terça-feira, dezembro 10, 2002

UMA ANTIGA CARTA



Vim até aqui jogar meu lencinho branco nas águas cristalinas e esverdeadas que banham essa margem ribeirinha.
Hoje estou parada em uma ponte de madeira clara, desenhada, em rococó.
Eu posso ser a moça de vestido longo, chapelão com flores na cabeça,
o olhar fixo e extasiado pelo barulho delicado das águas que passam embaixo dessa travessia.
Em toda volta há flores das mais diferentes nuances, mescladas aos tons pasteis de verde,
num conglomerado rubro-róseo-alaranjado com pinceladas de amarelo.

Estou dando meu adeus aos fatos que marcaram o passado...
me preparo consciente e inconscientemente para as novas saliências que a vida vai provocar à frente...
mas não esquecendo de trazer na bagagem um cheiro de mar, sopro de infância e um punhado de doce ilusão.

Atravessando o lúdico escrevo a carta de alforria e saio gritando aos quatro cantos,
aos quatro elementos, aos cardeais da Terra:
surge uma nova era...entenda-se e leia-se aí da maneira que achar conveniente...
ao pé ou não da letra.

Que possamos construir um mundo mais igualitário, repleto de amor,
idealista sim. Que tenhamos a noção exata do pedaço que ocupamos nesse
planeta e também o do próximo. Que saibamos transitar com delicadeza e
respeito por entre águas, rios, cascatas, florestas, oceanos, animais e
ar....sem alterar o equilíbrio do oxigênio...da camada de ozônio...da
crosta...da atmosfera. Porque tudo é energia, que pulsa e vibra em cada
troca que efetuamos todos os dias de vida...da vida.