terça-feira, maio 14, 2002

Confrontação

Tu chamas meu mundo
de imundo
e escuro
estás seguro
que nao és tu
quem criou o pecado
miserável legado
de uma era já morta?



Tua espada fulgente
é teu falo ardente
paixão em candeia
que anseia
e chama
reclama
meu corpo macio
pronto, no cio.



Mestre do engano
profano
hipócrita santo
te escondes num canto
em desejo
ensejo
e atrás dessas portas
tu te confortas
em solidão.



Tu me condenas
me acenas
infernos
fogos eternos
à liberdade
a insanidade
com que me levanto
para teu espanto
e voo.



E enfim
chegas a mim
teu corpo em brasas
abro minhas asas
negras, enormes
teus sonhos informes
cobrindo.
Tudo está findo
amado:
sê livre
em mim.

© Dalva Agne Lynch