terça-feira, maio 07, 2002


Eu estava subindo a serra, aquele verde todo circundando a encosta, e as idéias borbulhando na cabeça. Li a Débora ontem e fui ver o Rompe Nuvem. Um blog inspirado, cheio de poesia. Não resisti, deixei recado e coloquei aí na lista. Agora, ao aportar em casa, fui lá dar uma espiada, e ele já arquivou os posts do mês passado. Fiquei pensando em quantas casas batemos à porta, cada uma com o jeito do proprietário: prosa, versos, fotos, delírios, animais, gente que a gente ama. Refleti em quantos universos existem nas cabecinhas que criam os blogs. Cada fachada com sua imagem particular, com seu jeito único de dizer as coisas.
Eu sou movida por impulso. Pulsões. Saio escrevendo nos comments e quando me dou conta já mandei a resposta com um monte de erros ortográficos. Acho que não consigo ter a calma necessária para fazer revisão ou dar uma parada para reler o que acabei de escrever. Não que isso seja o fim do mundo, mas é chato ver que a coisa saiu toda louca, faltando pedaços, parece que não houve boa vontade. O que acontece é que reajo imediatamente ao terminar de ler determinados textos e saio escrevendo.E essa maneira pouco racional de resposta acaba provocando esses assassinatos na linguagem.
Nessas visitas que tenho feito, nas cabeças que vou conhecendo, seja por intermédio de um amigo, acabo descobrindo pessoas incríveis e residências virtuais realmente convidativas. Nunca pensei que fosse gostar tanto desse mundo dos blogs. Acho que já falei que aqui me sinto livre pra expressar o que sinto, o que penso e como vejo tudo, sem necessariamente estar presa à resposta que virá a seguir. No fundo, todo mundo espera um comentário, um aceno de alguém, mesmo daqueles que a gente não conhece mas que vêm a conhecer por meio dessa interação. Assim, diferente das listas de discussão, aqui há uma metragem que nos separa de outra tela pessoal, de outra casinha singela, de outra mansão poderosa. Aqui criamos e recriamos, aprendemos de uma forma indireta. E independente dos próximos capítulos, escrevo de sopetão, do jeito que os dedos vão batucando e a cabeça expelindo o que fica engavetado e precisando pular para fora. Da minha janela vejo a sua, a sua sacada, o horizonte inusitado, a surpresa seguinte. E, confesso, isso é uma delícia.