sábado, junho 22, 2002

Foi impossível ler o comentário que ele deixou ontem e não trazê-lo para cá, para o post de sábado. Fica aqui o registro das aves que migram e trazem com elas uma nova estação. Abandonamos o outono e chegamos ao seco inverno. Para acompanhar meus passos na madrugada fria, ele escreveu...



Transpus o Umbral da noite para vir até aqui ver você. Peço que não se apaixone pelas linhas (doces) que escrevo porque elas costumam trair (amarguras) nas entrelinhas; um texto que tome como sério descamba pro escracho num subtexto satírico .Você mesma percebeu: a minha pena voa do norte ao sul - do boreal ao austral - ao sabor do vento, porque as penas migram de um extremo ao outro levadas pelas suas donas, as aves migratórias.
Não há que se ler as minhas palavras como alento para o espírito;
Não há que se ler as minhas palavras como açoite para a alma;
Não há que se ler as minhas palavras
como carícia para o corpo;
Não há que se gravar as minhas palavras como tatuagem na pele;
Não há que se ler as minhas palavras como nada que não se tenha escrito ;
Não há que se ler as palavras gravadas com letras de fogo no Livro do Destino (dos Mortos)
Não há que se ler as minhas palavras...

-Patrick(Gregory) Berlinck(Grimaud)