sexta-feira, janeiro 10, 2003



Tirou o que encobria a rósea tez.
Olhou-se lentamente, sem pressa: admira-se, gosta
do que vê refletido. Vira para cá e para lá.
Iluminada e clara, desenho secreto, pares fechados, ora abertos.
Sangra, cura, vive os ciclos. Poder.

Só quem traz a marca na alma conhece o sentido dos dias
de dança e entrega perpétua.
Sabe como lidar com o vermelho, com o que escoa sem
retenção, cachoeira em fluxo avassalador.
Vício empapuçado, salvaguardado, rara cobiça,
inóspita sensação buscada por poucos, por quem não teme
seguir em frente e deixar os instintos incorporarem,
lambuzando-se e integrando-se à energia primordial.

Sim, nessas horas a Lua no crescente, abre a cortina à primeira
estrela a surgir no quadrante ao lado, estampando um antigo par cultuado
por povos obcecados em manter sua origem: lua e estrela.
Como a tatoo que marca o pé da dama de cabelos ruivos,
longos, em cachos, desalinho dos contornos de sua figura
indomesticada.

Esparramada na alvura transforma a monotonia branca em mandala de mil fios, sob o olhar de cima para baixo, amarelo, felina íris, feito a flor de mesmo nome que é mural de algumas frases de uma música de Vercilo. Um pps sobrepondo os cromos de uma estória de amor.
Livre, reflete nua Cibele, garantindo o espargir de energias durante o sono e a promessa de que Gaia acolha seu pedido.