grega), dá-nos o seguinte relato:

Os Babilônicos tinham por hábito levar cada mulher adulta,pelo menos uma vez na vida, a sentar-se no templo de Ishtar e lá consociar-se com um estranho. Sentam-se dentro do átrio sagrado, com guirlandas de correntes ao redor de suas cabeças - e há sempre uma grande multidão, alguns vindo, outros indo; linhas de corda marcam os caminhos em todas as
direções entre as mulheres, e os estranhos passam ao longo delas para fazerem suas escolhas. ...

A moeda de prata pode ser de qualquer tamanho e não pode ser recusada, pois é proibido , uma vez que foi jogada, ela é sagrada. A mulher vai com o primeiro homem que lhe jogou dinheiro, e ninguém é rejeitado. Quando ela tiver ido com ele, e assim satisfeito a Deusa, ela volta para casa. ( Heródoto, Livro 1, Cap. 199).
Ao rotular de "um costume deveras vergonhoso", é patente o preconceito de Heródoto para com esse tipo de atividade. O significado original de prostituta literalmente é "aquela(e) que está no lugar de outrem", mas o termo foi degradado para evocar condições sociais e padrões morais. Meretriz, por outro lado, soa como desaprovação bíblica e eclesiástica. Hetaira tem um determinado contexto sócio, histórico-cultural específico para a Grécia,
e cortesã refere-se à associação de um aristocrata com uma amante de alta classe (Leick, 1994).

Na modernidade do século 20, as coisas não mudaram muito; há um curioso livro alemão, intitulado "Die Prostitution Als Psichologisches problem", que pretende estabelecer algumas "definições" (?) do que seria uma prostituta. Segundo este livro, esta se caracteriza por:
* Entregar seu corpo e realizar atos sexuais para satisfazer a libido de um parceiro.· Fará isto para receber uma forma de remuneração que poderá ser: dinheiro,presente ou qualquer beneficio.·

* Não conhecer os parceiros ou clientes.
* Aceitar, sucessivamente, número ilimitado de parceiros.
* Não possuir elemento emocional, tal como, amor, afeição, simpatia e sensação sexual.· Não ter intenção de procriar.

Uma das pretensas definições acima que mais nos chamou a atenção, é a afirmativa de que a prostituta seria uma pessoa destituída de qualquer sentimento, incapaz de estabelecer uma cartografia afetiva com quem quer que seja. A partir desta perspectiva, seria impossível pensar na prostituta como uma pessoa que tal como nós, ama, apaixona-se, e que, portanto, está sujeita a todas as dificuldades e impasses que este ato significa. Na verdade, para entendermos melhor esse tipo de preconceito, faz-se necessário pensar um pouco esta relação entre sexo amor no mundo ocidental.

Os gregos, antes de Platão (e até mesmo na sua época) não costumavam separar essas duas coisas? sexo e amor. Segundo Michel Foucault, os gregos possuíam uma ética sexual muito rígida, que estabelecia os padrões de comportamento quanto ao "uso dos prazeres". Uma ética que era muito mais uma estética sexual, isto é, uma erótica, entendida como sendo a arte refletida do amor e, singularmente do amor pelos rapazes. (Uso dos Prazeres, Rio, Ed. Graal, 1984, p. 201).

E em que consistia essa erótica? Segundo ainda Foucault, quatro características a determinam:

1ª A dessimetria das idades: Sempre um mais jovem (que ainda não ganhou a maturidade política) com um mais velho (que já atingiu a maioridade política), estabelecendo-se entre ambos papéis sexuais muito bem definidos. O jovem, o erômeno (amado) será sempre
passivo com relação ao mais velho, o erasta (o amante).

2ª A arte de cortejar : Oferecer presentes, prestar auxílios, inclusive,pedagógico.

3ª A liberdade: Marca uma distinção fundamental em relação o casamento; o jovem é livre para aceitar ou não ser cortejado.

