segunda-feira, fevereiro 04, 2002

Tem dias que acordo e uma sensação de vazio se apodera....
É tão natural que não consigo achar forças que vençam a inércia. Há uma preguiça completa que se arrasta nas ações lentas e pouco dirigidas.
Perdi a paciência, briguei pelos direitos que possuo sobre contratos e vencimentos. Devo estar na tpm e felizmente consegui me manter equilibrada enquanto argumentava e defendia meus direitos de consumidora. Depois de colocar o telefone no gancho, de discar todos os 0800 que eram indicados nas boletas, as lágrimas caíram. E sei bem que perco o controle quando estou às vésperas do sangue mensal. E parece que isso acaba sendo estendido a outros setores, promovendo um verdadeiro carnaval em meu íntimo.
Ontem conversamos bastante. Abri meu coração e deixei que o que afligia fosse saindo, despejado, tal qual comporta quando aberta. Batemos em determinados pontos que acabam aborrecendo e cheguei a boas conclusões. Fizemos pactos de paz e entendimento.
Por outro lado, a dúvida quanto aos próximos passos continua insistindo. Pergunto-me os motivos dessa falta de movimento, dessa estagnação que me paralisa. E por mais que eu tente arranjar argumentos reais que expliquem os porquês, nada se encaixa. Fica solto igual às partes de um enorme quebra-cabeça. São as mil peças da vida que não se adaptam, ficam à deriva precisando de orientação, mesmo que seja divina.
Meu irmão liga e me convida pra um ensaio de escola de samba. Eu rio e aceito o convite. Minha cunhada telefona em seguida, toda eufórica, querendo saber se vou mesmo. Ela quer companhia. Então vamos ver o famoso Joãozinho Trinta, ao vivo e em cores. Faço os planos, amanhã ainda tenho aula e quarta preciso entregar papéis no banco, cedo, no centro da cidade. Quinta viajo, vou me desligar de tudo, entrar em contato com aquele verde da fazenda, me refrescar no meio do mato, distante da civilização. Nada de computadores até segunda. Enquanto isso, vale se soltar, deixar os pés pisarem na terra, andar a cavalo, tomar banho de cachoeira, dormir mais cedo e tentar uma pescaria no fim da tarde. Coisas simples, prazeres corriqueiros. Pequenos detalhes que fazem a diferença e dão paz.
Às vezes esqueço o quão feliz sou. É preciso lembrar disso e evitar a melancolia que volta e meia faz morada aqui. É como eu digo, escrever, esse ato catártico, acaba por dissolver algumas impressões ruins que ficam retesadas dentro. Liberando as tensões, volto ao ar, ao vento, ficando leve, mais fluídica e transparente. O melhor mesmo é essa última linha com a sensação plena de demônios exorcizados.