Um dia ainda vou pescar.
Quero fazê-lo ainda jovem.
Lançar minha isca ao mar.
Quem sabe fisgar um bem grande,
Ou perder muitas horas de silêncio e
Olhar perdido nas ondas,
Sem que nenhum se aventure em meu anzol.
Reminiscências infantis e meu avô.
Usava sempre boné, era careca.
Levava minhocas num isopor, molinete,
Alguns anzóis.
Lembro uma vez que pescou uma cobra do mar.
Verde reluzente com losangos negros. Língua vermelha.
O tamanho era pouco mais que um palmo.
Ela se revirou no barco e meu avô deu-lhe uma cacetada.
A partiu em muitos pedaços.
No molinete, uma nova isca, dessa vez era a cobra.
Ele dizia que era mais saboroso e atraente para os peixes.
Eu, muito pequena, fiquei com a cena na lembrança.
E quero um dia poder pescar também.