terça-feira, dezembro 30, 2003

2004

Chegamos enfim a mais uma enseada.
Aquela de margens rasas e azuis que diluem o sol a pino.
Um barco e um cais. Uma chegada e quem sabe uma partida breve.
O Natal ficou para trás, como acho que deve sempre ficar.
Não gosto, nunca gostei e acho que sempre será desse jeito.
Nada de exageros e comilanças. Pelo contrário.
Passarinho ciscando aqui e ali, no fundo prova de tudo.
Degustação, prefiro assim.
Pessoas queridas e cuidados, presentes e carinhos.
Bola verde a divertir o 25 passado. Falei dele no comentário do solstício.
Um pouco de vinho, um bocado de chope com os amigos esses dias.
Churrasco, confraternização, rodízio de pizzas, reuniões e comemorações.
Não consegui ficar quieta, não tive tempo para lamentos, só para o riso.
Casa só minha, cão-filhote a fazer travessuras, periquitos e milho alvo.
Jabotis que saem ao calor do astro rei: na boca alface e pão com leite.
O Ano Novo se aproxima, sempre prelúdio, a certeza na esperança.
Desejo de ir além, de construir e solidificar essa trajetória espiritual.
A tarde avança, quente, o verde ainda mais verde.
Não sei se vou com essa cor ou se volto ao tradicional branco.
As cores e seus símbolos. Por baixo, rosa.
Crendices que povoam o imaginário, o meu e o seu.
Alguns nem aí.
Se tudo fosse igual qual seria a graça?
A você que lança redes ao mar um 2004 de muita fartura e felicidade.




quinta-feira, dezembro 25, 2003

SOLSTÍCIO

O solstício de verão no hemisfério sul ocorre entre os dias 21 e 23 de
dezembro, pelo calendário gregoriano. É quando o Pai Sol, a energia solar
que começou sua ascenção no Solstício de Inverno em Junho, está no seu
apogeu e começa gradativamente a se recolher, dando espaço para que a
energia feminina da Mãe Terra cresça.

Embora seja também um evento cósmico, astrológico, as várias culturas
nativas reverenciam estas passagens como momentos sagrados, onde a roda da
vida mostra seus movimentos, lembrando-nos dos ciclos externos e internos do
nascer, crescer, morrer e transformar.

Enquanto celebramos este momento no hemisfério sul, de força do nascer do
feminino, nossos irmãos do hemisfério norte reverenciam a chegada do
masculino, através do Solstício de Inverno, do nascer da energia e força do
Pai Sol. É belo observar esta harmonia entre os hemisférios, manifestando-se
em um mesmo momento nesta dança entre o masculino e o feminino sobre a face
da Terra.

sexta-feira, dezembro 19, 2003

SALADA DE FRUTAS

Uva verde, metade.
Maçã aos quadradinhos.
Morango em rodelas.
Banana também.
Melão em bolinhas.
Manga doce feito mel.
Laranja pêra, o suco.
Laranja lima, gomos.
Bonito aos olhos.
Melhor ainda ao paladar.
A primeira a gente nunca esquece.


terça-feira, dezembro 16, 2003

FILHO PRÓDIGO

Meus pais viajam amanhã.
Já, já, hoje. É só uma questão de minutos.
Vão passar o Natal no Paraná.
Depois de dez anos o reencontro com meu irmão.
O filhão, como sempre disse minha mãe.
O do meio, o mais caseiro, o mais amoroso.
Eu e o caçula sempre fomos os rebeldes,
Os rueiros, as ovelhas negras.
O que acontece são esses episódios estranhos.
Onde o filho mais querido se rebela, rompe.
Passaram-se anos sem notícia alguma.
Por causa da guria o contato retornou.
Queria porque queria conhecer os avós.
E lá vão eles pelo Tom Jobim, cedinho.
É como diz a parábola, o retorno do filho pródigo.
Espero que seja um momento muito bom para todos,
Para retomar de fato o convívio e ele possa se intensificar ao longo de 2004.

