quarta-feira, novembro 06, 2002

PORTA-JÓIA

Eu a conheço já alguns anos e nosso contato nem sempre foi amistoso e amigo. Com o tempo, através dessa amiga em comum, conheci uma outra que estava escondida, uma outra que eu não via.Talvez porque eu não tivesse ‘olhos para ver’, apenas mirava socialmente o que se apresentava à minha frente. A sensibilidade não ultrapassava os limites das palavras proferidas no calor dos encontros fortuitos e sem profundidade.
Acontece que a vida é sempre cheia de surpresas. E, ela sempre faz os seus caprichos, nos levando ao encontro daquilo que deve acontecer, verdadeiramente. A minha vida sempre faz das suas. Não é que nos encontramos, não socialmente, mas na casa dela, me levou até seu quarto, me mostrou várias fotos de Paris, bebemos um champanhe também da Cidade Luz, vi fotos, cartões, bilhetes, compartilhei de sua intimidade. Pedi desculpas pelas vezes que eu poderia ter sido mais doce, mais amiga e mais sem armaduras e proteções. Ela aceitou, com seu enorme sorriso e coração. Me acolheu e eu a acolhi também.
Passaram-se anos, eu acho, vi quando ela conheceu seu amor. Ela se interessou, ele se manteve na retaguarda. Mas, a vida sempre costurando finais felizes os uniu mais à frente. Hoje, depois de anos vivendo juntos, casados, ela escreveu sobre o estado ‘porta-jóia’. Imagino, cá com meus botões, que ela será perfeita como mãe, mesmo que o manual não venha junto com o bebê.
E o meu desejo é que esse neném seja como eles: como ela e como o pai, pessoas formidáveis, especiais e muito queridas.
O Estado de Graça dela está aqui.