domingo, junho 16, 2002



Alguém me pergunta se eu gosto da Lua por causa do post de ontem. Sim, eu adoro a Lua e tudo aquilo que vêm embutido em seu rastro noturno. Ela é companheira de noites em claro, em muitas mesas com amigos e guardanapos que guardam os sentimentos imortalizados, inspirados pela grande senhora. Nenhuma Lua foi ou é igual. Todas carregam suas dores, alegrias e mistérios, do lamento mais profundo do ser a mais estrondosa gargalhada provocada pelo ar etílico que se propaga pelas horas em claro.
Gosto de madrugadas. Sou um ser notívago. Sinto-me disposta a essa hora e gosto de mirar o céu sem pretensão. Parar para ouvir o vento ou olhar com mais atenção uma estrela que parece desabar do firmamento. As cores, a vibração, os rostos que cruzamos nas esquinas da escuridão. As camuflagens que são usadas, nas roupas, maquiagem, uma espécie de personalidade diferente que toma à frente, como uma cigana que protege alguém, sedutora e apavorante. Uma mescla de celeste e demoníaco. As dualidades que me encantam e sempre acabo voltando a elas. Ainda falando da noite, saí agora e mirei o negrume celeste. Um punhado de luzes salpicava o céu e um pouco de nevoeiro cegava o caminho. O vento cortante, o carro gelado. O corpo pedia abrigo, um cobertor, um casaco mais possante. Cheguei agora e vim ver os emails. Pus um pulôver, calcei as pantufas e meias. Petrópolis está fria e as ruas guardam o silêncio das horas, não vi viva alma pelo trajeto.
Sei que esse tempo, essa temperatura de agora, apesar de pedir uma corrida para cama, é prelúdio de uma fantástica manhã, quente e ensolarada. É só esperar para ver. Amanhã tem mais dia e luar.