sábado, dezembro 13, 2003

PRESENTE

A semana aconteceu em sucessão, ininterruptamente.
Nada pôde ser controlado ou administrado à medida que cada dia avançava.
Fiquei disposta e a postos, acompanhando o frenesi do agora.
O micro foi pro estaleiro mais uma vez. Esses anti-vírus são um grande engodo.
Deve existir uma máfia, uma confraria entre os que consertam as máquinas e os
que criam os destruidores programas. Estou certa disso.
Enquanto isso, aproveitei para ver mais filmes, ler também, derrubar a pilha de livros
que estava ao lado da cama. Foi bom.
Toda parada tem um sentido especial.
A começar pelas promessas que a gente mesmo faz. E eu as fiz.
Não quero mais vasculhar o passado e nem me ater a ele.
Que siga feliz pela nova estrada e viva o amor para sempre.
Ainda que as juras se repitam a outra pessoa.
As pessoas vivem se repetindo.
Eu seguirei pela minha estrada fraterna.
Cheia de possibilidades e perspectivas que se abrem à medida que avanço.
A trajetória agora se faz mais clara.
Dizem que há males que vem para o bem.
Acho que é assim mesmo.
Eu. Presente.

segunda-feira, dezembro 08, 2003

AOS FILHOS DE LIBRA

Era de libra como a lua vista assim é de cor de sal
era de libra como a luz das sete estrelas
forma algum sinal
era de libra quando dá um passo atrás
pra caminhar legal
era a balança universal
era harmonia como o ritmo da vida e o carnaval
era de libra como a brisa quando passa
e ondula o trigal
mas tinha medo de saber que o jogo da verdade
era fatal
era a balança universal
era de libra e amava a paz e a justiça natural
era de libra pra poder unir a idéia
ao seu material
o simbolismo da figura da mulher
paixão arterial
era a balança universal
era de libra como a valsa, o antigo Egito e afinal
era de libra e tem a crença da beleza
e do encanto geral
a natureza da firmeza e oscilação
a simpatia e tal
era a balança universal

(Oswaldo Montenegro)


quinta-feira, dezembro 04, 2003

RUSSO

Renato está cantando.
Impregnando poesia e desarvorando um pedaço de passado.
Um toque de menina, um canto adolescente, um raro começo de vida.
Quando de repente se abre a janela e Oxumaré risca arco-íris.
Tinge de pastel a existência, põe mais azul na rotina.
Ainda que o vermelho escorra pela face em corações desfeitos.
Partidos só no término de algo que não engrenou.
Lembranças e mais recordações, o tal livro que escrevemos dia a dia.
Volto o olhar para o presente, têm fog no clima.
O verde meio camuflado, escondido atrás da fumaça branca e pálida.
Russo, está assim lá fora.
Um dia dei um livro dele a uma paixão.
Dedicatória, a história dizia que devíamos amar como se não houvesse amanhã.
Renato Russo diz: “sou uma gota d’água, sou um grão de areia”.
Sim, faço parte do todo. Ainda que o estudo tente me levar à razão, à perfeição.
Muitas vezes escrevo, escrevo, escrevo e nada faz muito sentido.
E pra que sentido agora?
Não precisa, não vai adiante.
A vida é tão efêmera, as palavras também.
E pra que tanta pressa? Será que ainda dá tempo?
Tomara que dê.

segunda-feira, dezembro 01, 2003

DEZEMBRO

Chegamos aos últimos trinta dias do calendário.
O de hoje, gregoriano, não vou somar.
Em breve o ano novo eclode.
É só esperar mais um pouco e no céu riscarão fogos.
Os que criam desenhos artificiais e embebedam os ouvidos.
Estrondos e estrelas competem com o colorido noturno.
Sinto-me leve, especialmente no Réveillon, ainda que seja só uma data.
E o meu, verdadeiro, tenha acontecido em outubro.
Hoje, agora, é mais um período, mais trinta dias de festa.
Que o Natal venha, não como mais um.
Que traga o sentido maior do que comidas e presentes.
Revelando a espiral, do eterno recomeçar, com o fim de ano.