segunda-feira, setembro 02, 2002

SETEMBRO

Setembro abre seus trinta dias com chuva, frio e uma sensação estranha e tardia de inverno. No sul do país neva, aqui em Petrópolis falta pouco para tal. O primeiro dia útil me fez acordar cedo, me impus levantar junto com a aurora para melhor estruturar meu tempo. Perco horas e horas dormindo. No fundo não acho que perco, mas ganho, teoricamente falando. Adoro dormir, entretanto acabo trocando os dias pelas noites e a vida acaba numa sansara desgovernada.
Tenho tantas coisas em virgem que a loucura do fogo precisa ser amainada com um tanto de racionalidade a fim de minimizar o impulso. Coisas astrológicas que podem soar estranho para quem está lendo essas linhas. Assim, estabeleci algumas regras e pretendo segui-las durante um tempo ou até quando eu suportar a pressão. Sou osso duro de roer, teimosa, mas incrivelmente determinada quando ponho algo na cabeça.
O curso que poderia ser arrastado devido ao horário matutino, acaba sendo mais estimulante. Meu cérebro parece fresco e o que eu escuto vai entrando pelas orelhas facilmente. Não há cansaço, pelo contrário, divirto-me. A filha do Olavo de Carvalho faz curso comigo, vai me levar para conhecê-lo qualquer dia desses. Eu já aceitei o convite.
Até de culinária falamos nessa segunda e lembrei do filme Chocolate, com Juliette Binoche. Lembro, perfeitamente que saí do cinema e fui imediatamente comer um chocolate. Aquela confeitaria era dos deuses, assim como a idéia ilusória contida no próprio nome que enfeitava a placa na entrada, Maya.
Divagamos sobre as discrepâncias e incongruências culturais. De como a profissão técnica, hoje tão desprezada em nosso país pela classe média, é super valorizada em outros países, como a França. Ser confeiteiro lá permite ao cidadão viver bem, viajar e ser respeitado como profissional. Aqui, os cursos técnicos são desprezados e encarados com desdém pela classe média. A meta é ter curso superior. O problema é o depois do canudo. Vai se tentando uma multinacional, concurso público ou uma empresa de médio porte. E as profissões técnicas acabam sendo deixadas de lado em prol de um pseudo-status social. Um torneiro mecânico, um eletricista, acaba ganhando muito mais que um engenheiro que não conseguiu uma boa colocação no mercado. Muitas vezes acaba na economia informal justamente por esse estado de incertezas e oscilações que abrangem o nosso país. São as discrepâncias, as diferenças, as coisas que acontecem por aqui. E será que com tantas propostas de governo aparecendo em nossa telinha diariamente, as coisas vão realmente mudar ou esse estado de caos perdurará?! Que viver verá....