segunda-feira, maio 27, 2002


Bruxo me corrigiu: a Lua Cheia representa a donzela e não a amante.
Mas, sob a minha ótica isso pouco importa. O fato de movimentar as águas do planeta, mexer com os nossos líquidos interiores, e deixar em rebuliço toda a bicharada, já é sinal de fusão, um estado de cio que se propagada por essa paisagem, inundando Gaia.
Fui dar uma volta lá fora. O céu está completamente anil, não há uma nuvem sequer. O frio é rascante e parece que algo está imortalizado, como um click rápido de uma câmera, deixando o infinito impresso na retina. O vento me dá o sentido de movimento, apontando para a vida que não pára, que não tem sossego. Contudo, essa noite é desprovida dele. Nada mexe, há um clima gostosamente estagnado.
Andei até a parte de trás da casa, onde uma escada me leva a um platô. Desse lugar há uma rampa que me conduz a uma floresta pequena. Parei na rampa. Mirei a cidade e suas luzes lá embaixo. As árvores imóveis, as folhagens inertes. Parece que a vida descansa, mesmo com toda a luz que nos chega do alto...
Acho que vejo um homem. Começo a ter alucinações. Parece um caipira. Alguém fala que a Lua Cheia é ótima para termos visões. Ele faz alguma reverência à Grande Mãe. Emudece. A madrugada nos espreita, a vida segue seu curso...a semana começa outra vez....