sexta-feira, agosto 22, 2003



Ouvia a ladainha:
Nunca te deixarei.
Nunca te desampararei.
Você nunca está só.
Não há espaços vazios.
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Entretanto, no murmúrio das ondas, o som era outro.
Barco a roçar as gigantes que espumavam no casco.
Infindo e instável, temperamental.
Azul marinho, denso, impenetrável.
Monstros, seres míticos, a escuridão.
Num salto, relâmpago, mergulha.
Silhueta madrepérola, nadadeira protuberante, ser do oceano.
Desligo os motores. Remo, distante da costa.
Longe da areia, da linha branca que acena vida.
Na imensidão do nada, sou tudo que existe.