domingo, junho 23, 2002

LÁGRIMAS NA CHUVA

Talvez o sentido das aves migrarem antevisse aquilo que aconteceria hoje...
Em mim já havia a desconfiança, como se algo estivesse no ar, esperando o momento para eclodir: foi a notícia dada à queima roupa, sem rodeios...
Um pedaço foi extirpado. E não sei exatamente quando conseguirei me recompor, recolocá-lo sarado no lugar....se é que há como tapar os buracos que vão sendo feitos pela existência, maculando o íntimo de chagas.
As lágrimas caem, caem, caem. E eu deixo que desabem. Secam-me por dentro. Expelem a dor guardada, o que ainda precisa ser posto para fora.
Escuto uma música, antiga, e a chuva cai torrencialmente aqui fora.
Olho a janela e estou como lágrimas na chuva, como em Blade Runner:
Um último suspiro, o adeus.