sexta-feira, dezembro 20, 2002

SOLSTÍCIO DE VERÃO



A luz do Solstício de Verão é tal mar que mergulho aqui do outro lado
da baía. Dos barcos que atracam e partem, vejo o porto, pedaço de céu, carne vermelha e açucarada que ficou no horizonte bravio de minha alma.
O sol arde tanto, que o cotidiano acaba sendo caloroso, e por isso sei que aí do outro lado é só alumbramento. Que seja platônico, verídico, energético, imerso num banho, numa cachoeira de espuma, num suspiro inebriado de gozo, tanto faz.
Sei que dessa inundação corporal não haverá barragem que consiga impedir
seu fluxo...a vazão é desmedida, tal qual beijo que morde e estraçalha.
O tempo toma-o por inteiro, estendendo o dia ao mais longo do ano.
Continuo sabendo que aí chego como onda, num toque rápido, dúbio - quimérico e real - alimentando você. Nutrindo a noite de vento e provocando os mais explosivos auspícios.