quinta-feira, junho 13, 2002

DAS HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DE AMOR...



Todo mundo já viveu um grande amor. Daqueles que se lêem em romances, contos e poemas. Os que são tão intensos que parecem abraçar o mundo inteiro e tudo ao redor ganha contornos cor-de-rosa. Entre o que sentimos e o que de fato vivemos há uma enorme lacuna. E há também os sentimentos da pessoa amada. Jamais poderemos medir o que se passa do outro lado, por mais que se diga eu te amo e os olhos brilhem. Por mais que os textos, bilhetes e recados impregnem cada canto da casa, do quarto, da própria alma.Estou falando de amor, porque acabei de ler a crônica do Falabella e ele discorre sobre o fim, o término de um grande amor. Então, vou colar o que me tocou, o que me fez refletir nessa manhã ensolarada:

“[...]Foi essa mensagem que me pegou de surpresa e me deixou pensando, agora, na frente do computador neste homem, que eu não conheço e que sofre, nesta mesma madrugada, por uma mulher que já não lhe quer mais. [...]
O fato é que essa imagem atirou para longe o palácio e o beijo das carruagens e eu me senti solidário pelo sentimento de abandono que nos invade cada vez que percebemos o limite. Fiquei imaginando esse coração urbano pela madrugada e lembrei do pânico que nos acomete quando o eterno é traiçoeiro e aquelas palavras de amor se dissolvem no ar, como quando ditas no frio. O terror quase infantil que vai nos enchendo quando alguém resolve partir. Nunca somos amados o bastante, porque não entendemos o amor. E porque não entendemos o amor, não entendemos o tempo.
Por isso, meu caro leitor, não sei que conselho lhe dar, mas sei exatamente como são as suas manhãs e as suas tardes. Sei como o sol se põe, como se olhasse através dos seus olhos. Conheço a saudade que vai encharcando o sistema, quando chega o crepúsculo. E sei também que quem vai decidido não volta, que os que desaparecem na curva do caminho é porque tinham anseios que talvez não tenhamos conseguido entender.
Projeta-se, cuide-se e tente se agarrar em algum galho que apareça pelo caminho, na força da enxurrada.Descubra como acordar, porque o começo é sempre difícil, e depois da manhã, o dia segue seu curso. A gente vai vencendo etapas, vai criando anticorpos para combater aquilo que um dia foi amor, aquilo que um dia foi sonho. Embrulhe os chamamentos de carinho,os apelidos do amor, as noites de paixão, o perfume que se alojava na base do pescoço, o olhar do adeus e a esperança de eterno que um dia você viu refletida naqueles olhos. Embrulhe tudo isso e esqueça no fundo de uma gaveta. Talvez um dia você resgate cada um desses guardados, talvez não. Se o fizer, é porque terá chegado enfim o tempo da delicadeza. Se não, não se incomode. Vão desaparecer misteriosamente depois do primeiro passo, depois da primeira mudança. Um abraço deste amigo que ronda pela noite, enquanto Rainier beija apaixonadamente a princesa de seus sonhos”.