4ª A temporalidade: O tempo de duração do amor. A navalha que cortava os primeiros fios de barba do jovem grego, que marcava a passagem da adolescência para a vida adulta, era a mesma que cortava os fios do amor. Era preciso estar preparado para essa separação.
O amor deveria transformar-se em amizade,eros em filia.

Em suma, a erótica grega era uma arte de amar, visava a demarcar os limites entre o bom e o mau amor, o que convém e o que não convém fazer para obter o consentimento do amado. Uma arte da conquista, portanto. E que não separa sexo de amor, a atração
pelo belo corpo. E aqui começa a diferença entre a erótica grega e a erótica platônica. Ou melhor, a subversão da erótica grega proposta por Platão, pela boca de Sócrates, e que irá influenciar, sobremaneira, a concepção cristã de amor e toda essa dicotomia sexo x amor que virá depois.

Segundo ainda Foucault, a erótica platônica opera quatro deslocamentos em relação à erótica grega. São eles:
1° O ontológico: Faz-se necessário definir o que é o amor. Para os gregos, era óbvio que o amor era um deus; para Platão, nem tanto, no máximo era um intermediário entre os homens e os deuses.
2° O objeto do amor: A verdade e não mais o belo corpo; portanto, algo mais espiritual do que concreto.
3° A simetria amorosa: Nada de ativo e passivo, ambos são sujeitos do amor,amante-amado, amado-amante.
4° A relação mestre-discípulo, amante-amado: O mestre, o amante, por ser mais velho, orienta o discípulo, o amado, na busca amorosa da verdade. Daí para a concepção cristã foi só um passo. E o sexo e o amor começaram a ser percebidos como coisas bastante
distintas, como na música dos titãs: "Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo?. O sexo como alguma coisa puramente biológica, e o amor como algo
“ especial “, "mais profundo", "coisas da alma", etc..

Quem pratica o sexo pelo sexo, é alguém desprovido de amor? Como se traçaria uma cartografia amorosa das(os) chamadas(os) profissionais do sexo? Prostitutas(os) não amam? O beijo na boca seria impossível? Eis aí um tema interessante para pesquisa.
É claro que não devemos deixar de lado outros aspectos também importantes no que diz respeito à prostituição: a relação com o cafetão/cafetina, com a polícia, a
exploração sexual, inclusive, infantil. No entanto, acreditamos que um trabalho que dê conta da afetividade das(os) chamadas(os) profissionais do sexo, poderá contribuir ? e muito - para a redução do estigma social que recai sobre essas pessoas,
possibilitando-nos a pensar também esses outros aspectos acima mencionados.


segunda-feira, abril 08, 2002


Zapeando descobri que iria passar na Fox 'Clube da Luta'. E foi um encontro providencial e ao mesmo tempo familiar. Juntar aspectos comuns à minha realidade com outros que estão bem distantes dela. Mundos antagônicos que se fundem para provocar algumas idéias destemperadas na cabeça. Que seja underground, ou pouco luminoso, mas é dessa obscuridade que é reacesa a chama do pensar. De que adianta toda a luz se não há trevas para duelarem. De que vale Deus sem o diabo, o anjo que ousou desafiá-lo.
Os conceitos pouco importam numa sociedade consumista, sem eira e nem beira interior, calcada na propaganda bela e oca que nos chega diariamente por meio da mídia. Quantos sonhos de consumo em vão, quantos bolos com coberturas e desenhos fantásticos, mas com um recheio vazio. E quanto mais se têm, mais se quer. Queremos dinheiro para comprar. E tê-lo nos deixa acima do bem e do mal, como deuses a gerir a vida material, fazendo dela um castelo que vai se moldando conforme o novo produto que aparece na telinha, no outdoor, nas bancas de jornais.
Não, não sou contra o consumo. Sou uma consumidora voraz de futilidades estéticas. Capaz de gastar parte do salário com coisas que pra muita gente é supérfluo. E gosto de testar, experimentar, verificar em loco como a coisa se processa. Encontros fortuitos, experiências desastrosas. Entretanto, isso faz parte do show....
Andei pela net e pesquei algumas frases do filme. É amostra pra quem não viu. Talvez pra quem lê soe estranho ou sem sentido. Mas, dentro do roteiro, seguindo a trama, elas nos dão possibilidades para derrubar alicerces e conceitos bolorados.

"Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida."

"Fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema e do rock. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso".

A propaganda nos faz correr atrás de coisas, trabalhos que odiamos, para acabar comprando o que não precisamos".

"você não é o dinheiro que tem, nem o carro que dirige...",

"As coisas que nos pertencem acabam tomando conta de nós. Apenas após um desastre você pode ressuscitar. Só depois de perder tudo é que ficamos livres para fazer qualquer coisa. O Clube da Luta representa esse tipo de liberdade".


+ This is your life +

Você abre a porta e entra.
Está dentro do seu coração.
Imagine que sua dor é uma bola de neve que vai curar você.
Isso mesmo.
É a sua dor.
A dor é uma bola de neve que vai curar você.
Acho que não.
Esta é sua vida.
É a última gota pra você.
Melhor do que isso não pode ficar.
Esta é sua vida.
que acaba um minuto por vez.
Isto não é um seminário.
Nem um retiro de fim de semana.
De onde você está não pode imaginar como será o fundo.
Somente após uma desgraça conseguirá despertar.
Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser.
Nada é estático.
Tudo é movimento.
E tudo esta desmoronando.
Esta é sua vida.
Melhor do que isso não pode ficar.
Esta é sua vida.
E ela acaba um minuto por vez.
Você não é um ser bonito e admirável.
Você é igual à decadência refletida em tudo.
Todos fazendo parte da mesma podridão.
Somos o único lixo que canta e dança no mundo.
Você não é sua conta bancária.
Nem as roupas que usa.
Você não é o conteúdo de sua carteira.
Você não é seu câncer de intestino.
Você não é o carro que dirige.
Você não é suas malditas calças.
Você precisa desistir.
Você precisa saber que vai morrer um dia.
Antes disso você é um inútil.
Será que serei completo?
Será que nunca ficarei contente?
Será que não vou me libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: você precisa desistir.
Digo: evolua mesmo se você desmoronar por dentro.
Esta é sua vida.
Melhor do que isso não pode ficar.
Esta é sua vida.
e ela acaba um minuto por vez.
Você precisa desistir.
Estou avisando que terá sua chance.







sábado, abril 06, 2002



Pelo dedo
primeiro
do teu pé,
em curva
senoidal
de sobe e desce,
tocando
um a um
que se umedece,
falanges,
cinco unhas,
vante e ré,
solado,
metatarso,
calcanhar,
telúrico sabor,
salivo o pêlo
do contorno
de todo o
tornozelo
alternando
entre o
beijo e o
respirar...
lambuzo a
panturrilha
ondulada,
e encosto a
pele áspera
do rosto,
misturo
assim o
meu com o
teu gosto,
de boca e
de pele
já suada...
avanço
no joelho,
alcanço a
coxa,
mordidas
de mentira
em toda
parte, o
beijo a
pintar
obra-de-arte:
às vezes
nuvem
rubra,
às vezes
roxa...
(e as mãos e os
pés dos dois
rasgando a
colcha...)
subindo
pelo "S"
do quadril,
no rastro
salivar
chego ao
umbigo,
(de tão
pesados os
olhos,
só lobrigo...)
te ouço
sussurrar
um "não"
sem til...
na reta que
inicia-se
no ventre,
deslizo à
divisa
dos teus
seios,
no ritmo
pendular,
paro no
meio, e o
terno beijo
alterno
calmamente...
em todo o
teu pescoço
faço um giro,
molhando a
superfície
perfumada,
e após uma
descida
demorada,
eu cravo a
jugular,
feito vampiro...
adentro
umedecendo o
teu ouvido,
volteio,
vou e volto,
saio e entro,
penetro,
molho tudo,
fora e dentro,
(teus olhos,
como os meus,
calam franzidos...)
em torno
dos teus olhos
faço um 8
nariz,
maçã do rosto,
tudo beijo,
de tão extasiado,
não mais vejo,
e suga
minha boca
um beijo afoito...
encontram-se,
duelam-se,
se enroscam...
procuram-se,
encontram-se,
se tocam...
descansam,
brigam,
chupam-se,
se trocam...
de súbito
desço ao
vértice do "V"
que formam
tuas coxas
levantadas
e sorvo
e absorvo
em golfadas
o néctar que
me inunda
de você
Antoniel Campos




