sábado, abril 06, 2002



Pelo dedo
primeiro
do teu pé,
em curva
senoidal
de sobe e desce,
tocando
um a um
que se umedece,
falanges,
cinco unhas,
vante e ré,
solado,
metatarso,
calcanhar,
telúrico sabor,
salivo o pêlo
do contorno
de todo o
tornozelo
alternando
entre o
beijo e o
respirar...
lambuzo a
panturrilha
ondulada,
e encosto a
pele áspera
do rosto,
misturo
assim o
meu com o
teu gosto,
de boca e
de pele
já suada...
avanço
no joelho,
alcanço a
coxa,
mordidas
de mentira
em toda
parte, o
beijo a
pintar
obra-de-arte:
às vezes
nuvem
rubra,
às vezes
roxa...
(e as mãos e os
pés dos dois
rasgando a
colcha...)
subindo
pelo "S"
do quadril,
no rastro
salivar
chego ao
umbigo,
(de tão
pesados os
olhos,
só lobrigo...)
te ouço
sussurrar
um "não"
sem til...
na reta que
inicia-se
no ventre,
deslizo à
divisa
dos teus
seios,
no ritmo
pendular,
paro no
meio, e o
terno beijo
alterno
calmamente...
em todo o
teu pescoço
faço um giro,
molhando a
superfície
perfumada,
e após uma
descida
demorada,
eu cravo a
jugular,
feito vampiro...
adentro
umedecendo o
teu ouvido,
volteio,
vou e volto,
saio e entro,
penetro,
molho tudo,
fora e dentro,
(teus olhos,
como os meus,
calam franzidos...)
em torno
dos teus olhos
faço um 8
nariz,
maçã do rosto,
tudo beijo,
de tão extasiado,
não mais vejo,
e suga
minha boca
um beijo afoito...
encontram-se,
duelam-se,
se enroscam...
procuram-se,
encontram-se,
se tocam...
descansam,
brigam,
chupam-se,
se trocam...
de súbito
desço ao
vértice do "V"
que formam
tuas coxas
levantadas
e sorvo
e absorvo
em golfadas
o néctar que
me inunda
de você
Antoniel Campos