quarta-feira, novembro 12, 2003

VÔO

Os sons tantas vezes nos arremessam a outra linha.
Aquela que faz parte do horizonte e parece infinita.
A mesma que vejo da beira da praia, quando paro para ver o sol se pôr.
A música me dá asas, tal Ícaro, mas diferente dele, não derretem a cera.
Na amplidão do ar salgado, o que impregna e transporta,
nesse vôo de asas abertas, braços também, e alma liberta, vejo
um sol despencando no horizonte, ainda que os raios aqueçam a fronte
e o vento acaricie com sua delicadeza.
Nesse tênue espaço entre o que miro e o que sacode a alma por dentro,
passo a compor o mosaico, o quadro, da tela mental que vive em meu íntimo, no âmago do ser.
E nesse encontro, me vejo como sou.