quinta-feira, março 21, 2002

Vivo na solidão dos dias cercada por meus muitos eus. Não leia isso com tristeza. É dessa solidão que encontro forças para interagir com o mundo, com os seres. Nunca fui de multidões, de casa repleta de gente, até porque isso acaba me sufocando. Gosto da liberdade que essa amplidão proporciona. Tenho prazer em não fechar tratados, em não cerrar pactos e muito menos instituir leis que firam o livre arbítrio, o ir e vir tão inalienável.
Os afins nascem através de um olhar inesperado, quando naturalmente brota o riso, o sorriso, e os contornos nublados enchem-se de sol, mil sóis nas janelas da alma, e o coração fica gigante, enorme, tal qual girassol.
Gostam do rótulo de melancólica, mas diria que tenho uma tristeza antiga, rasgos no íntimo. Cicatrizes e rombos desenhados nas muitas existências. É aspecto que trago e tento alterar aqui, nessa vida. O dia está nublado, é o equinócio, os elementos fundindo-se à Terra,a grande senhora. Aqui, a chuva desce pelo telhado, ao fundo o verde contorna todo bambuzal que vejo da janela.
As águas do planeta revolvem meu ser. Preciso do brilho do sol, do calor, daquilo que colore o céu e deixa tudo muito mais azul.
O outono chega, largando suas folhas sobre o verão....e eu acompanho a vida recriando um novo ciclo...