sexta-feira, março 29, 2002

Tem coisas que realmente me deixam feliz. Eu leio, o sorriso aparece tal qual criança que ganha um ovo gigante de Páscoa e fica maravilhada. Acabei de saber que o Circo Voador volta a funcionar na Lapa - fechado em 96 por César Maia - graça aos esforços de muita gente e vários artistas, reabrindo em grande estilo amanhã, sábado, com show da Intrépida Trupe, da Cia. do Público e do Teatro do Anônimo. Perfeito Fortuna ainda guarda para meia noite do mesmo dia o Cordão do Boitatá, grupo que se encarregará de colocar o povo pra dançar ao balanço de marchinhas, maxixes e chorinho.
Essa releitura do Circo, esse abre-alas que quer passar, a mim soa sempre como um ‘recordar é viver’ adolescente. Lembro perfeitamente da última vez que pisei no Circo. Não na Fundição, onde cansei de ir a festas techno. Retive na memória a malemolência sedutora de Djavan, num show que saí revigorada e encantada com as letras, o som, com o ritual que só ele têm. E ainda uma apresentação inesquecível de Tim Maia, com Vitória Régia e toda explosão que o vozeirão sussurrava. O Circo sacudia e tinha a impressão de que as arquibancadas não agüentariam tantos saltos e sacolejos da gente ali freneticamente tomada pelos acordes de Tim.
E tiveram outros shows e outros cantores. A imagem do Circo, aquele local geográfico do Rio, traz saudade. E agora eu poderei novamente reinventar o meu próprio circo musical, com o som vanguardista que escuto e mesclá-los aos velhos mestres que enchem de poesia e rimas a mpb.
E viva o Circo Voador!