segunda-feira, julho 01, 2002

NA FESTA DO COLONO ALEMÃO: O PENTA!

Comemoramos há dois dias a Chegada dos Colonos Alemães à Petrópolis. Confesso que havia no ar a apreensão quanto ao resultado final da Copa. Imagina se por algum capricho infeliz do destino nós perdêssemos o penta e a Alemanha ganhasse o tetra? A festa, que dura duas semanas, teria um gosto tão amargo quanto o chopp vendido e tudo perderia o sentido alegre para dar lugar ao vazio, à dor de cotovelo.
Um grupo de jovens da faculdade de medicina já havia vaticinado: se o Brasil perder o jogo vamos incendiar tudo, todas as barracas de comida típica, o palco, tudo que estiver dentro e fora dos arredores do Palácio de Cristal. Nas rodas de cabelos brancos, que se reúnem no centro da cidade, espalhavam o boato de que a festa não abriria seus portões no domingo, que o bierwagem – carro que circula nos principais pontos do centro histórico distribuindo chopp – seria impedido de fazer o trajeto. As especulações pipocam em todos os lugares e eu ouvindo os rumores que se formavam em cada canto, criando mais disse-me-disse.
Não que isso de fato fosse importante, isso é insignificante diante da vitória conquistada ontem.
Para não quebrar a escrita não vi o jogo todo da final. Acordei no intervalo do primeiro tempo, tomei café e saí. Tinha que entregar um cd para instalação de um programa e só eu tinha como resolver a questão. Passei antes na casa do meu irmão e o primeiro gol já tinha saído, eu sabia pela gritaria que ouvia saindo da vizinhança. Minha cunhada, de cara amassada, estava eufórica. Em seguida, outro gol e esse eu vi. Gritei também.
Entreguei o disco e fui almoçar com a família na festa do alemão. O céu estupidamente azul, o sol forte que não tinha por que brigar com ninguém por um lugar no firmamento, aquecia a comemoração pelo penta campeonato. Passamos o dia nos deliciando com as iguarias alemães, sem pressa, atentos aos modelitos verde-amarelo que desfilavam à nossa volta. Dá gosto esse patriotismo, a explosão e o orgulho que toma nosso povo. E esse sentimento estava estampado em cada grupo de brasileiros espalhados pelo planeta. E como num carnaval mundial agregamos outros povos, outras raças, aceitamos de bom grado a chegada de estranhos em meio à alegria embalada pelo barulho de cornetas, pelo samba no pé e na demonstração de amor explícito à camisa canarinho.
Não dá pra esquecer a tenacidade de Ronaldo, em sua luta incansável pela recuperação. Ele é exemplo para todos: o menino-guerreiro com sua chuteira prateada. Ele deve ter pêgo emprestado no Olimpo esse apetrecho mágico. Pelo impulso faiscante a bola voou, impulsionada pelo brilho da seleção e cegou o mortal que ousou desafiar nossos atacantes, nosso trio de erres. Depois da batalha vencida, erguemos a taça pela quinta vez, exibindo ao mundo nossa arte, nossa graça, a criatividade de ser do país do futebol, da pátria que caminha abraçada à sua bandeira e têm a certeza de que Deus é de fato brasileiro.