segunda-feira, outubro 14, 2002

O PONTO ZERO



Preciso trabalhar, o computador me fita.
Mas, minha atenção vagueia...volta, retorna, recomeça, pára.
Um suave episódio do acaso, onde palavras são só palavras voando pelos pulsos eletrônicos...
Não traduzem, não explicam, não são sábias. São letras somadas, construindo períodos, orações.
Você ainda está aqui e a madrugada se estendeu até o amanhecer...
Dormi abraçada aos seus sonhos e juntei a eles a minha tristeza.
Comungo das suas dores e sei bem como elas afligem.
Não teimo em esconder a quentura, diferente de você.
Em contrastes, somos parecidos. Negativo-positivo, fundidos em fotolitos que constroem imagens e as tornam reais, impressas.
Antíteses, metades, simbiose em delírios, poesia em estado bruto.
Portas abrindo vida...espelhando finais, nem sempre felizes.
Continuo caminhando feito o louco, o andarilho, uma carta de tarot.
Seguimos direções opostas e ainda assim nos encontramos.
E sei quando pensa. Sinto. Você vem...e por algum motivo que não compreendo se instala outra vez.