terça-feira, agosto 13, 2002



DOS CATADORES DE CONCHAS

Amanheci com um email onde respondia ao meu desabafo sobre o término do amor e o recomeço de vida: Muralha. Nesse encontro com essa indobrável senhora pedregosa, pude conhecer a homepage desse poeta. E lá ele se revela um catador de conchinhas. Eu já escrevi, há um tempo atrás numa lista de discussão, sobre os catadores de conchas. Ponho-me nesse contexto, tendo em vista que ainda menina fiz por longos anos esse trajeto todo fim de tarde, um pouco antes do crepúsculo, quando os pés tocavam a areia e as ondas beijavam o solado, as pernas, às vezes o short, até a camiseta dependendo de sua força...
Sou como ele, também catadora de conchas. Na mente surge o barco que atracava no cais, trazia um volume maior do fundo do mar, e as moia. Do outro lado, em terra firme, uma fábrica vendia esse pó, os restos daqueles cascalhos singulares, criações do oceano...
Ainda guardo algumas delas. Enfeitam um recipiente que está próximo ao altar azul que construí em meu domínio morfeutico: caramujos, uma ‘pata de vaca’, redondinhas, quebradas, inteiras, com furo... mosaico de mares diferentes.
E apesar do tempo estar virando páginas, me lançando em outra direção, pude estar em contato com a praia, me rendi à profusão de calcário, adicionei outros pedaços ao colar da Grande Mãe, de Iemanjá...