quarta-feira, outubro 30, 2002

DAS LENTES DO VIVER...

Ele têm o dom de dizer muitas vezes o que eu gostaria de ter escrito, tamanha a facilidade com que se expressa e traduz em palavras - pensamentos. Li, agora, sobre os micos que se paga em nome de uma prova de amor. A idéia ficou repetindo-se ininterruptamente na cabeça: prova de amor. O que é afinal uma prova de amor? Uma constatação para o provável sentimento de amor que um nutre pelo outro? Será que só dando uma prova o outro é capaz de crer no amor propalado? Ta certo que ele pegou as coisas mais absurdas e ridículas, mas para cada um o sentido de prova têm valor pessoal, o que se atribui.
Nunca dei provas de amor a ninguém. E nem sei se faria algo parecido. A prova de amor está no cotidiano, nos pequenos detalhes que moldam a relação, no dia-a-dia básico e provável que deixa de ser assim porque nós assim o fazemos, construímos. É depois de alguns anos juntos conseguir surpreender o outro, fazer sorrir, continuar namorando, caminhando de mãos dadas, lembrando da pessoa e levando uma coisa que se viu e achou que ficaria bem nela. É comemorar sem ter motivo. É preparar um jantar romântico, comprar uma lingerie nova, fazer algo durante a semana que quebre a rotina.
Também andei lendo lá que ‘o amor emburrece’. Dependendo do ponto de vista, realmente o amor emburrece, se nos transportarmos para a maneira como ele colore nossos olhos e acabamos mirando a vida por um aspecto solto, leve e cheio de possibilidades. Como eu gosto de dizer: enxergar o mundo através de lentes cor-de-rosa. É interessante observar na crônica o desencanto, o que pra mim tem muito mais a ver com paixão do que propriamente com amor. A paixão é encantamento, arrebatamento, adrenalina, desejo puro, impulso livre, sensações desmedidas. O amor é diferente.
E dentro desse contexto fiquei aqui dando tratos a bola, precisamos sempre classificar os sentimentos: amor, paixão, tesão. É como o ‘fazer amor’ e transar.O que afinal diferencia um do outro? O fato de ter ou não sentimentos? Desses sentimentos serem intensos, profundos e/ou superficiais? Quantos rótulos precisaremos para entender os mecanismos do amor, da paixão, do sexo, da amizade, da vida em sociedade, dos relacionamentos familiares? Um dia uma amiga pisciana, disse pra mim: Aninha, o amor não se mede, se sente. Os piscianos sempre me mostrando o caminho das pedras... Na ocasião, eu que vivo analisando tudo, coisa de libriana, medindo, pondo tudo na balança, acabei me rendendo ao comentário dela: ‘o amor não se mede, se sente’.
É sempre bom dizer que alguém toca a gente, nos faz meditar sobre determinados padrões, muitas vezes viciantes e repetitivos. A vida é interessante, andei refletindo hoje. Fizemos no GCE uma avaliação de todas as palestras realizadas até aqui e dos últimos cinco anos de nossas vidas. Lembro que há cinco anos atrás muitas coisas foram interrompidas e outras começaram em minha vida. E como nada é completamente perfeito, senão eu com certeza não estaria aqui, nesse planeta azul, revivi o quanto já mudei, o que estou reformulando e o que, com certeza, ainda hei de conseguir ultrapassar, vencer e burilar.
Amanhã tem mais.