quinta-feira, abril 04, 2002


Miguel Falabella voltou. E intimamente sorri ao me deparar com sua crônica semanal no matutino. Sorvi o córrego de letras que se figuravam à minha frente. E pensei por um instante: Como alguém, tão distante, com uma realidade singular consegue com suas idéias produzir uma tal energia capaz de fazer da leitura um ato compulsivo? Devorei o texto em segundos. O que afinal faz a gente pulsar com mais força, quando o recôndito do ser emerge tal qual uma onda gigante, assolando a mesmice das notícias do mundo que nos cerca?
Quando ele conta da viagem pelo nordeste, por um Brasil muitas vezes estranho e desconhecido- principalmente prá gente que vive no sudeste, num estado considerado um dos mais bonitos e urbanos - vejo o quanto preciso andar, desbravar os cantos ainda encobertos desse meu país. Explorar a geografia pobre de recursos mas rica em belezas naturais. Provar iguaria e o hábito regional, aquilo que passa despercebido e que por isso mesmo determina e marca sua história. Os detalhes que moldam o todo e constroem universos paralelos, principalmente aqui do outro lado desse território imenso.
Como ele diz: “Dias de sertão, dias de luar escancarado e de muita conversa jogada fora. Mas, também, dias de olhar para dentro, acalmando as perguntas não respondidas e as graças não alcançadas. Dias mágicos em Pernambuco, mexendo o corpo ao som do sanfoneiro, que esse xote é forte, mas esse xote é bom!Dias de banquetes, as mãos claras de Diva temperando o bode e arranjando as camadas do arrumadinho, a carne-de-sol fica embaixo,a farofa e o feijão no meio e os legumes cortados colorindo o topo, acho que é isso. Outras tentações nas sobremesas, nas ruas e no cheiro de manacá que às vezes faz uma visita”.
E nesse Diário de Bordo, ele volta ao Rio e as interrogações surgem a minar seus pensamentos por segundos, interrompendo por instantes, a previsível trajetória de retomar o lugar de origem. Assim ele faz: “No avião de volta, meu coração começou a se anuviar, pensando nas tantas coisas eu tenho que fazer, nos tantos problemas que ainda preciso resolver. O Rio era uma renda de luz embaixo e eu já estava cheio de saudade daquela felicidade roubada de Clarice, clandestina, suada e imensa.
E se eu não voltasse? Acho que todos nós temos esse tipo de fantasia, em alguns momentos da vida. Se pudéssemos recomeçar, depois de ter traçado o esboço. Se pudéssemos reescrever algumas passagens do livro de nossas vidas teríamos melhorado o estilo? O existencialismo de bolso me assaltou enquanto a pista do aeroporto apareceu, brilhando na noite, como o colar de uma das dançarinas do bacanal de Herodes. E se eu não voltasse?”
E se a gente não voltasse? E se reescrevesse de fato uma nova estória? Como ela seria?




