quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Prendeu os cabelos, pôs vários grampos no coque. Começou a preparar a pele e imediatamente passou o delineador na parte de cima dos olhos, puxou um gatinho. Para completar muitas camadas de rímel. Brilhava, como de costume. Mergulhou o corpo na seda clara do vestido longo que caía levemente seguindo a circunferência das formas. Estava pronta. Já tinha posto a plataforma nude e a fenda mostrava toda uma perna. Pegou a bolsa e já ia abrindo a porta quando voltou...lembrou-se de que esquecera algo: a máscara.
Foto: Keise Berbert

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Ela entrou no aposento, sem saber o que a esperava. Deixou-se largar solta em uma cadeira, jogou as pernas em cima de outra, puxou sua piteira e o habitual cigarro. Pelo ar vagavam o tom azul, borbulhas em sopros flutuantes, quase serpenteando pouca luz que existia. Um calafrio percorreu sua coluna como se avisasse que algo iria acontecer. E, do jeito que estava ficou, só teve a chance de tirar o vestido preto, jogá-lo ao chão. O corselet marcava sua fina cintura, moldado por ligas que prendiam a meia escura. Procurou por alguma coisa na bolsa, não achou. Soltou uma nova baforada. Levantou-se, abriu a janela. Debruçou-se. Sentia agora o vento frio a tocar sua pele. Sentiu um arrepio por todo o corpo. Virou-se, pensou em algo mas, desistiu. Sem pestanejar, despiu-se e deitou na cama. Fechou os olhos e dormiu.

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Vislumbres da madrugada: quadro de atmosfera noir. um filme, um enredo, algo nebuloso enche o ar. close no papel de parede onde crescem trepadeiras espinhosas. cama com velas esbranquiçadas e cheiro de mirra ardente na dança dos corpos, quiçá com o inimigo. elegância de uma mulher pálida, cabelos longos, cílios postiços encharcados pelo rímel. por fora do véu unhas rasgando o cetim da cama , o contato, o som do vestido de couro.