sábado, janeiro 26, 2002

Falei da Clarice anteontem, que havia encontrado um texto que fechava com o delírio de Pessoa e Manoel de Barros, então lá vai:
'Sou espontânea. Mas tenho uma espontaneidade controlada. Escrevo do modo que escrevo porque é a maneira como foi concebido e não saberia dizer de outro modo. Não sou uma pessoa que possa relatar uma idéia passada. Não sei pôr no papel uma coisa que não estou sentindo mais".

E é por aí mesmo. Estive lendo, hoje pela manhã, um comentário sobre as mulheres histéricas e confesso, deu vontade de escrever e dar meu pitaco. Então, ensaiei, ainda na casa do meu irmão, uma ídéia que surgiu. Vou colar abaixo, da maneira como foi saindo, sem revisão ortográfica, sem acentos, sem nada...

Ainda em ritmo emprestado fui ler emails e lá achei um novo blog, chama-se Clube da Comédia. Ou melhor, o moço me achou, achou meu endereço eletrônico. As coisas nos chegam e eu deixo que elas entrem, comecem a fazer parte. O novo acaba sendo primordial para a reciclagem, para a tal da troca que nos dê subsídios, que plante algo diferente e faça nascer sinapses infantes, que antes estavam em estado embrionário.
Estive no Udi e encontrei uma alegoria entre mulheres histéricas e verdades ditas. Na mesma hora tive vontade de retrucar e deixar lá um recado, mas achei melhor me manifestar aqui, na minha casa. Essa semana andei pensando sobre a função dos blogs...a função catártica, libertária, onde se diz o que quer e não se está preso a comentário seguinte algum, muito diferente de listas de discussão. Acho que por isso passei a gostar mais daqui...
Ana já havia me dito que esse 'bichinho' acaba viciando. Então, estou aqui, viciando-me. O problema é tentar evitar que do súbito encontro vire compulsão. Isto sinaliza para a vida dos grandes gênios da humanidade, todos com algum aspecto compulsivo. Algo que dê prazer, efeito orgástico, como chocolate. A inspiração pura, refrescante, de mostrar que estamos vivos, vivos de paixão, da paixão que nos leva a real compulsão.
Voltando a idéia das mulheres histéricas, sei não. Sou implicante para aturar histéricos, independente do sexo que tenham. E dizer a verdade, no auge da raiva ou da mágoa, ou de qualquer sentimento que nos tire dos limites da tolerância, acabam produzindo essa reação de pôr a boca no trombone, literalmente. Dessa forma, limitar a verdade a estados histéricos e dirigi-los a um aspecto feminino, a mim soou feio, muito feio. É a própria degradação da espécie. Melhor seria falar do estado histérico, o que leva as pessoas a isso, do que limitar esse efeito ao feminino. Ou ainda, expurgar seus demônios sem precisar da histeria. Uma coisa independe da outra, principalmente se for conivente com aquilo que sente. A verdade é dura, crua, melhor dita, do que engolida.
De sapos pra engolir a gente já tem muitos, não precisa de mais um. E muito menos arrumar desculpas para justificar a falta de coragem.