sexta-feira, maio 17, 2002


Estamos fazendo um trabalho de auto-análise às quintas-feiras. E confesso que isso tem me dado a oportunidade de observar-me de forma mais intensa e sem panos quentes. Vejo-me nua, sem roupagens egóicas e brilhantes, do jeito que realmente sou.
Na hora de listar minhas qualidades ou as que julgo ter, só veio na cabeça os defeitos. E no ímpeto de escrevê-las fiquei pensando se realmente elas existiam porque eu acreditava ser assim, ou se as pessoas que convivo nos mais diferentes meios enxergavam de fato essas virtudes. A resposta veio rápido e constatei que com aqueles que gosto, realmente sou aquilo que escrevi. Já, com estranhos, sou distante e me mantenho em estado de alerta. Acaba fazendo parte da carapaça, a armadura de proteção. E, naturalmente, ao invés de enxergá-las com olhar doce, o julgamento chega na frente, não dando espaço para o desarmamento. Na maioria das vezes pomos em julgamento, baseado em valores pessoais, aquilo que sentimos diante de alguém que acabamos de conhecer.
Karroiz disse que dá duro na gente. Eu não o vejo assim. Pelo contrário, é um amigo que diz verdades e nos toca a alma Perguntei a ele sobre as dores da alma. Ele respondeu que é uma tristeza, a falta de algo que não sabemos o que é. Explicou que é saudade do lugar de onde viemos ou talvez de pessoas que convivemos em outros planos. Não me sinto parte daqui, aliás nunca me senti. E sei que isso é só uma etapa, um degrau, mais um ponto pequeno na grande escalada.
Respondemos a um questionário. Que lugar você gostaria de estar depois desta vida? Eu disse: num gramado enorme, com uma orquestra poderosa, vários pássaros e borboletas ao redor, um pôr-de-sol glorioso ao fundo, um céu arrebentante de azul, um cheiro de flores circundando todas as pessoas presentes. Karroiz sorriu.
Teve gente realmente altruísta que disse desejar ajudar nos hospitais. Ainda estou muito longe disso, desse sentimento universal e humanitário. Quem sabe um dia...quem sabe... Por enquanto quero continuar acreditando num outro mundo colorido, bucólico, com perfume e belezas naturais. E de preferência cercada de gente que amo e que me ama.