sexta-feira, fevereiro 22, 2002

Percorro os quatro cantos da terra... um aspecto vulcânico impede que o ímpeto receba freio. Largo meus mais doces beijos. Um aconchego de edredons perfumados.
Um pouco de menina, um canto de sereia, mulher.

Crio canção em suas palavras, entrego-me às fantasias, às estórias de princesa que ouvia na infância. É o amor que chega por meio de seu cavalo branco.
A chuva molha a terra lá fora, espalhando no ar o perfume que se funde às minhas entranhas. Misturo todos os ingredientes no grande caldeirão. É o útero universal chamando por mim. Um fog de letras invadindo o espaço que estava desocupado.

Falo de muso, de resgates, e ele sorri de volta.
Diz que ama. Eu não acredito.
Fala de olhos brilhando, diz que sou linda.
Confundo-me, perco o sentido, gosto.
Tenho medo, muito medo. Receio desse encontro.
Será que serei traída mais uma vez pelo ímpeto marciano mas derrubada pela enxurrada do coração? Não sei.

Faço um ensaio pra você, uma dança ritual. Apresento-me como madona negra, em espartilho, punhal, botas negras. No meio do cinturão um ferrão fálico. A escuridão ganha espaço nessas linhas. Fronteiras embutidas, ainda encobertas, difusas.
As asas abrem-se, lanço-me no espaço....vampira a abraçar-te na imensidão do céu, no rodopio da folha seca que cai da árvore.

Nasce um broto, uma ramificação a mais. A fruta está madura, pronta para ser comida no pé. Inicia-se a frenética salivação que ocorre ao mirar o que se deseja. A primeira dentada, o pedaço esfregando-se pelas papilas indecentes. Uma comoção provocada pelo mel que escorre pelo canto da boca. É satisfação embrulhada nas gulodices do desejo.