segunda-feira, julho 21, 2003

PARAGENS

Como os cavalos, acompanho o movimento do vento.
Impulsionada pelas vontades, as do agora.
E daí se você não gosta?
Eu gosto. E a partir delas crio outros horizontes.
Oceanos, agora começando a se completar.
Num outro porto, que não é esse conhecido.
Não faz parte dessa rota que decorou com facilidade.
E também não chega perto das ondas que fervem no meu íntimo.
Lá todos os véus serão arrancados, jogados ao chão.
Sem medo, dúvida, receio ou identidade.
Lá sou ela, a avó, a tia, a insana, a zíngara, a incógnita.
As centenas que centelham no divino do ser.
O nome é só nomenclatura, o paradeiro também não precisa ser sabido.
O que interessa mesmo é que sinto prazer e isso me basta.
Alguém hoje ficou impressionado com o ímpeto.
Acho que não imaginava que de uma hipótese a vida ganhasse corpo, ou melhor, dois.
Metades que riscam o horizonte, aquele, o que divisa a distância, você e eu.
E ao mesmo tempo nos toca, acarinha e seduz.
Da mesma forma que produz vertigem e faz a cabeça rodar, feito peão na mão de criança,
Num jogo inocente, onde não há margem para o freio, só para cavalos, que pastam livres por esse caminho...