segunda-feira, agosto 11, 2003

A NOITE DE ONTEM

Velas perfumadas, vermelhas e brancas no bar.
Amigos chegam e abraçam, tiram retrato,
imortalizam o sentimento que transcende ao tempo.
Ela e ele me apertam num sanduíche, onde eu sou o recheio, e dizem: Aninha, eu te amo.
E eu respondo a eles: eu também.
Como é sempre benéfica a presença pisciana,
Transbordam emoções e não cansam de dizer e demonstrar.
Tesouro esse, os amigos, os de muito tempo.
No balcão suspiros, olhares, cantadas baratas, cerveja e pinga.
Ondas voláteis como um fugaz encontro na noite.
Pizza com rúcula, novamente ela aí, mas com tomate seco.
Delícia, que não é cremosa e tão pouco margarina.
A madrugada avança, os carros embaçados, um frio de rachar a pele.
A chuva estancou, mas o vento é cortante.
Conto das minhas tarefas espirituais, a conversa sempre acaba aí.
Falamos de anjos da guarda, ciganas e malandro.
Ela me convida a almoçar amanhã, mas o dia vai ser cheio.
Fica mais uns dias por aqui e volta pra Brasília.
Reclama que tem dez anos que está lá e eu não a visito.
A conversa não termina e já estou no portão de casa.
Nos despedimos, entre abraços e uma saudade que nunca finda.
Entro e constato que a fumaça grudou no cabelo e impregnou o resto também.
Largo as roupas no banheiro. Caio na cama, desmaio.