sábado, março 27, 2004

DAS INTEMPÉRIES

O outono desce seu manto sutil e almiscarado.
Do céu em violeta, a tempestade se anuncia.
Do imponderável um cão ferido, pêlo destruído,
a carne, rosa, exposta. Um beiço pendurado.
Veterinário, anestesia, pontos e medicação.
O vizinho e seus cachorros.
O irmão em desalinho e furor.
A irmã tentando acalmar, amansar a ira.
Pecados e temores, sensações e energia.
A chave é perdida e a oração em contínua vertente.
Ele sai e a chuva desce. Os raios contaminam a escuridão.
Pulsões diante das intempéries.