segunda-feira, julho 25, 2005

CINEMA É A MAIOR DIVERSÃO II

Como falar em cinema e não lembrar dela, maravilhosa, Rita Hayworth. Então, pra dar continuidade à brincadeira iniciada pela amiga Li Stoducto, vamos as respostas:


1. Melhores filmes dos últimos anos:

The Hunger
Snatch
Magnólia
Vanilla Sky
Matrix (a trilogia)
Clube da Luta
Delikatessen
As Pontes de Madison
O Advogado do Diabo
Star Wars III

2. Filme da vida:

Matrix


3. Atores com "pujança"

Clint Eastwood

Robert de Niro

Jack Nicholson

Dustin Hoffman

Morgan Freeman

Anthony Hopkins

Denzel Washington


4. Atrizes de mão cheia

Meryl Streep

Susan Sarandon

Jodie Foster


5. O meu musical:

The Phantom of the Opera


6. Realizador(es) com r grande:

Stanley Kubrick
Pedro Almodóvar
Alfred Hitchcock
Woody Allen
Federico Fellini
Charle Chaplin

quinta-feira, julho 21, 2005



"A busca científica é uma entrega ao mistério maiúsculo, é essencialmente espiritual. Nessa procura, que você faz às cegas, apalpando o desconhecido, você está inventando o que significa ser você. Somos todos feitos de estrelas. Todo o carbono, o manganês, o cálcio que tem em seu corpo vieram de uma supernova que explodiu perto da nebulosa solar há 5 bilhões de anos. Quando você se coloca como um ser cósmico, a perda se transforma em algo mais aceitável porque é a lei do Universo. Quando você destrói alguma coisa, outra é criada".

Marcelo Gleiser

segunda-feira, julho 18, 2005

ESTÁTUA

Ele chegou e estancou: uma estátua de bronze, reluzente.
Os olhos pareciam vivos, cintilavam ao encontrar os seus.
Fixos, eles o seguiam onde quer que ia.
Andou por todo o salão e retornou a ela.
Imóvel, parecia ter vida.
Tinha a nítida sensação de que uma ação mais brusca lhe traria ar aos pulmões.
Aproximou seu corpo quente daquela massa metálica,
grudou seu sexo no dela, hipnotizado, abraçou-a.
Deixou que a temperatura se igualasse.
Colou seu rosto no dela, sentiu seu perfume ocre.
Encostou seus lábios no dela.
E no instante seguinte, envolto naquele ardor, embevecido pelas sensações,
ela cravou as unhas em suas costas, penetrou fundo suas entranhas.
Uma dor lancinante percorreu todo seu corpo, ele sem ar, atônito, olhos arregalados.
Ela, cheia de si, esfregou seu sangue na parede...

quinta-feira, julho 14, 2005

GRAMÁTICA

" Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se
encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto
plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o
artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas
com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco
átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios
de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar
sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as
reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo,
pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns
sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando
o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e
pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão
verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo
uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe
dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando,
sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela
foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e
rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que
iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele
sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão
minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam
nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É
claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente
oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela
totalmente voz passiva, ele voz ativa.

Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi
avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele,
com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela
era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o
pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício.

Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos
nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições,
locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa
acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu
seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma
metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e
mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não
era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando
dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do
sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto,
comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo
claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo
nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um
complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que
poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em
seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o
verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu
trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino
colocado em conjunção coordenativa conclusiva. "

terça-feira, julho 12, 2005

CINTILAÇÕES

Deitou-se e deixou que ele fizesse o que quisesse, sem imaginar o que viria.
Derramou por todo o seu sexo milhões de pedras, vítreas, faiscantes.
Cuidadosamente, as dispôs sobre seus pêlos, enfileirando-as até o umbigo.
Os diamantes cingiam a pele queimada, cintilações.
Gelo que despertava todas as sensações, principalmente o arrepio.
Assim, como uma estátua, ali ficou.
Deixou-se fotografar, como a retina que tudo retém e imortaliza.

segunda-feira, julho 11, 2005

LEMNISCATA

Com as pontas dos dedos
Me encontras...
Com a palma das mãos
Me seguras...
Com teu corpo inteiro
Me fazes reviver...
Mas somente com o coração
Podes me conhecer...
Do fim ao começo,
Equilíbrio...
De uma ponta à outra
Sem começo,
Sem intervalos,
Sem fim...

Vinha

domingo, julho 10, 2005

ESPIRAL

Ele nunca disse que a amava.
Mas de uma forma inconsciente ela sempre soube disso.
Ao caminhar pelas verdes colinas, ao sentir o vento batendo no rosto, na gelitude da estação sempre o soube.
Ele sempre esteve ao lado dela,segurando sua mão, dizendo: prossiga.
E é esse enleio que lhe dá a certeza de que ele está sempre perto, ainda que a distância física exista.
Para os pensamentos, sentimentos, nada disso é relevante. Para esses só ondas e magnetismo, congruência de afinidades e belos sonhos.
Muitas vezes ela quer colo, sim. Feito criança, não como mulher.
Muitas vezes os sentimentos estão aquém da idade, assim como, o turbilhão que se avoluma em seu peito.
Nunca soube lidar com os avassaladores, esses sentimentos inesperados que tangenciam sua alma.
Como num eterno espiral, a tentar domar o ímpeto, o que pulsa e vibra na alma.
Estar em sua companhia, ainda que embalada e ninada por letras, metáforas, a deixa forte, ciente de que lá na frente um oceano, à beira mar, a perscruta, perscruta ele também, e os fazem invencíveis, imortais.