terça-feira, setembro 16, 2003

VENICE



As idéias obsessivas não dão trégua, talvez porque não tenho tido pena de ninguém.
É um estar apático e distante de lágrimas. Um despudoramento em viver.
Uma falta de ótica que leva o ser a um quase desértico estado.
Areias, dunas, o fim que não há.
Veneza reaparece quase derretida pelas tintas do pintor.
A imagem retrata beleza, mas cá dentro imagino a tristeza daqui há 97 anos.
Cientistas decretaram sua morte, hoje, no matutino. E, pelas previsões alarmistas, não há barragem que afugente as águas.
Será uma inundação catastrófica, não chegando aos pés da pequena enchente que tomou a cidade em 1966.
Revivi o carnaval de máscaras em a Liga Extrordinária no domingo, senti uma ponta de saudade.
É algo que a alma clama e o ser entende. Esquece-se o sentido da razão e lança-se no emaranhado de pontos de interrogação.
E para a crítica que desceu o pau, falou muito mal, eu viajei no Dorian Gray talvez pelos pactos e retratos que invalidam o fim.
Allan Quatermain e suas caçadas a esmeraldas ao lado da super Sharon, Stone é pouco.
Nada que um domingo de fog não cure com imaginação, exagero e muita mentira.
A Cidade das Águas na virada do século no telão, na tinta escura do jornal e aí acima em pinceladas a óleo.