quarta-feira, abril 03, 2002



Rogério falou do outono e do frio que chega em Poa. Petrópolis apesar da distância geográfica possui semelhanças, como o clima ameno e o fato de ter sido colonizada por um povo europeu. Perguntou da vida e do cotidiano, das coisas comuns do viver. Gostaria de achar picolé de limão delicioso, já falei isso pra ele, mas não é algo que desperte o salivar na boca. Aliás, não ligo pra sorvete, no máximo profiteroles com calda quente de chocolate ou cassis. Estou de dieta, querendo matar os quilos que me afastam da minha calça 38. Perdi três e vou deixar o restante por aí....
As saladas têm sido a minha atual companhia. Fugi um pouco na Páscoa, é verdade. Mas, já contrabalancei ao retomar a semana congelando meus chocolates. Além destes, ganhei presentes, instituí assim para dar trégua à gula.
Pensando nela, andei meditando qual seria meu maior pecado. Creio que a preguiça. Sinto desânimo só de pensar em fazer exercícios. Estive numa fase malhadora, mas por uma série de circunstâncias e a minha falta de empenho, desisti. Voltei à ioga, onde encontro elasticidade, enrijecimento muscular e um estado íntimo harmonioso. Estou ainda pensando, librianos vivem pensando, se entro na capoeira ou se volto ao sapateado. A primeira eu nunca pratiquei e sinto que vou adorar fazê-lo, mexer o corpo ao som do berimbau. Já a segunda, o sapato com chapinha está lá no canto do armário esperando para voltar a ativa. É engraçado como a gente não esquece os passos básicos e sabe perfeitamente como fazê-lo tinir, produzindo os sons característicos de cada pedaço de metal, do agudo ao grave, além da batida singular com a ponta do sapato.
Certa vez,ao conhecer uma amiga virtual que morava nos Eua, ela disse ao me encontrar pessoalmente: você tem jeito de bailarina. Bem, eu questionei o porquê mas ela não soube explicar. Deve ser algo que trago desde menina, quando fiz balé clássico. Com o tempo diversifiquei pelo moderno, jazz, sapateado. Quem sabe numa das minhas encarnações eu tenha vivido num Rendez-vous, dançando Can-Can e bebendo muito vinho na companhia de Lutrec? Who knows?!
Quando adolescente cresci cercada de amigos que faziam de pincéis e tintas seu ofício e experimentavam as várias técnicas que iam sendo descobertas. Além dos que estudavam música e teatro. Tenho um pai desenhista de quadrinhos e uma mãe que dava aulas de artesanato. Apesar disso, não tenho tanta afinidade com o desenho, creio que a literatura esteja mais em sintonia.
Não levo jeito pra contar coisas pessoais. Mas, aqui abro uma exceção, moço, pra levar a você pequenos detalhes dessa minha trajetória.O restante é surpresa, linhas que serão escritas nos próximos dias que chegam embalados por esse clima outonal...folhas secas, desprendendo das árvores...bucólicas cores que a natureza vai pintando.

terça-feira, abril 02, 2002



Fogueiras marcam as encostas sinuosas
Figuras dançam ao redor e ao redor
Para tambores que pulsam ecos das trevas
Movem-se ao som pagão

Algum lugar em uma memória oculta
Imagens pairam diante de meus olhos
De perfumadas noites de palha e de fogueiras
E dançam até o próximo nascer do sol

Posso ver luzes ao longe
Tremendo na escura capa da noite
Velas e lanternas estão dançando, dançando
Uma valsa na noite de todas as almas

Figuras (...) curvam-se nas sombras
Detêm na altura enquanto as chamas pulam alto
O cavaleiro verde segura o arbusto sagrado
Para marcar onde o ano velho passa

Fogueiras marcam as encostas sinuosas
Figuras dançam ao redor e ao redor
Para tambores que pulsam ecos das trevas
E movem-se ao som pagão

Em pé na ponte que cruza
O rio que vai para o mar
O vento é repleto de mil vozes
Elas passam pela ponte e por mim...

("All Souls Night"; música e letras de Loreena McKennitt,
versão em português de Pablo Antunes)


segunda-feira, abril 01, 2002

Ganhamos novas cores...
Colorimos de amarelo e tons de carmim.
Tudo aquilo que enche de calor o espírito. Focos de verão no outono.
Um traço de energia no nublado do cotidiano.
Viramos uma página e abrimos mais 30 dias de uma nova vida...
Chega Abril...